Friday, September 15, 2006
O pulmão do Planeta - IV
Pedro J. Bondaczuk
Volume ideal de dióxido para acelerar a fotossíntese
O dióxido de carbono, nocivo ao homem, é vital, como já vimos, às plantas. Mas há um limite de concentração para que o metabolismo vegetal ocorra. O teor desse gás no ar é de 0,03% de seu volume. O ideal, para a fotossíntese, todavia, é uma taxa quase quatro vezes maior, ou seja, de 0,1% do volume.
Com essas concentrações, obtidas artificialmente em estufas, os tomateiros, por exemplo, tiveram um rendimento três vezes superior ao normal. O mesmo ocorreu em relação ao pepino e a outras hortaliças. Conclui-se que a presença de até três vezes mais dióxido de carbono na Amazônia, do que a existente, de forma natural, não traria nenhum prejuízo às plantas. Pelo contrário. Aumentaria a sua exuberância, ao se atingir o volume ideal para o processo da fotossíntese.
Entretanto, o risco é que essa concentração, considerada benéfica, seja bem maior. A fotossíntese, então, seria inibida e poderia ser deflagrado um processo de morte da floresta, de conseqüências impossíveis de se avaliar com precisão. Isso, é claro, caso a natureza não conte com algum mecanismo desconhecido de auto-regulação, que os botânicos ainda não tenham descoberto.
A quantidade de carbono existente na Terra, em virtude do ciclo de reposição, é suficiente para uma superfície plantada que abranja, praticamente, todo o solo do Planeta, sem nenhum prejuízo. Alguns números podem esclarecer melhor a questão: um metro quadrado de superfície de folhas produz, por hora, meia grama de amido.
Para tanto, necessita de 0,25 grama de carbono. Uma árvore, de massa desidratada de 5 toneladas, contém 2,5 toneladas desse elemento, que ela retirou, no curso de toda a sua vida, de 16 milhões de metros cúbicos de ar, aproximadamente.
Ao mundo vegetal estão ligadas, estimativamente, 300 bilhões de toneladas de carbono e, ao animal, apenas 1% desse total. Por seu turno, estima-se que a atmosfera contenha 570 bilhões desse elemento. Como são absorvidos, anualmente, através da fotossíntese, entre 13 a 22 bilhões de toneladas de carbono, suas reservas chegariam rapidamente à exaustão se não houvesse esse ciclo de renovação.
Robert Mayer, descobridor da “Lei de Conservação da Energia”, definiu, com precisão, a importância da fotossíntese para a vida. Disse que “a natureza propõe-se à tarefa de captar a luz irradiada para a Terra, armazenando a mais móvel de todas as forças, em uma forma fixa. Para atingir este objetivo, povoou a crosta terrestre de organismos vivos que absorvem a luz solar, e aproveitam a energia desta força para produzirem, continuamente, uma série de processos químicos. Estes organismos são as plantas”.
(Matéria Especial, publicada na página 21, do Correio Popular, em 27 de julho de 1985).
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