Thursday, September 21, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Christiano Mazzola/Portal oficial da Ponte Preta)

RESULTADO RUIM, MAS PREVISTO

A goleada que a Ponte Preta sofreu, ontem, no Estádio Olímpico, por 4 a 0, para o Grêmio Portoalegrense, apesar de ter sido (óbvio) um mau resultado, já era prevista. O desnível técnico entre os dois times é muito grande. Creio que nem o mais fanático torcedor pontepretano esperava que a Macaca voltasse do Sul com os três pontos na bagagem. Quando muito, se esperava um heróico empate que, como se vê, não aconteceu. Apesar do placar elástico, essa derrota, convenhamos, não é motivo para pessimismos e nem para desânimo. Há determinados jogos que não dá mesmo para vencer, e este foi um deles. Embora a Ponte Preta não tenha mostrado um futebol exuberante, não faltaram nem esforço e nem espírito de luta à equipe. Dos gols sofridos, talvez apenas o quarto possa ser atribuído a falha da defesa. Nos demais, méritos totais para os avantes do Grêmio. Um fator que pesou bastante na atuação pontepretana foram as ausências de Fábio Baiano e de Luís Mário, dois dos jogadores mais experientes do plantel e que, ultimamente, têm dado equilíbrio ao time e favorecido Tuto a fazer seus gols. O jeito, agora, é levantar a cabeça e tocar a bola pra frente. Afinal, este resultado já não dá mais para mudar.

BUGRE PERDE A PRIMEIRA EM CASA

Pior do que a goleada sofrida pela Ponte Preta, em Porto Alegre, para o futebol de Campinas, foi a derrota do Guarani para o Remo, na terça-feira, por 1 a 0, em pleno Brinco de Ouro. Foi o primeiro tropeço bugrino em seus domínios neste Campeonato Brasileiro da Série B. O time foi afoito em certos momentos, apático em outros, e sem imaginação e criatividade o jogo todo. Até penalidade máxima desperdiçou. Há tempos que estamos alertando para a fragilidade deste plantel bugrino, ao contrário do que faz parcela expressiva da imprensa campineira, que só ilude o torcedor. Embora matematicamente tudo seja possível, objetivamente o sonho do retorno à elite do futebol brasileiro, nesta temporada, está cada vez mais distante. E, se não abrir o olho, o Guarani pode amargar novo rebaixamento. Basta atentar para as campanhas de Bahia e Vitória, no ano passado, que eram semelhantes à do Bugre neste ano. Quando ambos acordaram... já era tarde.

MAROLAS E CORNETAGENS

Bastou a Ponte Preta perder para o Grêmio, vice-líder da Série A e um dos melhores e mais bem montados times da competição, para que os adversários gratuitos da Macaca, que ainda têm a cara de pau de dizer que “defendem os interesses do clube”, e os burros corneteiros de plantão, que achando que estão fazendo o bem, só prejudicam a agremiação, colocassem as manguinhas de fora. Alguns querem por que querem que a alvi-negra seja rebaixada. Atrevo-me a dizer que ela não será. O clube já passou por outras situações muito piores, com plantéis bem inferiores ao atual, e se safou. Neste ano não será diferente. Para a Ponte Preta, tudo sempre foi difícil e dramático. Provavelmente por isso é que tenho tamanho amor a ela. Torcer para clubes ricos (aliás, dá para contar nos dedos de uma só mão quais são), com grandes torcidas e que contam com descarado favorecimento dos cartolas do futebol e de uma imprensa oportunista e parcial, é fácil. Ter fidelidade, porém, por uma entidade que luta contra tudo e contra todos, de 106 anos de existência, e que não entrega os pontos em qualquer circunstância, é que é meritório. Sou, portanto, mais Ponte Preta, e não abro.

PROPAGANDA ENGANOSA

A mais recente contratação do Guarani foi um caso típico de propaganda enganosa. Ao longo de toda a semana passada, a imprensa anunciou, com estardalhaço aos quatro ventos, que o clube iria contratar um meia experiente, que jogava num time de ponta da Série A, cujo nome estava sendo mantido sob rigoroso sigilo. A expectativa era grande sobre quem seria essa preciosidade. Seria um Carlos Alberto, do Corinthians? Não, esse já jogou mais de seis partidas pelo Timão. Seria Petkovic, do Fluminense? Também não. Ou, quem sabe, seria Kleber Santana, do Santos. Este, igualmente não poderia ser inscrito. Ao final das contas, na segunda-feira, a nova “sensação” foi apresentada. Trata-se do meia Odair (nem me lembro dele), que estava na reserva do Juventude. Sem desmerecer o atleta, que pode, até, ser um craque, foi muito barulho para pouco efeito. E assim mesmo, quase que o meia não assina contrato, pois chegou ao Brinco de Ouro acima do peso, para desgosto do técnico Luís Carlos Barbieri. Imaginem o barulho que seria feito se isso acontecesse na Ponte Preta!

DESPONTA UM NOVO BICHO-PAPÃO

O Grêmio de Porto Alegre, que no ano passado foi protagonista da mais lendária vitória da história do futebol mundial, desponta como a grande surpresa da reta final do Campeonato Brasileiro da Série A de 2006. Quietinho, sem nenhum alarde, o time foi conquistando vitória sobre vitória e já está nos calcanhares do São Paulo, cujas atuações não têm sido das mais convincentes, apesar dos seus bons resultados. O ataque gremista é arrasador e o melhor da competição (já marcou 45 gols, cinco a mais do que o tricolor paulista) . O time gaúcho ocupa a segunda colocação na tabela e não vem tomando conhecimento dos adversários, quer no Olímpico, quer fora de casa. Sem nenhuma grande estrela, é uma equipe coesa, solidária e, sobretudo, eficiente. Foi, como se vê, muito saudável a sua passagem pela Série B. Na desgraça, a torcida se uniu e jogou com o time, o que o trouxe de volta à elite. Agora, está ainda mais coesa e de olho do título brasileiro, para compensar o fato do seu maior rival, o Internacional, ter conquistado a Copa Libertadores da América.

REVELAÇÃO COMO TREINADOR

Tiro o chapéu para Renato Gaúcho, que vem se mostrando um treinador competente, o melhor da nova geração. O campeão mundial interclubes pelo Grêmio, como jogador, era temperamental e indisciplinado, apesar de craque que desequilibrava. Como técnico, porém, para surpresa de todos, vem se mostrando emérito disciplinador. Renato vem fazendo milagre com este time do Vasco que, a exceção de Morais, não conta com nenhum jogador acima da média. Chegou às finais da Copa do Brasil e vem fazendo um Campeonato Brasileiro da Série A bastante digno, com possibilidades, até, de conquistar uma vaga para a Copa Libertadores do ano que vem. Para mim, é o treinador revelação, não apenas da atual competição, mas do País nos últimos anos. Além do que, não deve ser nada fácil trabalhar sob o comando de um cartola como Eurico Miranda.

RESPINGOS...

· Tudo indica que Santa Cruz e Fortaleza (salvo uma dessas surpresas incríveis que o futebol costuma aprontar) estão irremediavelmente perdidos e serão rebaixados para a Série B do ano que vem.
· Tudo indica, também, que o Nordeste vai continuar tendo representantes na Série A, em 2007 e que ambos serão de Pernambuco: Náutico e Sport Recife.
· Por falar em Nordeste, que show que a torcida do Bahia vem dando, na Série C do Campeonato Brasileiro! No jogo contra o desconhecido Ananindeua, do Pará, o público, no Estádio Fonte Nova, passou das 40 mil pessoas. Isso que é amor ao clube!
· A carência de centroavantes no futebol brasileiro é imensa. Os grandes goleadores do País estão todos no exterior. Está na hora das escolinhas revelarem novos astros dessa posição. Não é esse o seu papel?
· Por falar em centroavante, que tal a Ponte Preta apostar em Wanderley. Não digo para jogar, mas o garoto merece, pelo menos, uma chance no banco. Afinal, jogador dessa posição é uma raridade atualmente no futebol brasileiro.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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