Saturday, June 28, 2008

Soneto à doce amada - VII


Pedro J. Bondaczuk

Vem, amada, deixa que eu toque ainda
uma vez o veludo do teu rosto,
que eu possa beijar, com ternura infinda,
teus lábios rubros. Ah! grande desgosto!

Sina cruel de vagabundo errante!
Amar-te assim, com toda minha alma,
viver um curto sonho, delirante
e partir, triste, pela via calma!

Vem, amada. Enquanto há tempo, gozemos
nossos últimos alentos, extremos
estertores da evanescente vida.

Quando a morte extinguir-nos a lida,
recordarei o tempo que perdemos
e morrerei, a murmurar: querida...!

(Soneto composto em Campinas, em 16 de julho de 1967).

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