Pedro J. Bondaczuk
Os jornais e a televisão noticiaram, em fins de fevereiro de 1993, o caso da menina amazonense Danielle de Paula Alcântara, então com 16 anos, internada pela tia, Raimunda Alcântara, numa instituição psiquiátrica, para que fosse considerada, legalmente, incapaz, tão logo completasse 21 anos, oportunidade em que deveria assumir a direção das empresas do avô paterno, o milionário Marcelino Alcântara, dono de oito empreendimentos ligados a frigoríficos e entrepostos no Amazonas.
A adolescente viveu, por cinco intermináveis dias, situação semelhante à da personagem Simone, da novela “De corpo e alma”, da Rede Globo. A diferença é que desta vez houve uma inversão no que, em geral, ocorre, e foi a realidade que “imitou” a arte.
Esse tipo de coisa é possível de ocorrer, principalmente em virtude do preconceito que há em relação às pessoas que sofrem qualquer tipo de distúrbio mental, mesmo que passageiro. Isto é estranho, porquanto, salvo casos extremos, quando a doença está bem caracterizada, os diagnósticos continuam a ser bastante subjetivos.
A verdade é que a mente humana, sadia ou insana, ainda é um mistério para a ciência, tanto quanto a maldade, por exemplo. Machado de Assis escreveu um romance magistral a respeito, “O Alienista”, em que, com sua genialidade, ironiza, sutilmente, esse tipo de situação.
No final da sua história, o leitor conclui que na “Casa Verde”, onde pretensos doentes mentais eram estudados por um teimoso pesquisador, eram todos sadios. Aliás, eram os únicos sãos naquela cidade. Insanos eram os que estavam fora da instituição.
Às vezes, face às notícias que lemos nos jornais ou assistimos na televisão, nossa conclusão, em relação ao mundo – ou pelo menos ao Brasil – é a mesma. Ou seja, que os oligofrênicos, esquizofrênicos, hebefrênicos (loucura na puberdade) ou portadores de outras formas quaisquer de desequilíbrios da mente, estão à solta nas ruas das cidades e não confinados em clínicas ou em manicômios.
A falta de lógica e de senso comum, que se vê por aí, levou um médico mineiro a desabafar: “Em cada sete pessoas, seis são loucas e uma pensa que não é”. A extinta revista “Realidade”, numa reportagem muito bem-apurada sobre doenças mentais, dá uma indicação do que significa, socialmente, alguém ser considerado insano (mesmo, ou principalmente, se não for).
Constata, em determinado trecho: “A marginalização e a negação da condição humana ao doente mental pode ser interpretada como uma forma apenas disfarçada de a sociedade ‘eliminar’ aqueles que não deseja. Muitos são recuperados nos hospitais, recebem permissão para procurar trabalho e voltar a conviver com a família. Mas a maioria deles sofre triste experiência lá fora e volta aos hospitais: a família se reorganizou sem eles, não há mais lugar onde possam ficar, ninguém lhes dá emprego”.
São os que têm morte social decretada por seus semelhantes, muitas vezes por razões escusas, como no caso de Danielle, embora vivam, fisicamente. Se isso já é trágico para os verdadeiramente insanos, imaginem o que significa para alguém sadio, que receba esse rótulo!
Por isso, não se pode deixar de dar razão ao poeta T. S. Eliot, quando desabafa, num verso: “Não há cabeça que suporte tanta realidade!”. Contudo, como a alienação é tida e havida como sintoma de loucura, é melhor que a suportemos....Senão...
Os jornais e a televisão noticiaram, em fins de fevereiro de 1993, o caso da menina amazonense Danielle de Paula Alcântara, então com 16 anos, internada pela tia, Raimunda Alcântara, numa instituição psiquiátrica, para que fosse considerada, legalmente, incapaz, tão logo completasse 21 anos, oportunidade em que deveria assumir a direção das empresas do avô paterno, o milionário Marcelino Alcântara, dono de oito empreendimentos ligados a frigoríficos e entrepostos no Amazonas.
A adolescente viveu, por cinco intermináveis dias, situação semelhante à da personagem Simone, da novela “De corpo e alma”, da Rede Globo. A diferença é que desta vez houve uma inversão no que, em geral, ocorre, e foi a realidade que “imitou” a arte.
Esse tipo de coisa é possível de ocorrer, principalmente em virtude do preconceito que há em relação às pessoas que sofrem qualquer tipo de distúrbio mental, mesmo que passageiro. Isto é estranho, porquanto, salvo casos extremos, quando a doença está bem caracterizada, os diagnósticos continuam a ser bastante subjetivos.
A verdade é que a mente humana, sadia ou insana, ainda é um mistério para a ciência, tanto quanto a maldade, por exemplo. Machado de Assis escreveu um romance magistral a respeito, “O Alienista”, em que, com sua genialidade, ironiza, sutilmente, esse tipo de situação.
No final da sua história, o leitor conclui que na “Casa Verde”, onde pretensos doentes mentais eram estudados por um teimoso pesquisador, eram todos sadios. Aliás, eram os únicos sãos naquela cidade. Insanos eram os que estavam fora da instituição.
Às vezes, face às notícias que lemos nos jornais ou assistimos na televisão, nossa conclusão, em relação ao mundo – ou pelo menos ao Brasil – é a mesma. Ou seja, que os oligofrênicos, esquizofrênicos, hebefrênicos (loucura na puberdade) ou portadores de outras formas quaisquer de desequilíbrios da mente, estão à solta nas ruas das cidades e não confinados em clínicas ou em manicômios.
A falta de lógica e de senso comum, que se vê por aí, levou um médico mineiro a desabafar: “Em cada sete pessoas, seis são loucas e uma pensa que não é”. A extinta revista “Realidade”, numa reportagem muito bem-apurada sobre doenças mentais, dá uma indicação do que significa, socialmente, alguém ser considerado insano (mesmo, ou principalmente, se não for).
Constata, em determinado trecho: “A marginalização e a negação da condição humana ao doente mental pode ser interpretada como uma forma apenas disfarçada de a sociedade ‘eliminar’ aqueles que não deseja. Muitos são recuperados nos hospitais, recebem permissão para procurar trabalho e voltar a conviver com a família. Mas a maioria deles sofre triste experiência lá fora e volta aos hospitais: a família se reorganizou sem eles, não há mais lugar onde possam ficar, ninguém lhes dá emprego”.
São os que têm morte social decretada por seus semelhantes, muitas vezes por razões escusas, como no caso de Danielle, embora vivam, fisicamente. Se isso já é trágico para os verdadeiramente insanos, imaginem o que significa para alguém sadio, que receba esse rótulo!
Por isso, não se pode deixar de dar razão ao poeta T. S. Eliot, quando desabafa, num verso: “Não há cabeça que suporte tanta realidade!”. Contudo, como a alienação é tida e havida como sintoma de loucura, é melhor que a suportemos....Senão...
2 comments:
Oi, sou eu a própria Danielle dpois de um tempo ... quero só explicar uma coisa na verdade achavam q eu era viciada em drogas ..... só p q era muuuuito expansiva e extrivertida ... bom , como diz rita toda pessoa q é genial nunca é drescrita como normal.....querendo se comunicar comigo me e-mail é danielle_de_paula@hotmail.com
Sou o filho da Danielle!
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