Pedro J. Bondaczuk
O escritor alemão, Bertholt Brecht, escreveu, certa ocasião: “Há homens que lutam um dia e são bons. Há homens que lutam um ano e são muito bons. Há homens que lutam muitos anos e são melhores. Mas há os que lutam toda a vida: esses são imprescindíveis”. É isto o que se pode dizer, sem tirar e nem pôr, desse mestre incansável e batalhador; desse intelectual criativo e produtivo; desse historiador meticuloso e preciso; desse amante das letras e das artes; desse emérito semeador de talentos e de ideais, que acaba de nos deixar. Refiro-me ao ilustre acadêmico e companheiro de sonhos e ideais, o professor Odilon Nogueira de Matos.
É tarefa de gigante escrever sobre uma figura de tamanho porte, de tantas e tamanhas realizações, sem omitir nenhuma delas. Afinal, foram 91 anos de uma vida muito bem vivida (faria 92 anos em 5 de maio próximo), de intensa participação cultural em Campinas, no Estado de São Paulo e no Brasil. Para que o leitor tenha uma pálida idéia dessa dificuldade, um ano antes de eu nascer (em 1942), Odilon Nogueira de Matos já iniciava sua profícua carreira no magistério, educando gerações e mais gerações.
Que privilégio, o meu, de poder privar da ilustre companhia desse mestre na Academia Campinense de Letras, nos últimos 16 anos! Quanta lição de vida, quantos exemplos de dedicação e de simplicidade, quantos ensinamentos pude usufruir desse convívio! Leitura alguma, curso nenhum, nenhuma outra experiência poderiam me proporcionar tanto!
Odilon era membro da Academia Paulista de Letras, onde ocupava a cadeira de nº 22, que já foi do campineiro Guilherme de Almeida, o “Príncipe dos Poetas” brasileiros. Integrou, também, a Academia Paulista de História, a Academia Paulista de Educação, a Academia Paulista de Jornalismo, a Academia Campinense de Letras e a Academia Sul-Riograndense de Letras. Legou-nos vastíssima obra, em que se destacam: “Capítulos da História Colonial de Campinas”, “Música e Espiritualidade”, “Evolução urbana de São Paulo” (em colaboração com Raul de Andrada e Silva e Pasquale Petrone) e “Café e Ferrovia”, entre outras.
Eleito para a Academia Campinense de Letras em 22 de outubro de 1973, integrou, desde 1974, quase todas as diretorias da instituição, chegando, inclusive, a presidi-la. E com tantas atividades, sempre foi um membro assíduo, ativo e participante. Em minhas onze preleções como acadêmico, o professor Odilon honrou-me com a sua ilustre presença em absolutamente todas. E como eu ficava orgulhoso ao olhar para a cadeira número 5, da qual ele era o titular, e vê-lo ali, sentado, prestando a máxima atenção às minhas pobres palavras!
Uma de suas maiores realizações, contudo, foi a coordenação e edição, por quase 40 anos consecutivos (o primeiro número circulou em 1969), da publicação “Notícia Bibliográfica e Histórica”. A partir de 1984 (portanto, oito anos antes de eu me tornar membro da Academia), passou a enviar-me, bimestralmente, os exemplares desse rico manancial de pesquisa, sem falhar nenhum número nos últimos 24 anos! Quanta generosidade, quanto carinho, quanta gentileza!
Odilon amava a vida no que ela tem de mais nobre e requintado, como a música, por exemplo. Dizem, seus alunos, que todos os domingos, sem falta, por mais de meio século, ouvia as obras de Johann Sebastian Bach. E, mais admirável ainda, todos os santos dias, logo ao amanhecer, deliciava-se com alguma composição de Mozart. Isso é que é bom gosto e o que os franceses classificam de “savoir vivre”!
Em um brilhante texto, publicado na Antologia da Academia Campinense de Letras (de maio de 2001 a maio de 2006), Odilon escreve: “Certa vez, em que reclamávamos a um colega de outro Estado do pouco que em São Paulo se estuda a história paulista, perguntou-nos ele: para que vocês querem estudar a história de São Paulo se ela é a própria História do Brasil? E o destino histórico vem, de fato, dar razão ao nosso colega, enchendo-nos de orgulho. Mas, antes do orgulho, deve encher-nos de responsabilidade”.
Parodiando as palavras do mestre, nós, acadêmicos, que tivemos a grande honra de privar da sua ilustre companhia por tantos anos, estamos cheios de orgulho por tamanho privilégio. “Mas, antes do orgulho”, isso “deve encher-nos de responsabilidade” de preservar a sua memória. Porquanto, voltando às palavras de Bertholt Brecht, o professor Odilon Nogueira de Matos lutou toda a vida. É, pois, mais que bom e mais que muito bom: é um homem imprescindível, cuja lacuna jamais será preenchida!!!
O escritor alemão, Bertholt Brecht, escreveu, certa ocasião: “Há homens que lutam um dia e são bons. Há homens que lutam um ano e são muito bons. Há homens que lutam muitos anos e são melhores. Mas há os que lutam toda a vida: esses são imprescindíveis”. É isto o que se pode dizer, sem tirar e nem pôr, desse mestre incansável e batalhador; desse intelectual criativo e produtivo; desse historiador meticuloso e preciso; desse amante das letras e das artes; desse emérito semeador de talentos e de ideais, que acaba de nos deixar. Refiro-me ao ilustre acadêmico e companheiro de sonhos e ideais, o professor Odilon Nogueira de Matos.
É tarefa de gigante escrever sobre uma figura de tamanho porte, de tantas e tamanhas realizações, sem omitir nenhuma delas. Afinal, foram 91 anos de uma vida muito bem vivida (faria 92 anos em 5 de maio próximo), de intensa participação cultural em Campinas, no Estado de São Paulo e no Brasil. Para que o leitor tenha uma pálida idéia dessa dificuldade, um ano antes de eu nascer (em 1942), Odilon Nogueira de Matos já iniciava sua profícua carreira no magistério, educando gerações e mais gerações.
Que privilégio, o meu, de poder privar da ilustre companhia desse mestre na Academia Campinense de Letras, nos últimos 16 anos! Quanta lição de vida, quantos exemplos de dedicação e de simplicidade, quantos ensinamentos pude usufruir desse convívio! Leitura alguma, curso nenhum, nenhuma outra experiência poderiam me proporcionar tanto!
Odilon era membro da Academia Paulista de Letras, onde ocupava a cadeira de nº 22, que já foi do campineiro Guilherme de Almeida, o “Príncipe dos Poetas” brasileiros. Integrou, também, a Academia Paulista de História, a Academia Paulista de Educação, a Academia Paulista de Jornalismo, a Academia Campinense de Letras e a Academia Sul-Riograndense de Letras. Legou-nos vastíssima obra, em que se destacam: “Capítulos da História Colonial de Campinas”, “Música e Espiritualidade”, “Evolução urbana de São Paulo” (em colaboração com Raul de Andrada e Silva e Pasquale Petrone) e “Café e Ferrovia”, entre outras.
Eleito para a Academia Campinense de Letras em 22 de outubro de 1973, integrou, desde 1974, quase todas as diretorias da instituição, chegando, inclusive, a presidi-la. E com tantas atividades, sempre foi um membro assíduo, ativo e participante. Em minhas onze preleções como acadêmico, o professor Odilon honrou-me com a sua ilustre presença em absolutamente todas. E como eu ficava orgulhoso ao olhar para a cadeira número 5, da qual ele era o titular, e vê-lo ali, sentado, prestando a máxima atenção às minhas pobres palavras!
Uma de suas maiores realizações, contudo, foi a coordenação e edição, por quase 40 anos consecutivos (o primeiro número circulou em 1969), da publicação “Notícia Bibliográfica e Histórica”. A partir de 1984 (portanto, oito anos antes de eu me tornar membro da Academia), passou a enviar-me, bimestralmente, os exemplares desse rico manancial de pesquisa, sem falhar nenhum número nos últimos 24 anos! Quanta generosidade, quanto carinho, quanta gentileza!
Odilon amava a vida no que ela tem de mais nobre e requintado, como a música, por exemplo. Dizem, seus alunos, que todos os domingos, sem falta, por mais de meio século, ouvia as obras de Johann Sebastian Bach. E, mais admirável ainda, todos os santos dias, logo ao amanhecer, deliciava-se com alguma composição de Mozart. Isso é que é bom gosto e o que os franceses classificam de “savoir vivre”!
Em um brilhante texto, publicado na Antologia da Academia Campinense de Letras (de maio de 2001 a maio de 2006), Odilon escreve: “Certa vez, em que reclamávamos a um colega de outro Estado do pouco que em São Paulo se estuda a história paulista, perguntou-nos ele: para que vocês querem estudar a história de São Paulo se ela é a própria História do Brasil? E o destino histórico vem, de fato, dar razão ao nosso colega, enchendo-nos de orgulho. Mas, antes do orgulho, deve encher-nos de responsabilidade”.
Parodiando as palavras do mestre, nós, acadêmicos, que tivemos a grande honra de privar da sua ilustre companhia por tantos anos, estamos cheios de orgulho por tamanho privilégio. “Mas, antes do orgulho”, isso “deve encher-nos de responsabilidade” de preservar a sua memória. Porquanto, voltando às palavras de Bertholt Brecht, o professor Odilon Nogueira de Matos lutou toda a vida. É, pois, mais que bom e mais que muito bom: é um homem imprescindível, cuja lacuna jamais será preenchida!!!
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