Saturday, January 12, 2008

O Limbo


Limbo das emoções,
vazia neutralidade,
sentimentos assépticos,
cômodo anonimato.

A noite,
com olhar de estrelas
é perita em sedução.

A noite,
prostituta devassa,
em leito de plumas negras,
parece miragem.

A noite,
com gritos de angústia,
é monstro que assombra.

A noite
é estrada sem fim
pontilhada de
negra magia.

Não quero olhares de estrela,
ilusões e fantasias que
enganem as emoções.

Não quero leito de plumas,
prostitutas sedutoras
que se desfaçam na bruma.

Não quero gritos de angústia
que habitem a memória,
coral de sombras e fantasmas.

Não quero estradas de fogo,
queimando os pés descalços,
que conduzam à perdição.

Não aceito convites da noite,
falsa e esquiva megera.

Só quero o limbo,
confortável e
familiar, das
ilusões presentes
e saudades atenuadas.

(Poema composto em Campinas, em 24 de junho de 1974).

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