Só podemos constatar os estragos que o tempo opera em nossa aparência com o passar dos anos. Os cabelos, subitamente, ficam ralos, a pele enruga, os músculos já não respondem a ações que exijam força, os dentes cariam, a visão enfraquece, o coração não mais pulsa com a mesma eficiência e vai por aí afora. E esse é motivo para preocupação? Entendo que não! Se fisicamente declinamos, se o rosto murcha e o vigor decai, temos a compensação de nos ser dado esse patrimônio precioso, que se bem-aproveitado, nos torna especiais: a experiência. Para quem sabe conviver harmoniosamente com o tempo, e não luta contra ele, o acúmulo de anos serve, na verdade, como disfarce. Altera a aparência, é certo, mas dá, em troca, a chave da sabedoria. Paulo Mendes Campos escreve, no poema “Sentimento do tempo”: “Não sabia que o tempo cava na face/um caminho escuro onde a formiga passe/lutando com a folha./O tempo é meu disfarce”.
No comments:
Post a Comment