Influenciado pela magia da literatura de Jorge Luís Borges, sou, desde criança, fascinado por labirintos. Aliás, esse é um tema recorrente nos meus textos literários. Escrevi, por exemplo, há quase quatro décadas, um poema a respeito, que é, das minhas obras, a que mais me orgulha (em geral, detesto o que escrevo, sempre achando que poderia escrever melhor). E por que esse fascínio por labirintos? Somente por influência de Borges? Diria que “também”, mas “não só” por isso. É que eles simbolizam a caráter nossa vida. Quando vimos ao mundo, somos absolutamente indefesos. Não conseguimos nos locomover, nos sentar e sequer erguer a cabeça. Temos que aprender, até, a nos alimentar. Tudo nos é estranho, hostil e misterioso. Ao longo da vida, percorremos inúmeras passagens desse labirinto que adentramos ao nascer, buscando encontrar a saída. Em vão! Temos a intuição de que uma feroz assassina nos persegue, passagem após passagem, visando a nos eliminar. Escapamos dela por um certo tempo, mas nunca por “todo o tempo”. Um dia ela nos alcança e... zás! Adeus aos sonhos e às ilusões. Refiro-me, claro, à morte. E qual a solução? Creio que é gozar a vida, que é nos “presentearmos” com o máximo de satisfações que pudermos conseguir, para que, quando o “epílogo” da nossa aventura se desenhar, não venhamos a nos arrepender de termos sido excessivamente espartanos e rigorosos conosco mesmo. A propósito, o poeta maranhense, Luís Augusto Cassas, tem um poema exatamente com esse título e que, de forma muito bem-humorada, chega a idêntica conclusão que eu. Diz: “um dia lambendo as nuvens/erguida em irmãs paisagens/a sabedoria e a loucura/trocando posters-figuras/verão que o gozo é viagem/ritos de humana passagem/e erguendo aos céus nova taça/concluirão tudo passa/saboreando com arte/sorvete de chocolate”.
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