Saturday, February 23, 2008

O mestre da vida


Pedro J. Bondaczuk


O tempo é mestre, inflexível, diligente,
que cria, mas depois destrói, ilusões,
ensina, peremptória e severamente
conduta e toda a sorte de lições.

Grava, a ferro e fogo, seus ensinamentos,
tanto a má conduta, quanto a meritória
(ora com alegrias, ora tormentos)
em nossa carne, gestos, olhos, memória.

Enfatiza a importância do agora,
distingue o supérfluo do profundo,
nos induz a valorizar cada hora
e cada tic-tac de um mísero segundo.

Pouco importam as alegrias passadas,
perdidas em algum instante ou lugar,
e nem as frustrações não equacionadas
e sequer as chances perdidas de amar.

São passado, como páginas já lidas,
folhas escritas de um caderno de rascunho
são emoções já sentidas, exauridas,
bilhetes não enviados de próprio punho.

E sequer importa a aurora do amanhã,
por mais que se planeje ou que se trabalhe,
o futuro desperta esperança vã
pois é embrião de um tempo sem detalhe.

Tão só o presente
é vivo, dinâmico,
(é força atuante)
ativo, mecânico.

Tão só o presente
é vivo, real,
é força atuante
pro bem ou pro mal.

Pois o mestre tempo,
que a todos limita
e traça um destino,
na mente, na carne,
na minha atitude,
nos gestos, nos olhos
e nas emoções
ensina, inflexível,
valiosas lições!


(Poema composto em Campinas, em 9 de novembro de 1974).

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