Saturday, November 10, 2007

Velho capitão


Pedro J. Bondaczuk

Capcioso capitão, imprudente e audaz,
comando o indestrutível navio
dos meus desejos
pelos inexplorados oceanos do seu corpo.

Argonauta ousado, velho lobo do mar
saio, em meio a vendavais e tormentas,
em busca do cobiçado tosão de ouro
dos seus beijos, de néctar e de mel.

Desafio ondas e borrascas, deuses e heróis,
combato anjos e demônios,
impérios e potestades,
horas a fio, todas as noites,
até o romper da aurora.

O indescritível brilho dos seus olhos,
incríveis faróis a devassar a escuridão,
chega a ofuscar as mais brilhantes estrelas,
mas guiam meus dedos ágeis
por incógnitas e insuspeitadas enseadas.

Suas mãos (ah! Suas mãos!)
curiosas e perscrutadoras,
conhecem todos os segredos
(mesmo os que sequer atino)
com precisão cirúrgica
do meu corpo, ávido, sequioso,
com fome, eternamente faminto
do seu imantado toque.

,E o aroma?! Ah, o perfume,
a fragrância embriagadora
e sutil de almíscar, de sândalo e rosas
que se desprende do mágico oceano,
misterioso e benigno, do seu corpo!
Faz-me desesperadamente febril,
ansioso, envolvido, louco de desejos,
sedento de intermináveis beijos,
ávido por ininterruptos gozos.

Piedade, Senhor, por
este impenitente capitão,
que ousou desvendar
o sacrário do mistério!

Piedade, amor, por
este incauto navegador
que apenas anseia aportar
no bonançoso e seguro porto
dos seus acolhedores, ansiados,
místicos e mágicos braços!

Piedade para com este ímpio pecador,
este velho e imprudente capitão
do indestrutível navio dos desejos,
que há tanto tempo ousa navegar
para se redimir e gozar do seu amor!

(Poema composto em Campinas, em 8 de novembro de 2007).

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