Desfecho não teria sido diferente
Pedro J. Bondaczuk
“A humanidade certamente mataria Jesus Cristo de novo caso este voltasse à Terra nos dias atuais”. Esta é a mensagem passada pelo escritor russo, Fedor Dostoievski, num magistral monólogo de um de seus personagens do livro “Os Irmãos Karamazov” , em que relata um hipotético encontro do Messias com um inquisidor espanhol.
O romancista externou essa opinião no século passado. Não com estas exatas palavras, evidentemente, mas deixou isso implícito. Hoje, essa possibilidade seria muito mais certa do que no seu tempo. Aliás, o Salvador da humanidade tem sido morto diariamente nos milhares de campos de refugiados espalhados por este atormentado Planeta. Na infinidade de favelas que cercam as grandes metrópoles, em especial do Terceiro Mundo. Nas masmorras nauseabundas, onde sádicos sem cérebro e nem emoções, torturam seres humanos, apenas por causa de suas convicções.
Quantas das cerca de 900 milhões de pessoas que se dizem cristãs seriam capazes de salvar Cristo de ser levado perante tribunais, que se dizem de Justiça, mas que decidem, invariavelmente, de maneira injusta, em detrimento dos humildes?
Quantos dos que posam de fanáticos crentes – a ponto de se autoflagelarem , como fazem alguns filipinos – o livrariam de ser torturado como subversivo, por pregar o que já no tempo dos romanos era e nos dias atuais é uma mensagem insólita e desafiadora: o amor ao próximo?
Quantos dos que fazem jejuns e penitências, confessam e comungam com freqüência livrariam o Deus que se fez homem de perecer de fome? Poucos, muito poucos. Quem sabe, ninguém! Cristo tem sido diariamente assassinado por aqueles que se valem da violência em seu nome, como ocorre no Líbano e na Irlanda do Norte.
É morto milhares de vezes por dia nas clínicas que praticam o aborto, evitando que seres humanos talvez brilhantes, quem sabe novos Pasteurs, Flemings e Einsteins, possam ver a luz da existência. É sacrificado a todo o instante, não numa cruz, mas nos corações dos que se dizem seguidores, e portanto discípulos, trocado pela inveja, cobiça, pornografia reles e barata e um inconfessável e profundo ódio pelos semelhantes. Às vezes (e não são poucas) esse rancor patológico é até mesmo pelos próprios pais, cônjuges e filhos.
Há 1.956 anos o Messias foi pregado na cruz, porque poucos conheciam a sua magnífica mensagem de amor e de perdão. Hoje, raros há que possam dizer que a desconheçam. A Bíblia é o livro mais vendido no mundo em todos os tempos. A televisão já exibiu filmes em todas as partes narrando a vida exemplar de Jesus.
Seu nome é invocado a todo o instante, nas mais variadas circunstâncias, especialmente nas horas de necessidade e aflição. E ainda assim, os homens seguem matando Cristo a cada instante em seus corações. Que lástima!
(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 24 de março de 1989).
Pedro J. Bondaczuk
“A humanidade certamente mataria Jesus Cristo de novo caso este voltasse à Terra nos dias atuais”. Esta é a mensagem passada pelo escritor russo, Fedor Dostoievski, num magistral monólogo de um de seus personagens do livro “Os Irmãos Karamazov” , em que relata um hipotético encontro do Messias com um inquisidor espanhol.
O romancista externou essa opinião no século passado. Não com estas exatas palavras, evidentemente, mas deixou isso implícito. Hoje, essa possibilidade seria muito mais certa do que no seu tempo. Aliás, o Salvador da humanidade tem sido morto diariamente nos milhares de campos de refugiados espalhados por este atormentado Planeta. Na infinidade de favelas que cercam as grandes metrópoles, em especial do Terceiro Mundo. Nas masmorras nauseabundas, onde sádicos sem cérebro e nem emoções, torturam seres humanos, apenas por causa de suas convicções.
Quantas das cerca de 900 milhões de pessoas que se dizem cristãs seriam capazes de salvar Cristo de ser levado perante tribunais, que se dizem de Justiça, mas que decidem, invariavelmente, de maneira injusta, em detrimento dos humildes?
Quantos dos que posam de fanáticos crentes – a ponto de se autoflagelarem , como fazem alguns filipinos – o livrariam de ser torturado como subversivo, por pregar o que já no tempo dos romanos era e nos dias atuais é uma mensagem insólita e desafiadora: o amor ao próximo?
Quantos dos que fazem jejuns e penitências, confessam e comungam com freqüência livrariam o Deus que se fez homem de perecer de fome? Poucos, muito poucos. Quem sabe, ninguém! Cristo tem sido diariamente assassinado por aqueles que se valem da violência em seu nome, como ocorre no Líbano e na Irlanda do Norte.
É morto milhares de vezes por dia nas clínicas que praticam o aborto, evitando que seres humanos talvez brilhantes, quem sabe novos Pasteurs, Flemings e Einsteins, possam ver a luz da existência. É sacrificado a todo o instante, não numa cruz, mas nos corações dos que se dizem seguidores, e portanto discípulos, trocado pela inveja, cobiça, pornografia reles e barata e um inconfessável e profundo ódio pelos semelhantes. Às vezes (e não são poucas) esse rancor patológico é até mesmo pelos próprios pais, cônjuges e filhos.
Há 1.956 anos o Messias foi pregado na cruz, porque poucos conheciam a sua magnífica mensagem de amor e de perdão. Hoje, raros há que possam dizer que a desconheçam. A Bíblia é o livro mais vendido no mundo em todos os tempos. A televisão já exibiu filmes em todas as partes narrando a vida exemplar de Jesus.
Seu nome é invocado a todo o instante, nas mais variadas circunstâncias, especialmente nas horas de necessidade e aflição. E ainda assim, os homens seguem matando Cristo a cada instante em seus corações. Que lástima!
(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 24 de março de 1989).
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