Monday, September 25, 2006

Garimpeiros de sonhos


A ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Eleonor Roosevelt, afirmou, em certa ocasião, que o “futuro pertence àqueles que acreditam na busca dos seus sonhos”. É preciso sonhar alto para se alcançar a grandeza. Mas não se restringir apenas a isso, porém agir, efetiva, constante e construtivamente para dessa matéria-prima abstrata criar uma realidade concreta. Felizmente, apesar do justificado clima de desencanto da população e do injustificado derrotismo que toma conta de milhões de pessoas, há muitos, muitíssimos brasileiros que, mesmo abandonados à própria sorte, desassistidos pelos que competiam lhes dar assistência, discriminados por uma sociedade onde as desigualdades se acentuam e perenizam, são verdadeiros caçadores de sonhos.
São médicos que deixam o conforto e o luxo das grandes cidades, para praticar seu ofício onde mais se precisa dele. São professores que batalham anonimamente, nas aldeias mais remotas deste país-continente, para educar, instruir e orientar homens rudes, no ingente esforço de os integrar no mundo moderno. São pesquisadores que, carentes de recurso, buscam queimar etapas, sonhando em tirar o Brasil do atraso tecnológico e reduzir sua dependência em relação ao Primeiro Mundo.
Embora os que moram nas grandes metrópoles não acreditem que ainda haja gente assim, felizmente há. E não são poucos os idealistas, cujos esforços mantêm o País funcionando. Há os abnegados que ainda acreditam nos seus sonhos e agem para que eles vinguem. Infelizmente, tais brasileiros são anônimos. Não ganham, via de regra, espaço nos meios de comunicação. Fossem políticos corruptos, banqueiros do jogo-do-bicho, excêntricos inventando modismos passageiros ou degenerados sexuais dados a escândalos, quando não traficantes, seqüestradores ou ousados assaltantes, é provável que freqüentariam as manchetes.
Mas são homens e mulheres que resgatam nossas esperanças, embora raramente lembrados, e buscam, através de obras, conquistar seu espaço. Joseph Pulitzer acentuou que “o único cargo que...um homem em nosso mundo pode desempenhar com êxito pelo simples fato de ter nascido é o de idiota”. Benditos garimpeiros de sonhos, “donos do futuro!”.

(Capítulo do livro “Por uma nova utopia”, Pedro J. Bondaczuk, páginas 137 e 138, 1ª edição – 5 mil exemplares – fevereiro de 1998 – Editora M – São Paulo).

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