Pedro J. Bondaczuk
Amigos são necessários – diria que são indispensáveis – em todas as épocas da vida. Acompanham-nos para o que der e vier, exortam-nos quando estamos prestes a desanimar, admoestam-nos quando erramos, orientam-nos em nossas dúvidas, criticam-nos quando procedemos mal, elogiam-nos quando agimos com bom-senso e sabedoria etc.etc.etc de acordo com as necessidades e circunstâncias. Vibram com os nossos sucessos e nos são solidários nos fracassos. Pelo menos, é o que se espera deles.
Os que não satisfazem essas condições, esse padrão de conduta, podem ser tudo – colegas, simpatizantes, meros companheiros etc. – menos amigos. Instintivamente, deixamos de considerá-los como tal. Ao não satisfazerem nossas expectativas, se rompe, às vezes abruptamente, o elo de confiança e de intimidade que tínhamos com essas pessoas.
Algumas (e não raras) se transformam, até, em ferozes inimigas, como ocorre com os que odeiam alguém (que quase sempre são os mesmos que um dia amaram quem é hoje odiado e ou foram traídos, ou repelidos, ou tiveram profunda decepção com ele). Pude testemunhar inúmeros casos desse tipo, embora, felizmente, isso nunca tenha ocorrido comigo.
Uma das condições essenciais para se “ter” um amigo é “ser” amigo. A amizade, como o amor, exige reciprocidade. Não pode, portanto, ser unilateral. Nunca é um solo, mas sempre um dueto (ou um coral, quando for o caso). As verdadeiras amizades resistem a crises, abalos, males-entendidos, discussões, brigas etc.. Ou seja, tudo o que atrapalhe um relacionamento maduro e profundo. Não raro, até, após essas “tempestades”, depois desses rompantes, se fortalecem, consolidam e perpetuam.
Tive e tenho o grato privilégio de contar com muitos amigos, alguns de já várias décadas, nos quais confio tanto a ponto de depositar minha própria vida, se preciso for, em suas mãos. E o que nos uniu a esse ponto? Não sei explicar. Da maioria, não recebi um único favor. Mas as amizades que se prezam prescindem de comprovações. Tenho absoluta certeza (na verdade, intuição) que, se um dia vir a precisar dessas pessoas, elas não me faltarão, para o que der e vier. E a recíproca, claro, é verdadeira.
Muitos desses amigos queridos já faleceram, mas não os esqueço jamais. Iluminaram minha vida enquanto puderam estar presentes e deixaram uma saudade gostosa, de momentos inesquecíveis que pudemos partilhar. São amizades antigas, da juventude, dos bancos escolares, dos lugares em que trabalhei, dos campos de futebol, das baladas e das mútuas e infindáveis confidências das nossas múltiplas dúvidas e esperanças. São luzes da primavera que continuam a brilhar neste já princípio de inverno.
As amizades, pois, são essenciais para uma vida sadia e equilibrada, em qualquer período da nossa trajetória no mundo. Mas em nenhuma outra época os amigos são mais bem-vindos (e necessários) do que na velhice. Este é um período crítico e assustador para a maioria, em que a solidão se torna ameaçadora e rude, os “fantasmas” são cada vez mais constantes e onipresentes e os caminhos, por mais suaves que sejam, se embaralham e confundem e parecem sempre sombrios e perigosos.
É quando a luz de uma amizade brilha mais intensa e ganha muito maior valor. É quando o diálogo se torna mais denso e a interação de duas almas tem chances de ser completa. E nem é preciso que ambos sejam contemporâneos, de idades próximas. Podem estar separados por gerações e, ainda assim, sempre irão encontrar pontos comuns de identidade, interesses coincidentes, sólidos elos de ligação. Para isso acontecer, todavia, não pode haver preconceitos de parte a parte.
Algumas amizades se tornaram célebres, quer pela intensidade, quer pela duração. A Bíblia nos fala, por exemplo, da que ligou Jônatas e Davi. Também nos relata a que uniu Timóteo e Tito, discípulos do apóstolo Paulo, companheiros inseparáveis na árdua missão de disseminar o cristianismo por todas as partes do mundo, numa época em que os que professavam essa crença eram vítimas de ferozes perseguições.
Na Literatura brasileira, é conhecida a ligação afetiva do então já experiente e vivido Joaquim Nabuco e do jovem e promissor Graça Aranha, que rendeu excelentes frutos para as duas partes. E a de Francisco Escobar com Euclides da Cunha. E a de Monteiro Lobato com Godofredo Rangel. E a do já citado Nabuco com Machado de Assis. E poderia desfiar casos e mais casos de amizades que nunca terminaram.
Eu poderia apresentar uma lista enorme (felizmente) de amigos antigos e recentes, dos tempos de juventude e dos que conheci na semana passada, todos preciosos, onipresentes e imprescindíveis, mas não o farei para não aborrecer ainda mais o paciente leitor com minhas confidências. Afinal, como escritor, é a sua amizade e a sua fidelidade que quero conquistar... e conservar, logicamente.
Amigos são necessários – diria que são indispensáveis – em todas as épocas da vida. Acompanham-nos para o que der e vier, exortam-nos quando estamos prestes a desanimar, admoestam-nos quando erramos, orientam-nos em nossas dúvidas, criticam-nos quando procedemos mal, elogiam-nos quando agimos com bom-senso e sabedoria etc.etc.etc de acordo com as necessidades e circunstâncias. Vibram com os nossos sucessos e nos são solidários nos fracassos. Pelo menos, é o que se espera deles.
Os que não satisfazem essas condições, esse padrão de conduta, podem ser tudo – colegas, simpatizantes, meros companheiros etc. – menos amigos. Instintivamente, deixamos de considerá-los como tal. Ao não satisfazerem nossas expectativas, se rompe, às vezes abruptamente, o elo de confiança e de intimidade que tínhamos com essas pessoas.
Algumas (e não raras) se transformam, até, em ferozes inimigas, como ocorre com os que odeiam alguém (que quase sempre são os mesmos que um dia amaram quem é hoje odiado e ou foram traídos, ou repelidos, ou tiveram profunda decepção com ele). Pude testemunhar inúmeros casos desse tipo, embora, felizmente, isso nunca tenha ocorrido comigo.
Uma das condições essenciais para se “ter” um amigo é “ser” amigo. A amizade, como o amor, exige reciprocidade. Não pode, portanto, ser unilateral. Nunca é um solo, mas sempre um dueto (ou um coral, quando for o caso). As verdadeiras amizades resistem a crises, abalos, males-entendidos, discussões, brigas etc.. Ou seja, tudo o que atrapalhe um relacionamento maduro e profundo. Não raro, até, após essas “tempestades”, depois desses rompantes, se fortalecem, consolidam e perpetuam.
Tive e tenho o grato privilégio de contar com muitos amigos, alguns de já várias décadas, nos quais confio tanto a ponto de depositar minha própria vida, se preciso for, em suas mãos. E o que nos uniu a esse ponto? Não sei explicar. Da maioria, não recebi um único favor. Mas as amizades que se prezam prescindem de comprovações. Tenho absoluta certeza (na verdade, intuição) que, se um dia vir a precisar dessas pessoas, elas não me faltarão, para o que der e vier. E a recíproca, claro, é verdadeira.
Muitos desses amigos queridos já faleceram, mas não os esqueço jamais. Iluminaram minha vida enquanto puderam estar presentes e deixaram uma saudade gostosa, de momentos inesquecíveis que pudemos partilhar. São amizades antigas, da juventude, dos bancos escolares, dos lugares em que trabalhei, dos campos de futebol, das baladas e das mútuas e infindáveis confidências das nossas múltiplas dúvidas e esperanças. São luzes da primavera que continuam a brilhar neste já princípio de inverno.
As amizades, pois, são essenciais para uma vida sadia e equilibrada, em qualquer período da nossa trajetória no mundo. Mas em nenhuma outra época os amigos são mais bem-vindos (e necessários) do que na velhice. Este é um período crítico e assustador para a maioria, em que a solidão se torna ameaçadora e rude, os “fantasmas” são cada vez mais constantes e onipresentes e os caminhos, por mais suaves que sejam, se embaralham e confundem e parecem sempre sombrios e perigosos.
É quando a luz de uma amizade brilha mais intensa e ganha muito maior valor. É quando o diálogo se torna mais denso e a interação de duas almas tem chances de ser completa. E nem é preciso que ambos sejam contemporâneos, de idades próximas. Podem estar separados por gerações e, ainda assim, sempre irão encontrar pontos comuns de identidade, interesses coincidentes, sólidos elos de ligação. Para isso acontecer, todavia, não pode haver preconceitos de parte a parte.
Algumas amizades se tornaram célebres, quer pela intensidade, quer pela duração. A Bíblia nos fala, por exemplo, da que ligou Jônatas e Davi. Também nos relata a que uniu Timóteo e Tito, discípulos do apóstolo Paulo, companheiros inseparáveis na árdua missão de disseminar o cristianismo por todas as partes do mundo, numa época em que os que professavam essa crença eram vítimas de ferozes perseguições.
Na Literatura brasileira, é conhecida a ligação afetiva do então já experiente e vivido Joaquim Nabuco e do jovem e promissor Graça Aranha, que rendeu excelentes frutos para as duas partes. E a de Francisco Escobar com Euclides da Cunha. E a de Monteiro Lobato com Godofredo Rangel. E a do já citado Nabuco com Machado de Assis. E poderia desfiar casos e mais casos de amizades que nunca terminaram.
Eu poderia apresentar uma lista enorme (felizmente) de amigos antigos e recentes, dos tempos de juventude e dos que conheci na semana passada, todos preciosos, onipresentes e imprescindíveis, mas não o farei para não aborrecer ainda mais o paciente leitor com minhas confidências. Afinal, como escritor, é a sua amizade e a sua fidelidade que quero conquistar... e conservar, logicamente.
No comments:
Post a Comment