O criador espiritual, ou seja, o que lida com idéias e princípios, é um ser privilegiado. Tem condições de ser produtivo independente da sua idade. Aliás, como o bom vinho, torna-se melhor quanto mais tempo viver. O mesmo já não ocorre, por exemplo, com o cientista, que precisa contar com um laboratório, ou com uma cátedra, para fazer o que mais sabe e gosta. Depende, pois, de outros. Muito pior, ainda, é a situação do trabalhador braçal, que só conta com a força física para produzir. Após certa idade, é discriminado pelo mercado de trabalho e fica à mercê das eventuais economias que tenha feito, ou de alguma aposentadoria, em geral ínfima, ou, o que é mais humilhante e complicado, da caridade e boa-vontade dos parentes, para sobreviver. O escritor Sandor Marai afirma a respeito: “O criador espiritual é o único homem que leva para a velhice o sentido da vida, a possibilidade de criar. Já o cientista, se não tem laboratório e cátedra, fica estéril”.
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