Friday, September 08, 2006

Pirilampo



Pedro J. Bondaczuk

Campos abertos, campos vastos, campos mágicos
dos sentimentos secretos e emoções reprimidas.
Sons ecoam de todos recantos e direções...
Risos, choros e gritos de crianças.
Sussurros lúbricos de desejos e paixões...
Gemidos de angústia e horror, brados de ira.
Fantasmas de uma vida de ilusões e dores
--- alegres lembranças e recordações com gosto de fel –
misturam suas vozes, em selvagens canções,
brincam de roda com os meus sonhos azuis.

Como um raio, riscando ignotos horizontes,
um pirilampo vara a noite da saudade
pisca-piscando irresistíveis tentações.
Olhar de fogo, olhar enganoso, olhar sutil,
olhar esgazeado, desesperador e insano,
olhar sem brilho, álgido e fátuo.

E o pirilampo voa, revoa e se vai...
Só restam a noite, avassaladora e misteriosa
nos campos abertos, campos vastos, campos mágicos
dos sentimentos secretos e emoções reprimidas
e eu, a me esvair em versos e recordações,
fundamente ferido de encantamento e ternura,
numa fatal hemorragia de beleza e de poesia.

(Poema composto em Campinas, em 23 de junho de 1967).

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