Wednesday, March 19, 2008

Pena de morte em Roma - III


Pedro J. Bondaczuk

(CONTINUAÇÃO)

Forma de execução

Todos os quadros, retratando a crucificação de Jesus Cristo, baseados apenas em relatos bíblicos, mostram-no com as mãos e os pés pregados por cravos. Pesquisas recentes, no entanto, baseadas no ossário descoberto em Jerusalém em 1968, comprovam que a execução não se dava assim.
Às vezes, e muito raramente, os pés eram de fato perfurados. Mas não com apenas um único cravo. Em geral, o condenado era amarrado com cordas à cruz. Isto, até por um motivo prático: para que esse instrumento de execução e de suplício pudesse servir para novas execuções.
A madeira utilizada era o “tirene”, um tanto frágil e que rachava com facilidade. Os executores tinham que preservar o madeiro ao máximo. Afinal, essa preservação era importante numa região que dispunha de poucas árvores. E as raras que existiam eram destinadas a finalidades mais nobres.
Os ossos encontrados há vinte anos, após serem submetidos a análises, demonstraram pertencer a um homem de 1,60 m de altura, com idade entre 25 e 30 anos quando morreu. Junto à sua ossada, foi encontrado um cravo enferrujado. Ele havia sido pregado no pé direito do crucificado, conforme revelaram as marcas que deixou. O esquerdo, a exemplo dos braços, havia sido amarrado com cordas.
O nome do executado era Yehohanan, ou Jonatan. Os que eram submetidos ao castigo na cruz morriam por sufocação. Os músculos do abdômen não conseguiam se movimentar, por estarem totalmente distendidos, para a respiração do sentenciado.
O desfecho fatal não era, em geral, demorado. Um homem em ótimo estado de saúde poderia, quando muito, sobreviver um dia inteiro. Em geral, os condenados morriam em questão de horas. Os braços não poderiam ser presos por cordas, como mostram as telas dos grandes artistas que retrataram a crucificação de Cristo, por não ser possível que a musculatura das mãos sustentasse dessa forma o peso do corpo de um adulto. Haveria uma ruptura deles e o crucificado, fatalmente, cairia.

(CONTINUA)

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