Pedro J. Bondaczuk
A civilização atual – que já nem pode mais ser denominada de “Judaico-cristã” e que também não é exclusivamente ocidental, dado o processo de globalização – batizada pelos historiadores de “Tecnológica”, por ter seu fulcro no desenvolvimento da alta tecnologia, está em acelerado processo de decadência. E apresenta, para a humanidade, duas alternativas: extinção ou mudança.
Abordei o assunto em dois recentes textos, em que assinalei as principais razões da inviabilidade da manutenção do atual estado de coisas. Destaquei, entre outras graves deficiências, a depredação acelerada do meio ambiente, que coloca em sério risco a própria sobrevivência humana (e a dos demais seres vivos) e as injustas e perversas relações entre povos e nações, sobretudo na distribuição das riquezas geradas pela população mundial.
Estamos chegando a um momento de impasse, em que a alternativa é mudar ou desaparecer. Temo que as mudanças não serão pacíficas, pois os privilegiados da Terra são os que detêm o poder político, econômico e, sobretudo, militar. E, com certeza, não irão “largar o osso”, sem mais e nem menos, assim, de mão beijada.
Para que fique claro, considero “civilização” sob o mesmo enfoque do ilustre sociólogo e historiador alemão, Oswald Spengler. Ou seja, como o “estado de decadência” de determinada cultura e não seu apogeu, seu mais importante estágio, como o leigo via de regra entende. É, na verdade, a fase em que ela perde sua força criadora, seu dinamismo e sua vitalidade e está prestes a ruir. Ou seja, ou está em vias de ser absorvida por uma outra cultura que tenha muito mais energia do que ela, ou, simplesmente, está ameaçada de desaparecer.
É o que ocorre com a atual civilização tecnológica. Entre os fatores principais que a inviabilizam estão o excesso de consumo e a quase exaustão das matérias-primas para a produção de bens, o que alimenta essa roda-viva. E, claro, a geração absurda e crescente de resíduos industriais, de gases pestilentos e letais, de detritos que degradam e contaminam o solo e poluem o bem mais precioso e indispensável com que contamos (logicamente, a água) o que agride a biosfera e, conseqüentemente, tende (se o processo de poluição não for detido) a ameaçar a vida.
O jornalista e escritor português, Afonso Cautela, escreveu, com muita propriedade, no texto intitulado “Recuar um passo para avançar vinte”, publicado em 22 de maio de 1971 pelo “O Século Ilustrado”, de Lisboa: “Se os excessos de consumo conduzem o presente a hipóteses de futuro bem pouco aliciantes – e várias ameaças estão pendentes sobre o pescoço da passiva humanidade – é dialeticamente irreversível a realidade nascente dos que se opõem à total destruição e pretendem, precisamente, preservar a civilização, quando, aparentemente, a estão negando, contestando, contrariando, pelo regresso a fases ditas não-civilizadas de comportamento”.
É verdade que essa reação é bastante discreta, pífia, quase imperceptível, face à realidade mundial e possivelmente já tardia. E está em mãos de pessoas muito jovens e que, por isso, não são levadas a sério. Não se vêem, por exemplo, multidões saindo às ruas, organizadas, com cartazes e slogans, para exigir que os predadores parem de destruir o Planeta. Ademais, os poucos que se preocupam, seriamente, com o atual estado de coisas, são condenados, desqualificados e ridicularizados pela maioria – acomodada, alienada e néscia –, chamados de “arruaceiros” ou rotulados com epítetos desabonadores, como o de “ecochatos”, entre tantos outros.
Cautela prossegue: “ ‘O regresso à natureza’, as comunidades rurais, os hábitos alimentares novamente frugais e simples, as relações humanas sem preconceitos e sem erotismo, uma simplificação dos atos vitais da existência e um cotidiano recuperado, são as características de uma juventude a quem o mundo urbano se tornou insuportável e intolerável e a quem o futuro está entregue, mas que o recusa reconstruir da mesma e única maneira como até agora as gerações transatas o construíram”.
E é possível a construção dessa nova utopia? Se as pessoas pensassem minimamente com lógica, se tivessem mesmo que uma consciência primária do que são e porque estão no mundo, isso não apenas estaria no terreno das possibilidades, mas ascenderia ao patamar das probabilidades. E essa nova cultura, de respeito irrestrito às leis da natureza e de um relacionamento sadio e justo, sem preconceitos ou exceções (para o bem ou para o mal) entre indivíduos, povos e nações estaria sendo implantada. Obviamente, não está!
Eu acredito, todavia, na preponderância da razão sobre os instintos. Creio que Eros irá sobrepujar, um dia (não sei quando), a tirania de Tanatos. Tenho fé na grandeza e na transcendência do homem. Confio na sua inteligência, sagacidade e capacidade de criar. são as características de uma juventude a quem o mundo urbano se tornou insuportável e intolerável e a quem o futuro está entregue, mas que o recusa reconstruir da mesma e única maneira como até agora as gerações transatas o construíram”.
E é possível a construção dessa nova utopia? Se as pessoas pensassem minimamente com lógica, se tivessem mesmo que uma consciência primária do que são e porque estão no mundo, isso não apenas estaria no terreno das possibilidades, mas ascenderia ao patamar das probabilidades. E essa nova cultura, de respeito irrestrito às leis da natureza e de um relacionamento sadio e justo, sem preconceitos ou exceções (para o bem ou para o mal) entre indivíduos, povos e nações estaria sendo implantada. Obviamente, não está!
Eu acredito, todavia, na preponderância da razão sobre os instintos. Creio que Eros irá sobrepujar, um dia (não sei quando), a tirania de Tanatos. Tenho fé na grandeza e na transcendência do homem. Confio na sua inteligência, sagacidade e capacidade de criar. Acho possível, e mais do que isso, provável, essa nova utopia salvadora, esse “recuo de um passo para avançar vinte”, nem que isso leve gerações. Só me resta, todavia, uma dúvida, uma única e sumamente inquietadora: haverá tempo para essa transformação?
A civilização atual – que já nem pode mais ser denominada de “Judaico-cristã” e que também não é exclusivamente ocidental, dado o processo de globalização – batizada pelos historiadores de “Tecnológica”, por ter seu fulcro no desenvolvimento da alta tecnologia, está em acelerado processo de decadência. E apresenta, para a humanidade, duas alternativas: extinção ou mudança.
Abordei o assunto em dois recentes textos, em que assinalei as principais razões da inviabilidade da manutenção do atual estado de coisas. Destaquei, entre outras graves deficiências, a depredação acelerada do meio ambiente, que coloca em sério risco a própria sobrevivência humana (e a dos demais seres vivos) e as injustas e perversas relações entre povos e nações, sobretudo na distribuição das riquezas geradas pela população mundial.
Estamos chegando a um momento de impasse, em que a alternativa é mudar ou desaparecer. Temo que as mudanças não serão pacíficas, pois os privilegiados da Terra são os que detêm o poder político, econômico e, sobretudo, militar. E, com certeza, não irão “largar o osso”, sem mais e nem menos, assim, de mão beijada.
Para que fique claro, considero “civilização” sob o mesmo enfoque do ilustre sociólogo e historiador alemão, Oswald Spengler. Ou seja, como o “estado de decadência” de determinada cultura e não seu apogeu, seu mais importante estágio, como o leigo via de regra entende. É, na verdade, a fase em que ela perde sua força criadora, seu dinamismo e sua vitalidade e está prestes a ruir. Ou seja, ou está em vias de ser absorvida por uma outra cultura que tenha muito mais energia do que ela, ou, simplesmente, está ameaçada de desaparecer.
É o que ocorre com a atual civilização tecnológica. Entre os fatores principais que a inviabilizam estão o excesso de consumo e a quase exaustão das matérias-primas para a produção de bens, o que alimenta essa roda-viva. E, claro, a geração absurda e crescente de resíduos industriais, de gases pestilentos e letais, de detritos que degradam e contaminam o solo e poluem o bem mais precioso e indispensável com que contamos (logicamente, a água) o que agride a biosfera e, conseqüentemente, tende (se o processo de poluição não for detido) a ameaçar a vida.
O jornalista e escritor português, Afonso Cautela, escreveu, com muita propriedade, no texto intitulado “Recuar um passo para avançar vinte”, publicado em 22 de maio de 1971 pelo “O Século Ilustrado”, de Lisboa: “Se os excessos de consumo conduzem o presente a hipóteses de futuro bem pouco aliciantes – e várias ameaças estão pendentes sobre o pescoço da passiva humanidade – é dialeticamente irreversível a realidade nascente dos que se opõem à total destruição e pretendem, precisamente, preservar a civilização, quando, aparentemente, a estão negando, contestando, contrariando, pelo regresso a fases ditas não-civilizadas de comportamento”.
É verdade que essa reação é bastante discreta, pífia, quase imperceptível, face à realidade mundial e possivelmente já tardia. E está em mãos de pessoas muito jovens e que, por isso, não são levadas a sério. Não se vêem, por exemplo, multidões saindo às ruas, organizadas, com cartazes e slogans, para exigir que os predadores parem de destruir o Planeta. Ademais, os poucos que se preocupam, seriamente, com o atual estado de coisas, são condenados, desqualificados e ridicularizados pela maioria – acomodada, alienada e néscia –, chamados de “arruaceiros” ou rotulados com epítetos desabonadores, como o de “ecochatos”, entre tantos outros.
Cautela prossegue: “ ‘O regresso à natureza’, as comunidades rurais, os hábitos alimentares novamente frugais e simples, as relações humanas sem preconceitos e sem erotismo, uma simplificação dos atos vitais da existência e um cotidiano recuperado, são as características de uma juventude a quem o mundo urbano se tornou insuportável e intolerável e a quem o futuro está entregue, mas que o recusa reconstruir da mesma e única maneira como até agora as gerações transatas o construíram”.
E é possível a construção dessa nova utopia? Se as pessoas pensassem minimamente com lógica, se tivessem mesmo que uma consciência primária do que são e porque estão no mundo, isso não apenas estaria no terreno das possibilidades, mas ascenderia ao patamar das probabilidades. E essa nova cultura, de respeito irrestrito às leis da natureza e de um relacionamento sadio e justo, sem preconceitos ou exceções (para o bem ou para o mal) entre indivíduos, povos e nações estaria sendo implantada. Obviamente, não está!
Eu acredito, todavia, na preponderância da razão sobre os instintos. Creio que Eros irá sobrepujar, um dia (não sei quando), a tirania de Tanatos. Tenho fé na grandeza e na transcendência do homem. Confio na sua inteligência, sagacidade e capacidade de criar. são as características de uma juventude a quem o mundo urbano se tornou insuportável e intolerável e a quem o futuro está entregue, mas que o recusa reconstruir da mesma e única maneira como até agora as gerações transatas o construíram”.
E é possível a construção dessa nova utopia? Se as pessoas pensassem minimamente com lógica, se tivessem mesmo que uma consciência primária do que são e porque estão no mundo, isso não apenas estaria no terreno das possibilidades, mas ascenderia ao patamar das probabilidades. E essa nova cultura, de respeito irrestrito às leis da natureza e de um relacionamento sadio e justo, sem preconceitos ou exceções (para o bem ou para o mal) entre indivíduos, povos e nações estaria sendo implantada. Obviamente, não está!
Eu acredito, todavia, na preponderância da razão sobre os instintos. Creio que Eros irá sobrepujar, um dia (não sei quando), a tirania de Tanatos. Tenho fé na grandeza e na transcendência do homem. Confio na sua inteligência, sagacidade e capacidade de criar. Acho possível, e mais do que isso, provável, essa nova utopia salvadora, esse “recuo de um passo para avançar vinte”, nem que isso leve gerações. Só me resta, todavia, uma dúvida, uma única e sumamente inquietadora: haverá tempo para essa transformação?
No comments:
Post a Comment