Friday, February 01, 2008

Por um objetivo


Pedro J. Bondaczuk


A absoluta maioria das pessoas, dos mais de 6,5 bilhões que habitam, atualmente, o Planeta, vive, mas sequer sabe porque. Despende o melhor de suas energias, quer físicas, quer mentais, em busca de miragens, de fantasias, de ilusões, do que muitos chamam de “riqueza”.
Esta mensagem, divulgada há algum tempo na internet pelo Greenpeace, deveria ser objeto de reflexão diária de cada um de nós. Nos repõe à realidade e nos alerta para os riscos que as nossas ações nos expõem, para a possibilidade real e cada vez mais presente de um futuro horroroso, quer no aspecto individual, quer (e principalmente) no coletivo.
Diz, o referido texto: “Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come”. Será preciso chegarmos a tanto para compreendermos o que, de fato, é importante? Tudo indica, desgraçadamente, que sim!
O que torna o ser humano grande e poderoso não são suas eventuais habilidades físicas, por maiores que elas possam ser. É o incomensurável poder da sua mente, cujo potencial não tem limites, se o indivíduo se dispuser a usar, sempre, essa “ferramenta” que o diferencia dos demais seres viventes, com eficácia, competência e constância.
Foi ela que possibilitou o desenvolvimento das artes, da ciência, da tecnologia e de tudo o quanto de belo, grandioso e espetacular a espécie já construiu. Ela, pois, é que deve ser, permanente e incansavelmente cultivada e não a fugaz beleza do corpo que o tempo corrompe e enfeia ou a passageira força física que uma simples gripe ou eventual infecção deterioram e aniquilam.
A esmagadora maioria das pessoas não tem essa consciência. Teima em buscar o supérfluo e a não fazer conta do essencial. Trata-se de um aprendizado que vai demandar não alguns parcos anos, mas séculos, milênios e gerações. Haverá, todavia, tempo para isso? Tudo indica que não! A Terra está chegando ao seu limite de tolerância de maus-tratos e depredações que lhe infligimos. E, nesse ritmo...
Todo o conhecimento que adquirimos só tem lógica e razão de ser quando revertido em favor da preservação e evolução da espécie. A pessoa apenas se realiza e justifica sua existência quando vive em função do próximo, do grupo, da coletividade.
É o único caminho que há para a auto-realização e a obtenção desse conceito, um tanto vago, porém concreto (posto que cada um o interprete à sua maneira), que denominamos de “felicidade”. Leon Tolstoi constatou, em “Guerra e Paz”, que “todo o conhecimento é apenas adaptação da essência da vida às leis da razão”.
O egoísmo, portanto, é o maior exercício de burrice e de inutilidade que alguém pode praticar. Servir é ter poder, ao contrário do que ser servido, que significa dependência, fraqueza, sujeição. Infelizmente, porém, não é esse o entendimento geral.
Passamos a vida em busca de reconhecimento por aquilo que fazemos, achando, invariavelmente, que somos credores dos que nos cercam (da família, dos amigos, da sociedade), nos esquecendo da nossa imensa dependência dos outros. Mas será que nossas obras têm, de fato, o elevado valor que lhes atribuímos? Não há como saber sem que haja dúvidas ou contestações.
Só o tempo, o implacável tempo haverá de determinar se o que fizemos foi valioso ou não. Nesse aspecto, concordo com o escritor francês, Gustave Flaubert, quando afirma: “A menos que se seja um cretino, morre-se sempre na completa incerteza de seu próprio valor e do valor da sua obra”.
Compete-nos criar, construir, elaborar, com competência, diligência, assiduidade e autodisciplina. Quanto aos resultados...Jamais saberemos com certeza se fomos competentes ou se nos limitamos a malbaratar a vida, em troca de nada ou quase nada. Mas isso importa? Esse é o risco que corremos por sermos criadores. Todavia, sempre vale a pena nosso empenho em favor da coletividade, mesmo que não nos convençamos jamais disso...

1 comment:

marmoraes said...

Concordamos de forma plena com seu artigo.
Demonstrou não só que domina o assunto assim como inseriu sensibilidade - atributo raro, hoje.