Monday, September 18, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Christiano Mazzola/Portal oficial da Ponte Preta)

TUTO, O “MATADOR”

Uma brilhante jogada do meia Tuto – que redundou numa penalidade máxima, que ele mesmo converteu – garantiu a vitória, ontem, da Ponte Preta, sobre o Santos, no Moisés Lucarelli, por 1 a 0. O atacante provou, mais uma vez, que não é o jogador limitado que muitos pensavam que fosse, mas tem “faro de gol”. Mais uma vez, o catarinense, que fez quase toda a sua carreira no Japão, foi decisivo. Aliás, os três lances mais agudos da partida foram seus. Além do gol, todo ele de sua autoria, do início ao fim da jogada, ainda chutou uma bola na trave e obrigou, num outro lance, o goleiro Fábio Costa a fazer uma grande defesa. Dizem que o matador da Macaca errou o chute. Bobagem! Méritos para o goleiro. Mas corneteiros, que não se contentam com nada, garantem que Tuto perdeu esse gol. Suponhamos que sim. Todavia, a jogada que fez, e que resultou no pênalti, mais do que compensou esse suposto erro. Agora, o atacante pontepretano está no encalço do artilheiro da competição, mesmo não tendo atuado em mais da metade dos jogos da Ponte. Queiram ou não, este vai fazer (ou já está fazendo) história no Moisés Lucarelli.

BUGRE CONTINUA O MESMO FORA DE CASA

O Guarani até que vinha bem na chamada “Era Barbieri”. Bastaram, porém, dois jogos fora de casa, para que a fragilidade da equipe ficasse, mais uma vez, patente. No meio da semana, o time foi goleado pelo Náutico, no Recife, por 4 a 1, mesmo jogando a maior parte da partida melhor do que o adversário. Sua defesa, no entanto, entregou “o ouro ao bandido”. Em Florianópolis, diante do limitado Avaí, não foi diferente. O Bugre abriu o placar e parecia que desta vez voltaria para Campinas com os três pontos ganhos na bagagem. Só parecia... Cedeu não apenas o empate, como permitiu a virada do time catarinense que, convenhamos, não é lá essas coisas. Amanhã o time encara, no Brinco de Ouro, o Remo, em franca ascensão nas mãos de Giba, com a obrigação de vencer. Todavia, a cada rodada que passa, o Bugre vê, mais e mais, o sonho do retorno à elite do futebol brasileiro ficar mais distante.

FINALMENTE O HOMEM DE ÁREA

Finalmente, a Ponte Preta está trazendo o tão reclamado homem de área, para fazer dupla com Tuto no ataque. Não era sem tempo. Trata-se do rodado e experiente Marco Brito, que entre outras coisas, foi campeão carioca e da terceira divisão do Campeonato Brasileiro defendendo o Fluminense. Vai dar certo? Ninguém pode dizer. Depende da forma que se encontra atualmente. Se estiver bem condicionado, tem tudo para ser aquele centroavante com que a torcida há tanto tempo sonha. É experiente, entende do riscado, tem bom porte físico e visão de gol. Mas precisa jogar com raça, característica que o pontepretano exige de todos os que vestem sua gloriosa e centenária camisa. Só espero que não tenha vindo para jogar no lugar de Tuto, que vem carregando a Macaca nas costas em termos de feitura de gols. O óbvio é recuar Luís Mário para o meio de campo, função que ele, aliás, prefere, e sacar Carlinhos do time que, apesar de ótimo marcador, não consegue dar um passe de um metro certo. Enfim, esse é um pepino para Marco Aurélio descascar. Seja bem-vindo, Marco Brito. E sucesso!!

CAMPANHAS MUITO PARECIDAS

Ponte Preta e Guarani fazem campanhas muito parecidas até aqui. Com os três pontos que o Bugre perdeu no tapetão, ambos têm, agora, 30 pontos ganhos. Os bugrinos obtiveram 7 vitórias (no campo foram oito), nove empates e sete derrotas. O ataque alvi-verde marcou 32 gols e a defesa tomou 38. Já a Ponte Preta empatou três a menos, mas perdeu três a mais. Foram oito vitórias, seis empates e dez derrotas. O ataque pontepretano marcou 33 gols e a defesa sofreu 43, com saldo negativo de dez. A diferença entre ambos, porém, é inquestionável e decisiva: a Ponte Preta está na elite do futebol e tem adversários muito mais qualificados, enquanto o Bugre permanece na Série B, mantendo o sonho do acesso, mas a míseros três pontos da zona de rebaixamento. Qualquer comparação, portanto, significa forçar a barra. Destaque-se que 30% dos times da Série A têm a mesmíssima pontuação da Macaca (30 pontos), com suas respectivas colocações sendo definidas, apenas, nos critérios de desempate. Ao mesmo tempo que o clube luta para fugir do fantasma do rebaixamento, portanto, está também na bica para se classificar para a Copa Sul-Americana. Coisas do futebol!

VOLTA POR CIMA DO TRICOLOR

O São Paulo é mesmo imprevisível. Quando todos esperavam que o Tricolor paulista iria despencar de ponta-cabeça, depois da péssima apresentação contra o Corinthians e da perda da Recopa Sul-Americana para o Boca Juniors, o time deu a volta por cima e, na base da superação, venceu o Internacional de Porto Alegre, ontem, no Morumbi, por 2 a 0, jogando boa parte da partida com dez jogadores. Ressalte-se que foi um confronto direto entre os dois favoritos (pelo menos de parte considerável da imprensa) para a conquista do Campeonato Brasileiro deste ano. O grande problema sãopaulino é o mesmo da maioria esmagadora dos times do País, não importa qual a competição que estejam disputando: a falta de um matador. O São Paulo não pode confiar apenas em Aloísio que, por causa de suas características, vira e mexe está no Departamento Médico. O garoto Tiago ainda não está preparado para assumir essa responsabilidade e André Dias atravessa uma fase horrível e está muito longe daquele goleador que despontou no Goiás. Todavia, mesmo empurrando com a barriga, o Tricolor paulista vai se distanciando dos demais competidores na tabela, rumo ao tão sonhado título de campeão brasileiro. Se deixarem, ele papa mesmo!

NOVO ÍDOLO DA FIEL

Quem diria! E não é que o ex-volante do São Caetano e do Palmeiras, Magrão, caiu nas graças da Fiel! E bastaram somente três jogos para que isso acontecesse. Depois do gol que fez contra o Vasco, no meio da semana, pela Copa Sul-Americana, o jogador repetiu a dose, no sábado, na vitória apertada do Corinthians, diante do Paraná, por 1 a 0, e foi ovacionado pela torcida, que já se esqueceu dos argentinos, principalmente de Carlitos Tevez. Aliás, isso era previsível de acontecer, embora não tão cedo. A principal característica de Magrão nunca foi a técnica e nem o futebol refinado, mas a garra, a raça e a voluntariedade, o que o torcedor corintiano exige de quem veste a camisa alvinegra. E o jogador mostrou que sabe muito bem fazer seu marketing pessoal: comemorou seu gol, no sábado, bem ao estilo de outro grande ídolo corintiano, o meia Neto. O resultado foi exatamente o que ele pretendia: caiu nas graças da Fiel. Esse sabe das coisas!

RESPINGOS...

· Apesar da euforia corintiana, o time está, rigorosamente, empatado, em número de pontos, com a Ponte Preta. Bastam duas derrotas consecutivas para que todo esse auê acabe.
· O Botafogo, que foi “assaltado” pela arbitragem, na quinta-feira, diante do Fluminense, pela Copa Sul-Americana, tomou um vareio de bola do Grêmio, ontem, no Olímpico, e levou na bagagem, para o Rio, 4 gols nas costas. E olhem que foi pouco!
· Com os quatro gols feitos, ontem, em Fortaleza, o ataque do Flamengo passou para o Corinthians o título de “menos realizador” do Campeonato Brasileiro. Os atacantes do Timão visitaram as redes adversárias somente 23 vezes em 24 jogos.
· As arbitragens continuam aprontando das suas. O gol de “gandula”, validado pela árbitra Sílvia Regina, em favor da Santacruzense, contra o Atlético Sorocaba, pela Copa Federação Paulista, foi o fim da picada!
· Por falar em arbitragem, o Fortaleza foi “garfado” em casa, ontem, diante do Flamengo, que deixou de dar um pênalti claríssimo em favor do time cearense, nos descontos da partida. Resultado? Perdeu o jogo por 4 a 3. Assim não dá!

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

No comments: