Pedro J. Bondaczuk
A pessoa amada suscita profunda metamorfose na alma, em nossos sentimentos, e até na maneira de enxergar a vida e tudo o que nos rodeia. Altera nossos conceitos estéticos e nos faz vislumbrar não apenas o aspecto externo da beleza, mas seu âmago, o interior interdito a olhos profanos.
Sua figura desperta-nos fantasias de toda sorte, algumas tão sofisticadas que sequer conseguimos expressar. Mas sentimos! Vislumbro, por exemplo, quando perco meu olhar no fundo dos seus olhos, doce amada, tudo o que amo e que me é sagrado e que, por isso, me empenho em preservar.
Vejo o céu azul da manhã, num dia de primavera, ensolarado e sem nuvens, deste país tropical que me viu nascer e que um dia acolherá meus restos mortais. Ou as noites estreladas e calmas de verão, com a alma a dançar em festa, embriagado de luz e de poesia.
Seus seios são os campos arados e férteis do meu torrão natal, com seus trigais dourados e pés de amendoins floridos, de um amarelo sutil e solar. Sua boca lembra-me as fontes cristalinas e puras, onde busco saciar (em vão) minha insaciável sede de afeto.
Minha doce amada, você é metáfora de tudo o que amo, meus pais, meus filhos, meus amigos, minha pátria. Pablo Neruda vai mais longe e vislumbra, na pessoa que ama, esse nosso continente promissor, mas ainda tão sofrido, que expressa da seguinte forma, nos versos iniciais do poema “Pequena América”: “Quando contemplo a forma/da América no mapa,/amor, é a ti quem vejo:/as alturas do cobre na cabeça,/teus peitos, trigo e neve,/a cintura delgada,/velozes rios que palpitam, doces/colinas, pradarias/e no frio do sul teus pés terminam/sua geografia de ouro duplicada”. Eu vislumbro em você mais, muito mais, vislumbro todo o universo, com seus mistérios e sua majestade.
O tempo, caprichoso, ao alterar, dia após dia, seu semblante, não consegue comprometer a beleza daquela menina-mulher de 14 anos, que me fulminou de afetos quando a vi pela primeira vez. O colorido branco que deu aos seus cabelos, por exemplo, não os enfeiou. Cobriu-os, somente, com a neve de um inverno calmo, que enfrento no abrigo aconchegante e cálido dos seus braços. Por mais que tentasse, não conseguiu, também, apagar o brilho dos seus olhos, mais intenso e profundo do que o da Alfa Centauro, que vejo a luzir no céu, em noites claras e estreladas.
E seu sorriso! Ah, o seu sorriso! Faz a minha alma bailar em festa, com a alegria infantil da criança que um dia fui e que ainda vive – posto que dissimulada, fantasiada de adulto, mas que nunca perdeu a inocência original – dentro de mim.
Conheço cada milímetro do seu corpo, que um dia explorei, deslumbrado, com encanto e sofreguidão. Agora, penetro, mansamente, em sua alma e busco extrair dali o lírio imaculado do seu afeto que você reservou (oh capricho!) só para mim.
Nosso amor, amada, passou por todas as fases possíveis e imagináveis. Foi do platônico ao delirante carnal, mas conservando todas as nuances de cada uma dessas etapas, embora desembocasse nesta amizade, nesta cumplicidade, nesta unidade atual.
Sim, querida, somos, há já bom tempo, uma só pessoa, posto que com duas silhuetas distintas e duas almas em perpétua comunhão. Seu sorriso franco e espontâneo é, cada vez mais, nestes dias de inverno da nossa existência, bálsamo infalível e mágico. Faz-me esquecer qualquer dor ou tristeza que eventualmente pretendam me atormentar. Não conseguem. Nenhuma dor ou mágoa me atingem quando você está comigo.
Seu sorriso é especial e único. Não se trata daquela risada em que os lábios se movem, mas os olhos permanecem duros e frios, a desmentirem a aparente simpatia, como se vê, amiúde, por aí. Minha doce amada, você não sorri assim. Não ri de forma espalhafatosa, em gargarejos que se ouvem à distância.
Não é riso de zombaria, e nem de crítica sem palavras. Não me humilha, mas me engrandece, me valoriza, me enfeitiça e me embevece. Não ri de mim, mas sorri para mim. Envolve-me num olhar macio e quente de ternura, impossível de ser descrito pelo mais hábil poeta. Desperta a primavera no mais rigoroso inverno e cobre de sol e calor a minha alma, nas tardes cinzentas de tempestade.
E as covinhas que se formam junto aos seus lábios, quando você sorri! São arrebatadoras!! São a mais delicada poesia, que poeta algum jamais escreveu. Por isso, amada, lhe apelo, emprestando estes versos de Pablo Neruda, com os quais o poeta chileno abre seu poema “Teu riso”: “Toma-me o pão, se queres,/tira-me o ar, porém nunca/me tires o teu sorriso.//Não me tires a rosa,/a lança que debulhas,/a água que de repente/em tua alegria estala,/essa onda repentina/de prata que te nasce”. Sei que você nunca me privará dessa dádiva!
A pessoa amada suscita profunda metamorfose na alma, em nossos sentimentos, e até na maneira de enxergar a vida e tudo o que nos rodeia. Altera nossos conceitos estéticos e nos faz vislumbrar não apenas o aspecto externo da beleza, mas seu âmago, o interior interdito a olhos profanos.
Sua figura desperta-nos fantasias de toda sorte, algumas tão sofisticadas que sequer conseguimos expressar. Mas sentimos! Vislumbro, por exemplo, quando perco meu olhar no fundo dos seus olhos, doce amada, tudo o que amo e que me é sagrado e que, por isso, me empenho em preservar.
Vejo o céu azul da manhã, num dia de primavera, ensolarado e sem nuvens, deste país tropical que me viu nascer e que um dia acolherá meus restos mortais. Ou as noites estreladas e calmas de verão, com a alma a dançar em festa, embriagado de luz e de poesia.
Seus seios são os campos arados e férteis do meu torrão natal, com seus trigais dourados e pés de amendoins floridos, de um amarelo sutil e solar. Sua boca lembra-me as fontes cristalinas e puras, onde busco saciar (em vão) minha insaciável sede de afeto.
Minha doce amada, você é metáfora de tudo o que amo, meus pais, meus filhos, meus amigos, minha pátria. Pablo Neruda vai mais longe e vislumbra, na pessoa que ama, esse nosso continente promissor, mas ainda tão sofrido, que expressa da seguinte forma, nos versos iniciais do poema “Pequena América”: “Quando contemplo a forma/da América no mapa,/amor, é a ti quem vejo:/as alturas do cobre na cabeça,/teus peitos, trigo e neve,/a cintura delgada,/velozes rios que palpitam, doces/colinas, pradarias/e no frio do sul teus pés terminam/sua geografia de ouro duplicada”. Eu vislumbro em você mais, muito mais, vislumbro todo o universo, com seus mistérios e sua majestade.
O tempo, caprichoso, ao alterar, dia após dia, seu semblante, não consegue comprometer a beleza daquela menina-mulher de 14 anos, que me fulminou de afetos quando a vi pela primeira vez. O colorido branco que deu aos seus cabelos, por exemplo, não os enfeiou. Cobriu-os, somente, com a neve de um inverno calmo, que enfrento no abrigo aconchegante e cálido dos seus braços. Por mais que tentasse, não conseguiu, também, apagar o brilho dos seus olhos, mais intenso e profundo do que o da Alfa Centauro, que vejo a luzir no céu, em noites claras e estreladas.
E seu sorriso! Ah, o seu sorriso! Faz a minha alma bailar em festa, com a alegria infantil da criança que um dia fui e que ainda vive – posto que dissimulada, fantasiada de adulto, mas que nunca perdeu a inocência original – dentro de mim.
Conheço cada milímetro do seu corpo, que um dia explorei, deslumbrado, com encanto e sofreguidão. Agora, penetro, mansamente, em sua alma e busco extrair dali o lírio imaculado do seu afeto que você reservou (oh capricho!) só para mim.
Nosso amor, amada, passou por todas as fases possíveis e imagináveis. Foi do platônico ao delirante carnal, mas conservando todas as nuances de cada uma dessas etapas, embora desembocasse nesta amizade, nesta cumplicidade, nesta unidade atual.
Sim, querida, somos, há já bom tempo, uma só pessoa, posto que com duas silhuetas distintas e duas almas em perpétua comunhão. Seu sorriso franco e espontâneo é, cada vez mais, nestes dias de inverno da nossa existência, bálsamo infalível e mágico. Faz-me esquecer qualquer dor ou tristeza que eventualmente pretendam me atormentar. Não conseguem. Nenhuma dor ou mágoa me atingem quando você está comigo.
Seu sorriso é especial e único. Não se trata daquela risada em que os lábios se movem, mas os olhos permanecem duros e frios, a desmentirem a aparente simpatia, como se vê, amiúde, por aí. Minha doce amada, você não sorri assim. Não ri de forma espalhafatosa, em gargarejos que se ouvem à distância.
Não é riso de zombaria, e nem de crítica sem palavras. Não me humilha, mas me engrandece, me valoriza, me enfeitiça e me embevece. Não ri de mim, mas sorri para mim. Envolve-me num olhar macio e quente de ternura, impossível de ser descrito pelo mais hábil poeta. Desperta a primavera no mais rigoroso inverno e cobre de sol e calor a minha alma, nas tardes cinzentas de tempestade.
E as covinhas que se formam junto aos seus lábios, quando você sorri! São arrebatadoras!! São a mais delicada poesia, que poeta algum jamais escreveu. Por isso, amada, lhe apelo, emprestando estes versos de Pablo Neruda, com os quais o poeta chileno abre seu poema “Teu riso”: “Toma-me o pão, se queres,/tira-me o ar, porém nunca/me tires o teu sorriso.//Não me tires a rosa,/a lança que debulhas,/a água que de repente/em tua alegria estala,/essa onda repentina/de prata que te nasce”. Sei que você nunca me privará dessa dádiva!
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