Saturday, August 02, 2008

Soneto do castigo


Pedro J. Bondaczuk

Fiz uma lira de barro
perfeita em sua moldura
em que toda noite esbarro
meu sonho e minha ternura.

Para torná-la sublime
ousei, tal qual Prometeu,
cometer infame crime:
roubei o canto de Orfeu.

Mas o deus, pro meu castigo,
atou-me, dentro de mim,
sem amor e sem amigo.

Feros abutres, assim,
bicarão meu “ego antigo”
por longos tempos sem fim.

(Soneto composto em São Caetano do Sul, em 21 de abril de 1964).

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