Pedro J. Bondaczuk
A vida real costuma superar, em muito, a ficção, em dramaticidade (ou em comicidade, em alguns casos), com as situações intrincadas que nos apresenta, quando menos esperamos. Tempos atrás, determinado canal de televisão exibiu um filme, não me recordo qual era o seu nome, numa dessas sessões da madrugada, narrando a história de um pai que tendo um filho com uma doença incurável, internado num hospital, raptou o garoto para que este morresse, cumprindo um desejo que havia manifestado antes: andando num cavalinho de madeira de um carrossel de um parque de diversões.
O homem não teve dúvidas. Ao pressentir que a criança estava morrendo, foi ao referido centro hospitalar, burlou a vigilância dos responsáveis por sua guarda, e levou o menino consigo, para realizar a sua última fantasia infantil. Pois bem, em junho de 1989, em Nova York, aconteceu fato muito parecido, só que este na vida real. David Pagan retirou o filho, Darian, de apenas 5 anos, de um hospital de tratamento de câncer em Manhattan, distrito de Nova York e a polícia presumia que tivesse levado o menor a Orlando, na Flórida, para conhecer a Disney World.
Foi emitido um alerta nacional para que o garotinho (para o qual os médicos haviam dado somente três meses de vida) fosse encontrado e pudesse voltar ao leito hospitalar para tratamento. Não sei se foi. Tomara que não. Eu afirmei e reafirmei, em inúmeras oportunidades, que sou visceralmente contrário à prática da eutanásia. Ou seja, à abreviação da vida (ou antecipação da morte, como queiram) de um ser humano, dito incurável, já que a missão de um médico é a de salvar vidas e jamais suprimir ou contribuir para a sua supressão.
Neste caso, porém, não se trata, no meu entender, dessa prática. O garotinho, mesmo desenganado, foi internado no hospital por ordem da Justiça. Como se a alguém fosse dado o direito de tomar uma decisão de tamanha importância, num assunto que em absoluto não lhe diga respeito (sequer indiretamente). Caso houvesse a mais remota possibilidade de cura, ainda assim os pais de Darian deveriam ser convencidos da necessidade do tratamento, mas jamais obrigados a nada. Mesmo assim, a polícia admitiu que no caso de Darian não se caracterizou o delito de seqüestro. Estava na cara que não!
O pai, zeloso (talvez sentindo sua fé num “milagre” vacilar) resolveu atender o último desejo do filho que tanto amava: tornar os momentos finais de vida da criança repletos de fantasias e de sonhos, longe da assustadora aparelhagem e do ar sombrio e impessoal de um hospital. Quis ver, talvez pela última vez, um sorriso inocente e franco nos lábios de Darian, certamente para imprimir vigorosamente em sua memória essa imagem que com o tempo (que tudo consome, inclusive mágoas e dramas) certamente se tornaria uma lembrança reconfortante, e não uma fonte de angústias.
Como se vê, a vida tende a deixar para trás, muito para trás, a mais febril das fantasias dos mais férteis e criativos dramaturgos, com as surpresas que nos reserva em nosso cotidiano.
A vida real costuma superar, em muito, a ficção, em dramaticidade (ou em comicidade, em alguns casos), com as situações intrincadas que nos apresenta, quando menos esperamos. Tempos atrás, determinado canal de televisão exibiu um filme, não me recordo qual era o seu nome, numa dessas sessões da madrugada, narrando a história de um pai que tendo um filho com uma doença incurável, internado num hospital, raptou o garoto para que este morresse, cumprindo um desejo que havia manifestado antes: andando num cavalinho de madeira de um carrossel de um parque de diversões.
O homem não teve dúvidas. Ao pressentir que a criança estava morrendo, foi ao referido centro hospitalar, burlou a vigilância dos responsáveis por sua guarda, e levou o menino consigo, para realizar a sua última fantasia infantil. Pois bem, em junho de 1989, em Nova York, aconteceu fato muito parecido, só que este na vida real. David Pagan retirou o filho, Darian, de apenas 5 anos, de um hospital de tratamento de câncer em Manhattan, distrito de Nova York e a polícia presumia que tivesse levado o menor a Orlando, na Flórida, para conhecer a Disney World.
Foi emitido um alerta nacional para que o garotinho (para o qual os médicos haviam dado somente três meses de vida) fosse encontrado e pudesse voltar ao leito hospitalar para tratamento. Não sei se foi. Tomara que não. Eu afirmei e reafirmei, em inúmeras oportunidades, que sou visceralmente contrário à prática da eutanásia. Ou seja, à abreviação da vida (ou antecipação da morte, como queiram) de um ser humano, dito incurável, já que a missão de um médico é a de salvar vidas e jamais suprimir ou contribuir para a sua supressão.
Neste caso, porém, não se trata, no meu entender, dessa prática. O garotinho, mesmo desenganado, foi internado no hospital por ordem da Justiça. Como se a alguém fosse dado o direito de tomar uma decisão de tamanha importância, num assunto que em absoluto não lhe diga respeito (sequer indiretamente). Caso houvesse a mais remota possibilidade de cura, ainda assim os pais de Darian deveriam ser convencidos da necessidade do tratamento, mas jamais obrigados a nada. Mesmo assim, a polícia admitiu que no caso de Darian não se caracterizou o delito de seqüestro. Estava na cara que não!
O pai, zeloso (talvez sentindo sua fé num “milagre” vacilar) resolveu atender o último desejo do filho que tanto amava: tornar os momentos finais de vida da criança repletos de fantasias e de sonhos, longe da assustadora aparelhagem e do ar sombrio e impessoal de um hospital. Quis ver, talvez pela última vez, um sorriso inocente e franco nos lábios de Darian, certamente para imprimir vigorosamente em sua memória essa imagem que com o tempo (que tudo consome, inclusive mágoas e dramas) certamente se tornaria uma lembrança reconfortante, e não uma fonte de angústias.
Como se vê, a vida tende a deixar para trás, muito para trás, a mais febril das fantasias dos mais férteis e criativos dramaturgos, com as surpresas que nos reserva em nosso cotidiano.
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