Pedro J. Bondaczuk
O bom poeta, com vocação para o gênero, é sempre um visionário. É, sobretudo, arauto do futuro. Seus versos nunca perdem a atualidade, pois refletem os sentimentos humanos que são intemporais e integram a essência desse animal que pensa, ri e fala.
O poeta é o intérprete por excelência dos sentimentos das multidões. Apesar de construídos com palavras, seus versos vão além do mero dizer e se constituem em atos, tamanha sua força de mobilização. A poesia foi o primeiro compêndio de história, quando sequer ainda havia a escrita.
Uma pergunta se impõe àqueles que raciocinam e se preocupam não apenas consigo, mas com a sorte e destino da espécie (poetas ou não): qual é a grande fronteira do futuro, a aposta que a humanidade deve fazer para garantir sua redenção e, principalmente, sua sobrevivência? É o investimento maciço em tecnologia, para facilitar a vida de todos? É a conquista do espaço, a descoberta e colonização de novos planetas, para aliviar a superpopulação da Terra?
Essas apostas são importantes, não nego, mas não as essenciais. O maior investimento que se pode fazer, para assegurar um futuro equilibrado e a sobrevivência da espécie, com conforto e dignidade, é no homem. A capacidade humana é quase infinita e até aqui foi desenvolvida, apenas, uma ínfima parte dela.
Dos bilhões de neurônios que possuímos, só menos de 5% são utilizados no correr de uma vida. Que imenso potencial é desperdiçado! Por isso, concordo com Robert Jungk, quando afirma: “Para mim, a grande fronteira do futuro não é o espaço – é o homem, o qual desenvolveu só uma pequena parte de suas capacidades”. Como não concordar?!
Nosso problema é o tempo e como administrá-lo. Afinal, mesmo para os raros que logram atingir idades centenárias, esse número de anos é pequeno demais para fazer tudo o que é preciso. Além disso, a qualquer momento, em plena idade produtiva e no auge do vigor físico e mental, podemos morrer, subitamente, ou por alguma doença fulminante, ou em decorrência de algum acidente, ou vítimas da violência etc.etc.etc.
Salomão constatou, na velhice, do alto da sua sabedoria e experiência, que há tempo para tudo no mundo: para rir, chorar, plantar, colher, amar, ser amado etc.etc.etc. Todavia, reitero, somos mortais. Muitas vezes o reconhecimento que tanto desejamos por nossas boas obras, por exemplo, chega tarde demais, quando já não estamos sequer vivos para colher os frutos do que plantamos.
E isso importa? Entendo que não! Claro que se viermos a ser reconhecidos e recompensados em vida pelo que fizemos será alegria imensa e até questão de justiça. Mas o homem superior, o que integra aquela estirpe que pode ser chamada de “gigantes da espécie”, prescinde de fama, glória ou qualquer tipo de compensação. É generoso e nobre e faz o que faz porque precisa ser feito.
Por mais que este animal que pensa tenha evoluído, mental e espiritualmente, por mais avançada que seja a ciência, com recursos cada vez maiores de pesquisa e acumulação de conhecimento, sua percepção do universo ainda é acanhada, pífia e até risível. Prende-se à sua condição humana, efêmera e limitadíssima, que o impede de sequer vislumbrar o infinito e o eterno, que não cabem em sua estreita mente, nem mesmo mediante o poderoso instrumento da imaginação.
A todo instante, por exemplo, os cientistas tentam delimitar o tempo e o espaço do universo. Consideram, atualmente, que ele foi criado há 4,5 bilhões de anos, mediante um hipotético “Big Bang”. Mas isso pode mudar a qualquer momento, como já mudou muitas vezes, face a novas descobertas que, por sua vez, irão gerar novas teorias.
Por outro lado, os pesquisadores estabeleceram o limite do universo em 16 bilhões de anos-luz, distância tão imensa que, se transformada em quilômetros, encheria páginas e páginas de zeros, à direita de determinada cifra. (Há alguns anos, esta fronteira entre o tudo e o nada era de 13,5 bilhões de anos-luz). Teorias... Meras teorias.
Nossa verdadeira biografia, a que vai permanecer e atestar quem somos e o que fizemos, é produzida no cotidiano, do nascimento à morte. Seu conteúdo e desfecho dependem de nós e de como administrarmos as nossas circunstâncias. Alguns, escrevem-na com a tinta do ceticismo. Outros, com a da cobiça. Outros, ainda, com a do egoísmo, da arrogância e da violência. Insensatos!
Muitos insistem na página do ontem, tentando reescrever um único capítulo do que já passou e, claro, não conseguem. Como será, então, nossa biografia no final? Obscura e esquecida, com poucas páginas e todas caracterizadas por lamentações e tentativas de justificação de fracassos? Tomara que não! Brilhante e exemplar, repleta de sucessos e realizações? Tomara que sim!
Depende de nós. O que temos que fazer é, no amanhã, reescrevermos o ontem, mas com as tintas da esperança. É desenvolvermos, mais e mais, nosso potencial de raciocínio e utilizar, durante nossa vida, pelo menos 50% dos nossos bilhões de neurônios. É, sobretudo, agir construtiva e coletivamente, tendo em vista não apenas o bem-estar e segurança individuais, porém os da espécie.
Sejamos “poetas” na essência, mesmo que não venhamos a compor um único verso em toda a nossa vida. Só assim desbravaremos as nebulosas (e assustadoras) fronteiras do futuro e venceremos o desafio de assegurar a sobrevivência da humanidade, que é a grande tarefa desta e das futuras gerações.
O bom poeta, com vocação para o gênero, é sempre um visionário. É, sobretudo, arauto do futuro. Seus versos nunca perdem a atualidade, pois refletem os sentimentos humanos que são intemporais e integram a essência desse animal que pensa, ri e fala.
O poeta é o intérprete por excelência dos sentimentos das multidões. Apesar de construídos com palavras, seus versos vão além do mero dizer e se constituem em atos, tamanha sua força de mobilização. A poesia foi o primeiro compêndio de história, quando sequer ainda havia a escrita.
Uma pergunta se impõe àqueles que raciocinam e se preocupam não apenas consigo, mas com a sorte e destino da espécie (poetas ou não): qual é a grande fronteira do futuro, a aposta que a humanidade deve fazer para garantir sua redenção e, principalmente, sua sobrevivência? É o investimento maciço em tecnologia, para facilitar a vida de todos? É a conquista do espaço, a descoberta e colonização de novos planetas, para aliviar a superpopulação da Terra?
Essas apostas são importantes, não nego, mas não as essenciais. O maior investimento que se pode fazer, para assegurar um futuro equilibrado e a sobrevivência da espécie, com conforto e dignidade, é no homem. A capacidade humana é quase infinita e até aqui foi desenvolvida, apenas, uma ínfima parte dela.
Dos bilhões de neurônios que possuímos, só menos de 5% são utilizados no correr de uma vida. Que imenso potencial é desperdiçado! Por isso, concordo com Robert Jungk, quando afirma: “Para mim, a grande fronteira do futuro não é o espaço – é o homem, o qual desenvolveu só uma pequena parte de suas capacidades”. Como não concordar?!
Nosso problema é o tempo e como administrá-lo. Afinal, mesmo para os raros que logram atingir idades centenárias, esse número de anos é pequeno demais para fazer tudo o que é preciso. Além disso, a qualquer momento, em plena idade produtiva e no auge do vigor físico e mental, podemos morrer, subitamente, ou por alguma doença fulminante, ou em decorrência de algum acidente, ou vítimas da violência etc.etc.etc.
Salomão constatou, na velhice, do alto da sua sabedoria e experiência, que há tempo para tudo no mundo: para rir, chorar, plantar, colher, amar, ser amado etc.etc.etc. Todavia, reitero, somos mortais. Muitas vezes o reconhecimento que tanto desejamos por nossas boas obras, por exemplo, chega tarde demais, quando já não estamos sequer vivos para colher os frutos do que plantamos.
E isso importa? Entendo que não! Claro que se viermos a ser reconhecidos e recompensados em vida pelo que fizemos será alegria imensa e até questão de justiça. Mas o homem superior, o que integra aquela estirpe que pode ser chamada de “gigantes da espécie”, prescinde de fama, glória ou qualquer tipo de compensação. É generoso e nobre e faz o que faz porque precisa ser feito.
Por mais que este animal que pensa tenha evoluído, mental e espiritualmente, por mais avançada que seja a ciência, com recursos cada vez maiores de pesquisa e acumulação de conhecimento, sua percepção do universo ainda é acanhada, pífia e até risível. Prende-se à sua condição humana, efêmera e limitadíssima, que o impede de sequer vislumbrar o infinito e o eterno, que não cabem em sua estreita mente, nem mesmo mediante o poderoso instrumento da imaginação.
A todo instante, por exemplo, os cientistas tentam delimitar o tempo e o espaço do universo. Consideram, atualmente, que ele foi criado há 4,5 bilhões de anos, mediante um hipotético “Big Bang”. Mas isso pode mudar a qualquer momento, como já mudou muitas vezes, face a novas descobertas que, por sua vez, irão gerar novas teorias.
Por outro lado, os pesquisadores estabeleceram o limite do universo em 16 bilhões de anos-luz, distância tão imensa que, se transformada em quilômetros, encheria páginas e páginas de zeros, à direita de determinada cifra. (Há alguns anos, esta fronteira entre o tudo e o nada era de 13,5 bilhões de anos-luz). Teorias... Meras teorias.
Nossa verdadeira biografia, a que vai permanecer e atestar quem somos e o que fizemos, é produzida no cotidiano, do nascimento à morte. Seu conteúdo e desfecho dependem de nós e de como administrarmos as nossas circunstâncias. Alguns, escrevem-na com a tinta do ceticismo. Outros, com a da cobiça. Outros, ainda, com a do egoísmo, da arrogância e da violência. Insensatos!
Muitos insistem na página do ontem, tentando reescrever um único capítulo do que já passou e, claro, não conseguem. Como será, então, nossa biografia no final? Obscura e esquecida, com poucas páginas e todas caracterizadas por lamentações e tentativas de justificação de fracassos? Tomara que não! Brilhante e exemplar, repleta de sucessos e realizações? Tomara que sim!
Depende de nós. O que temos que fazer é, no amanhã, reescrevermos o ontem, mas com as tintas da esperança. É desenvolvermos, mais e mais, nosso potencial de raciocínio e utilizar, durante nossa vida, pelo menos 50% dos nossos bilhões de neurônios. É, sobretudo, agir construtiva e coletivamente, tendo em vista não apenas o bem-estar e segurança individuais, porém os da espécie.
Sejamos “poetas” na essência, mesmo que não venhamos a compor um único verso em toda a nossa vida. Só assim desbravaremos as nebulosas (e assustadoras) fronteiras do futuro e venceremos o desafio de assegurar a sobrevivência da humanidade, que é a grande tarefa desta e das futuras gerações.
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