Saturday, November 03, 2007

Saudade-vagalume


Pedro J. Bondaczuk

Saudade vagalume vagabundo,
pisca-piscando reflexos,
reverberos, discretos fantasmas
do ontem, transfigurado,
em meu tormentoso presente.

Saudade, efêmero troféu
das batalhas que travei sozinho,
de inglórias refregas perdidas,
de esmaecidas ilusões sem nexo,
daquilo que o Tempo deixou para trás.

Zé Gordo e seus ditos chistosos.
Nair, cálida esperança
que um dia teve o ocaso.
Os versos que planejei
mas a memória extinguiu.
Minha megalomania,
que afinal se apequenou.
Gostosas lembranças,
inolvidados amigos,
efêmeras amadas,
versos natimortos,
meus sentimentos,
minha autoprocura,
estrelas do firmamento,
tremeluzentes,
fantasmas, meus fantasmas
de um outro "EU",
vagalumes-saudades
da negra noite sem fim...


(Poema publicado no "Jornal de Paulínia", em 24 de dezembro de 1977).

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