Pedro J. Bondaczuk
O sonho de todo escritor, que por algum motivo não possa se dedicar integralmente, de corpo e alma, à literatura, (via de regra em decorrência da necessidade de ganhar o “pão nosso de cada dia”, de assegurar o próprio sustento e o da família), sonha com a aposentadoria, para dedicar a totalidade do seu tempo à redação de suas memórias. Posso assegurar que não sou exceção. Estou, rigorosamente, dentro da regra.
Contudo, há uma dificuldade a mais em meu caminho. Optei por jamais me aposentar! Não por eventual necessidade financeira (graças a Deus, nesse aspecto, estou com a vida razoavelmente resolvida), mas por uma compulsão para o trabalho. Sou o que muitos chamam de “workaholic”. Ou seja, viciado em trabalhar.
É um vício incompreensível para muitos (que, certamente, me consideram um rematado imbecil), tenho certeza disso, mas que, para os que amam o que fazem, é fácil, facílimo de compreender. Sou apaixonado por jornalismo e, por mais que queira, não consigo largar dessa “cachaça”. Cuidado, portanto, você que está dando os primeiros passos na carreira jornalística. Esta é uma atividade que não somente apaixona, como “vicia”. E, depois de viciado... você jamais conseguirá viver sem ela.
Face ao exposto, surgiu-me um problema, aparentemente insolúvel. Como conciliar o jornalismo com a redação das minhas memórias? Existe alguma alternativa? Sim, e na verdade há muitas. Optei por uma delas que é como “matar dois coelhos com um único tiro”. Como ultimamente minha função básica no jornalismo (posto que não a única já que jamais deixei e nem deixarei de ser editor) é a de cronista de jornais, blogs e sites os mais diversos, pensei cá com meus botões: “por que não unir o útil ao agradável?” E é o que venho fazendo.
Passei a escrever crônicas de cunho marcadamente memoralístico. Dessa maneira, cumpro, com todo o rigor, os inúmeros compromissos que assumi (jamais dei qualquer mancada com alguém) e, simultaneamente, redijo as tão sonhadas memórias, que partilho com milhares (quiçá milhões, sabe-se lá) de leitores. E essas minhas experiências pessoais interessam a alguém? Sei lá! Creio que sim! Chego a essa conclusão face às inúmeras solicitações de novos jornais, blogs e sites por meus textos com esta característica.
Não foi por acaso, portanto, que “batizei” minha coluna bissemanal no Literário de “Ladeira da Memória”. Aliás, o objetivo da escolha desse nome foi duplo. Um deles foi o de homenagear um escritor que sempre apreciei, José Geraldo Vieira, homem de “sete instrumentos”, que além de escrever livros memoráveis, foi médico, professor de jornalismo na Faculdade Casper Líbero de São Paulo e ainda encontrou tempo e disposição para assinar uma coluna na Folha de S. Paulo, como crítico de artes plásticas.
O romance que mais me encantou, desse açoriano, que veio para o Brasil com menos de um ano de idade (mas não o único, faço questão de ressaltar), foi justamente “A ladeira da memória”. Antes que alguém me acuse de plágio, portanto, faço questão de revelar onde fui buscar inspiração para essa denominação. Esse título não é, portanto, casual. E cai como uma luva para caracterizar o teor dessas crônicas bissemanais que trago à sua apreciação, paciente e indulgente leitor, com afinco e assiduidade.
O pitoresco é que, sempre que eu descia a Ladeira da Memória (uma via pública no centro velho da capital paulista, quase que uma rampa, de tão íngreme que é), em direção ao Vale do Anhangabaú, onde ela desemboca, invejava esse nome. Já havia, claro, lido, relido e trelido o romance de José Geraldo Vieira e pensava em como aproveitar esse nome, sem que isso viesse a dar a mínima impressão de plágio.
E essa oportunidade apareceu mais de meio século depois, no Literário. Só que minhas crônicas fazem o trajeto exatamente inverso do que eu fazia no início dos anos 60. Em vez de descerem a Ladeira da Memória, sobem-na.
Resgatam para a posteridade episódios e experiências que me são caros e que (alguns) têm muito a ver com a vida e as lembranças de inúmeros leitores, que se manifestam, amiúde, a esse propósito. E o nome da minha modesta coluna, faz, sobretudo, justiça a um escritor talentosíssimo e vibrante, um tanto esquecido pelo público e pela crítica (ah, esse país sem memória!), pelo visto um workaholic como eu (a julgar pelas inúmeras atividades que exerceu), que foi esse mestre, esse crítico de artes, esse médico e, sobretudo, esse escritor, com “E” maiúsculo, José Geraldo Vieira.
O sonho de todo escritor, que por algum motivo não possa se dedicar integralmente, de corpo e alma, à literatura, (via de regra em decorrência da necessidade de ganhar o “pão nosso de cada dia”, de assegurar o próprio sustento e o da família), sonha com a aposentadoria, para dedicar a totalidade do seu tempo à redação de suas memórias. Posso assegurar que não sou exceção. Estou, rigorosamente, dentro da regra.
Contudo, há uma dificuldade a mais em meu caminho. Optei por jamais me aposentar! Não por eventual necessidade financeira (graças a Deus, nesse aspecto, estou com a vida razoavelmente resolvida), mas por uma compulsão para o trabalho. Sou o que muitos chamam de “workaholic”. Ou seja, viciado em trabalhar.
É um vício incompreensível para muitos (que, certamente, me consideram um rematado imbecil), tenho certeza disso, mas que, para os que amam o que fazem, é fácil, facílimo de compreender. Sou apaixonado por jornalismo e, por mais que queira, não consigo largar dessa “cachaça”. Cuidado, portanto, você que está dando os primeiros passos na carreira jornalística. Esta é uma atividade que não somente apaixona, como “vicia”. E, depois de viciado... você jamais conseguirá viver sem ela.
Face ao exposto, surgiu-me um problema, aparentemente insolúvel. Como conciliar o jornalismo com a redação das minhas memórias? Existe alguma alternativa? Sim, e na verdade há muitas. Optei por uma delas que é como “matar dois coelhos com um único tiro”. Como ultimamente minha função básica no jornalismo (posto que não a única já que jamais deixei e nem deixarei de ser editor) é a de cronista de jornais, blogs e sites os mais diversos, pensei cá com meus botões: “por que não unir o útil ao agradável?” E é o que venho fazendo.
Passei a escrever crônicas de cunho marcadamente memoralístico. Dessa maneira, cumpro, com todo o rigor, os inúmeros compromissos que assumi (jamais dei qualquer mancada com alguém) e, simultaneamente, redijo as tão sonhadas memórias, que partilho com milhares (quiçá milhões, sabe-se lá) de leitores. E essas minhas experiências pessoais interessam a alguém? Sei lá! Creio que sim! Chego a essa conclusão face às inúmeras solicitações de novos jornais, blogs e sites por meus textos com esta característica.
Não foi por acaso, portanto, que “batizei” minha coluna bissemanal no Literário de “Ladeira da Memória”. Aliás, o objetivo da escolha desse nome foi duplo. Um deles foi o de homenagear um escritor que sempre apreciei, José Geraldo Vieira, homem de “sete instrumentos”, que além de escrever livros memoráveis, foi médico, professor de jornalismo na Faculdade Casper Líbero de São Paulo e ainda encontrou tempo e disposição para assinar uma coluna na Folha de S. Paulo, como crítico de artes plásticas.
O romance que mais me encantou, desse açoriano, que veio para o Brasil com menos de um ano de idade (mas não o único, faço questão de ressaltar), foi justamente “A ladeira da memória”. Antes que alguém me acuse de plágio, portanto, faço questão de revelar onde fui buscar inspiração para essa denominação. Esse título não é, portanto, casual. E cai como uma luva para caracterizar o teor dessas crônicas bissemanais que trago à sua apreciação, paciente e indulgente leitor, com afinco e assiduidade.
O pitoresco é que, sempre que eu descia a Ladeira da Memória (uma via pública no centro velho da capital paulista, quase que uma rampa, de tão íngreme que é), em direção ao Vale do Anhangabaú, onde ela desemboca, invejava esse nome. Já havia, claro, lido, relido e trelido o romance de José Geraldo Vieira e pensava em como aproveitar esse nome, sem que isso viesse a dar a mínima impressão de plágio.
E essa oportunidade apareceu mais de meio século depois, no Literário. Só que minhas crônicas fazem o trajeto exatamente inverso do que eu fazia no início dos anos 60. Em vez de descerem a Ladeira da Memória, sobem-na.
Resgatam para a posteridade episódios e experiências que me são caros e que (alguns) têm muito a ver com a vida e as lembranças de inúmeros leitores, que se manifestam, amiúde, a esse propósito. E o nome da minha modesta coluna, faz, sobretudo, justiça a um escritor talentosíssimo e vibrante, um tanto esquecido pelo público e pela crítica (ah, esse país sem memória!), pelo visto um workaholic como eu (a julgar pelas inúmeras atividades que exerceu), que foi esse mestre, esse crítico de artes, esse médico e, sobretudo, esse escritor, com “E” maiúsculo, José Geraldo Vieira.
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