Monday, September 25, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Arquivo)

FIM DE SEMANA DE FRACASSOS

O futebol de Campinas teve um fim de semana daqueles! Seus três times profissionais perderam, nas respectivas competições que disputam. Derrotas são todas iguais, não há melhores ou piores. Mas diria que aquela que trouxe mais prejuízo foi a da Ponte Preta, ontem, para o Cruzeiro, por 1 a 0. E justifico com pelo menos três argumentos: a) Ocorreu em casa, em pleno Moisés Lucarelli. b) Era um jogo de seis pontos, já que o adversário tinha pontuação pouca coisa maior do que a da Macaca. c) A Ponte foi superior ao adversário, mas perdeu um caminhão de gols. Quando da derrota para o Grêmio, na quarta-feira, em Porto Alegre, por 4 a 0, afirmei que, apesar da goleada, esse era um jogo que o time poderia perder. O mesmo, todavia, não se pode dizer em relação ao Cruzeiro. A Macaca tinha a obrigação de conquistar esses três pontos, que agora precisará buscar na casa dos adversários. Mas qual deles? Todos são verdadeiras “pedreiras” quando jogam em seus domínios. Foi uma derrota terrível, em termos de classificação.

GUARANI ESTÁ A PERIGO

A derrota do Guarani, sábado, em Jundiaí, para o Paulista, por 2 a 1, em outras circunstâncias que não as atuais, poderia ser considerada normal. Poderia, mas não foi o caso. E por que? Porque se tratou da quarta derrota consecutiva do time, que o colocou na rabeira da Série B, muito próximo de Ituano, São Raimundo, Remo, Ceará e Portuguesa, que lutam, com todas as forças, para fugir ao rebaixamento. O mais doído para a torcida é que o time jogou bem, dominou seu adversário, mas a exemplo da Ponte diante do Cruzeiro, o ataque bugrino perdeu uma infinidade de gols. Grossura? Falta de técnica? Não! Foi pura afobação. Os resultados negativos, que se acumulam, um após outro, tiram a confiança dos jogadores. Ademais, o atual time do Guarani carece de experiência. É um grupo bastante jovem e que não conta com um líder dentro de campo, que facilite as coisas. Agora é ganhar ou ganhar do Marília, seu próximo adversário, no Brinco de Ouro, onde a bruxa volta a rondar.

SÍNDROME DAS FINAIS

O Campinas há já um bom tempo ronda a zona de acesso para a Série A-3 do Campeonato Paulista. Faz, em geral, excelente fase de classificação, quando nem toma conhecimento dos adversários. Mas quando chega a hora decisiva... No momento da verdade, o time desanda, e deixa escapar por entre os dedos essa importante conquista. Foi assim no ano passado, quando deixou fugir, de maneira não explicada até hoje, e em casa, a chance de galgar mais um degrau em sua ainda curta história. Ontem, no jogo de estréia da fase decisiva, disputado em Mogi das Cruzes, diante do invicto União Mogi (único time da competição que ainda não perdeu), o Campinas até que começou muito bem. Abriu o marcador e parecia que iria trazer para casa esses importantíssimos três pontos. Não trouxe. Perdeu, de virada, por 2 a 1. Espero que o resultado não abata os jogadores do Águia, pois tenho a intuição de que este será o seu ano. Seria muito bom para a cidade ter um time em cada série da Primeira Divisão do Campeonato Paulista.

O QUE OCORRE COM O IRAN?

Do atual time titular da Ponte Preta, o jogador no qual a torcida depunha a maior esperança de estourar na competição e a diretoria de render, num futuro muito breve, recursos aos cofres do clube, era o lateral-esquerdo Iran. Limitado, tecnicamente, supria suas deficiências com muita garra e muito pulmão. Começou a se destacar no final do Campeonato Paulista e, no início do Brasileirão, teve performance arrasadora. Chegou a ser o artilheiro do time, recebendo elogios gerais, do treinador, da imprensa, dos companheiros e da torcida. De repente...Bastou receber elogios do técnico Wanderley Luxemburgo, que chegou a insinuar a possibilidade do Santos contratar o atleta, para que tudo desandasse. Hoje Iran não é nem sombra daquele jogador valente, fogoso, que entusiasmava o time e os torcedores. Arrasta-se em campo, marca mal, cruza bolas de forma equivocada, não acerta um passe e arremata de maneira horrorosa. No jogo de ontem, contra o Cruzeiro, voltou a repetir suas péssimas apresentações, perdendo um gol feito, que trouxe sérios prejuízos à Macaca. É certo que Tuto também perdeu (e não apenas um mas três) e Luís Mário desperdiçou duas chances preciosíssimas. Os dois, no entanto, pelo menos batalham o jogo todo. Mas o Iran...

FUTEBOL PAULISTA EM BAIXA

O futebol paulista, que já contou com oito representantes na Série A do Campeonato Brasileiro, atravessa uma fase horrorosa. Dos seis times que restaram na elite nacional (Portuguesa e Guarani foram rebaixados), quatro (São Caetano, Ponte Preta, Corinthians e Palmeiras) estão na rabeira da tabela, com possibilidades de pelo menos dois deles irem para a Série B no ano que vem. É verdade que um paulista, o São Paulo, lidera a competição, mas está em nítida decadência técnica. Caso continue apresentando o mesmo futebol que apresentou ontem, em Presidente Prudente, na derrota para o Palmeiras, por 3 a 1, logo, logo estará lutando por meras posições intermediárias. Continua líder apenas pelos pontos que acumulou no início do campeonato. E o Santos, outro representante do Estado, faz uma campanha apenas discreta e graças, somente, ao talento do seu treinador, Wanderley Luxemburgo, que faz milagres com os jogadores que tem. É muito pouco, convenhamos. Está na hora, pois, dos paulistas abrirem o olho e provarem que o Estado ainda tem o melhor futebol do País. Ou não tem mais?!

DECADÊNCIA TAMBÉM NA SÉRIE B

Por falar em decadência do futebol paulista, ela também se manifesta na Série B do Campeonato Brasileiro. Vários dos seus times, que brigavam há não muito pelo acesso, estão fora da competição neste ano, casos do Bragantino (que já foi vice-campeão nacional nas mãos de Carlos Alberto Parreira), do Mogi Mirim, do União São João, do União Barbarense e, há já um bom tempo, do Botafogo de Ribeirão Preto, que hoje se transformou num clube modesto, que briga só para se manter na Série A-2 do Campeonato Paulista e nada mais. Times como o Guarani, a Portuguesa e o Ituano, por sua vez, lutam desesperadamente para não cair para a Série C. Tudo isso seria mera coincidência? Duvido! Compete aos dirigentes e à imprensa descobrirem o que vem ocorrendo e cobrarem providências urgentes. Como está, não pode mais continuar.

RESPINGOS...

· E não é que o Santa Cruz voltou a respirar no Campeonato Brasileiro da Série A! Em apenas quatro dias, conquistou seis pontos em seus domínios (3 a 2 no Palmeiras, na quinta-feira, e 1 a 0 no Juventude, ontem).
· O Fortaleza também ganhou um pouco de fôlego, ao surpreender o Fluminense, em pleno Maracanã, e ganhar, no sábado, do tricolor carioca por 3 a 1.
· O recorde de público deste ano, que estava com o Bahia, passou para as mãos do Atlético Mineiro. Sábado, no jogo contra o Sport, o Mineirão recebeu 41 mil fanáticos atleticanos. O clube mostrou, mais uma vez, a força da sua torcida.
· O Grêmio foi a surpresa negativa da rodada. Após golear a Ponte Preta, na quarta-feira, por 4 a 0, no Estádio Olímpico, experimentou ontem o próprio veneno e foi goleado, pelo mesmo placar, no Estádio Serra Dourada, em Goiânia, pelo desesperado Goiás.
· O Paraná, próximo adversário da Ponte Preta, depois de uma série de insucessos, voltou a fazer as pazes com a vitória e está de novo na zona de classificação para a Libertadores do ano que vem. É o time mais surpreendente (para o bem e para o mal) dos 20 que disputam o Brasileirão.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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