Tudo o que se refira ao homem, e que não seja físico, é criação dele mesmo. Explico. Antes desse animal inteligente haver desenvolvido a linguagem, para comunicar o que sabia e sentia, tinha conhecimentos e sentimentos, mas de forma caótica e inexprimível. Foi a linguagem que deu corpo à expressão do que existia dentro dele e que não tinha nome. O amor, por exemplo, recebeu essa designação, como poderia ter recebido outra qualquer. Poderia se chamar “rosa”, ou “estrela” ou “ameba”, que ainda seria o mesmo sentimento. A linguagem, portanto, é um conjunto de sons (e após a criação dos alfabetos, de signos) que só tem validade em virtude da convenção. Tudo o que falamos, ouvimos, lemos ou escrevemos não passa de um conjunto de metáforas. Octávio Paz expressa isso com mais clareza ao observar: “O homem é um ser que se criou si próprio ao criar uma linguagem. Pela palavra, o homem é uma metáfora de si mesmo”.
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