Pedro J. Bondaczuk
A ação é sempre um ato de fé. É fruto da crença em nossas forças, nossa capacidade e nossa criatividade. É a força irresistível que cria e destrói mundos. Mas não se age, convenhamos, quando não se acredita nos efeitos da ação, ou seja, nos resultados positivos dela. A menos, é verdade, que se esteja sob irresistível pressão, premido pelas circunstâncias, com risco iminente à integridade física, quando não à vida e, por isso, em sérios apuros.
Essa situação, porém, é diferente. Não se trata, propriamente, de ação, mas de “reação” a determinado perigo ou circunstância. Agir é sempre contar com a iniciativa. É atuar espontaneamente, sem que nada e ninguém nos induzam a essa atuação. É fazer o que tem quer ser feito à nossa maneira e no tempo que julgarmos apropriado para tal.
E essa iniciativa só temos quando acreditamos nos resultados que irão decorrer da nossa ação. Ninguém se esforça para perder propositalmente. A derrota pode acontecer (e acontece com freqüência), mas se ocorrer, será à nossa revelia. É como afirmou, com toda a pertinência, o escritor Romain Rolland: “Agir é acreditar!”.
Reitero, para nos lançarmos em qualquer empreitada, com chances mínimas de sucesso, não importa se simples ou complexa, é, pois, indispensável a ação. Planejar, refletir e analisar cada passo a ser dado é importante, mas essa atitude de prudência e bom-senso de nada nos valerá se não nos dispusermos a agir.
Não raro conquistamos vitórias que, a princípio, nos pareciam impossíveis, pela complexidade do que pretendíamos e pelos obstáculos existentes no caminho. Ainda assim, tentamos, nos esforçamos, damos o melhor de nós e nos surpreendemos com os resultados.. O fracasso, claro, sempre é uma possibilidade. Mas não devemos nos concentrar nesse risco no momento da ação. Coragem, ousadia e vontade operam muito mais milagres do que podemos sequer atinar. E fé, muita fé, absoluta e inquestionável.
Os poetas têm visão mais lúcida e objetiva da vida do que as demais pessoas, mesmo que sua postura pareça insólita, incoerente ou utópica. São estereotipados, via de regra, como sonhadores, como aqueles que mantêm a cabeça permanentemente nas nuvens e, por conseqüência, os pés fora do sólido solo da realidade. Enganam-se os que os vêem dessa maneira.
Os poetas são, na verdade, homens de ação. Às vezes, agem até demais, impulsivamente, movidos exclusivamente pela emoção, em detrimento da reflexão. Há, em contrapartida, pessoas que refletem muito, são especialistas em dar palpites, mas na hora de agir... É aquela tragédia! Omitem-se, acovardam-se, transferem tarefas que lhes competem fazer para outros. Não cometem erros, é verdade (ou os têm em menor quantidade do que os que agem), mas, pudera: nada fazem!
Os poetas (salvo exceções), por sua vez, não são assim. Não por acaso, em grego, “fazer poesia” tinha o significado de agir, de atuar, de realizar, de construir. Portanto, até semanticamente, não há nenhum exagero na reflexão de André Maurois, quando afirma que “o homem de ação é, antes de tudo, um poeta”.
A maioria das pessoas acalenta grandiosos ideais, mas muitos se limitam a sonhar com a sua concretização, sem fazer nada de prático para tornar seus sonhos reais. Isso não é ser poeta. É ser omisso! Essas pessoas projetam a ação para um remoto futuro, que nunca chega. E, em determinado momento da vida, desiludidas, dão-se por vencidas, substituindo os ideais da juventude por amarguras, frustrações e mágoas. O que temos que fazer é planejar menos e ser mais parcimoniosos nos sonhos (sem contudo, abrir mão deles) e mais vigorosos nas ações.
Para uma vida útil e produtiva, que se caracterize por algo mais nobre do que a mera sobrevivência física, precisamos ter um alvo, uma determinada meta, algo que nos desafie e nos mobilize. Temos que nos empenhar ao máximo, com disciplina, empenho e dedicação, para atingir essa culminância, sem desânimos e nem esmorecimentos.
Esclareço que há “poetas” que jamais escreveram um só verso e ainda assim merecem essa designação. São os que fazem de suas vidas inesquecíveis poesias, não importa se líricas, épicas, trágicas ou até satíricas. Sabem lidar com o sucesso e o fracasso, mas nunca deixam de agir.
Não podemos assim que alcancemos algum êxito, pelo qual tenhamos lutado com fé e sem desânimo, nos acomodar e achar que já fizemos a nossa parte. Nunca fazemos. Nossa missão jamais termina, não, pelo menos, antes da nossa morte. Há sempre novos desafios, novas empreitadas, novas conquistas a empreender.
É a isso que classifico de “viver”, e não meramente de sobreviver. É a quem age assim que chamo de “poetas” (mesmo que haja impropriedades nessa classificação) e não exatamente aos que apenas se limitam a compor versos. Nelson Mandela, uma das figuras públicas que mais admiro, por sua magnífica trajetória e espírito de conciliação, disse, certa ocasião, em memorável discurso: “Depois de escalar uma montanha muito alta, descobrimos que há muitas outras montanhas por escalar”.
Classifico-o como grande poeta, mesmo que ele não tenha escrito um único poema em sua vida (não sei se escreveu algum ou não) E nem era necessário que escrevesse. Mandela, com sua ação, criou, sobretudo, um país livre, soberano, mais justo e igualitário, dos escombros do odioso (e asqueroso) “apartheid”. Compôs, portanto, com seu exemplo de nobreza e conciliação, belíssimo poema épico que, certamente, sobreviverá ao tempo e ao esquecimento. Foi, sobretudo, um criador. Ou seja, poeta.
Criar, seja o que for, também é descobrir. É, sobretudo, ousar. É ter coragem para aceitar o risco do ridículo. É desafiar o sistema vigente com alguma novidade. É enriquecer o patrimônio da humanidade. É colher os frutos desse supremo ato com humildade. É agir. É ter fé. É, como Mandela, ser poeta, posto que não tenha composto um único e reles verso.
A ação é sempre um ato de fé. É fruto da crença em nossas forças, nossa capacidade e nossa criatividade. É a força irresistível que cria e destrói mundos. Mas não se age, convenhamos, quando não se acredita nos efeitos da ação, ou seja, nos resultados positivos dela. A menos, é verdade, que se esteja sob irresistível pressão, premido pelas circunstâncias, com risco iminente à integridade física, quando não à vida e, por isso, em sérios apuros.
Essa situação, porém, é diferente. Não se trata, propriamente, de ação, mas de “reação” a determinado perigo ou circunstância. Agir é sempre contar com a iniciativa. É atuar espontaneamente, sem que nada e ninguém nos induzam a essa atuação. É fazer o que tem quer ser feito à nossa maneira e no tempo que julgarmos apropriado para tal.
E essa iniciativa só temos quando acreditamos nos resultados que irão decorrer da nossa ação. Ninguém se esforça para perder propositalmente. A derrota pode acontecer (e acontece com freqüência), mas se ocorrer, será à nossa revelia. É como afirmou, com toda a pertinência, o escritor Romain Rolland: “Agir é acreditar!”.
Reitero, para nos lançarmos em qualquer empreitada, com chances mínimas de sucesso, não importa se simples ou complexa, é, pois, indispensável a ação. Planejar, refletir e analisar cada passo a ser dado é importante, mas essa atitude de prudência e bom-senso de nada nos valerá se não nos dispusermos a agir.
Não raro conquistamos vitórias que, a princípio, nos pareciam impossíveis, pela complexidade do que pretendíamos e pelos obstáculos existentes no caminho. Ainda assim, tentamos, nos esforçamos, damos o melhor de nós e nos surpreendemos com os resultados.. O fracasso, claro, sempre é uma possibilidade. Mas não devemos nos concentrar nesse risco no momento da ação. Coragem, ousadia e vontade operam muito mais milagres do que podemos sequer atinar. E fé, muita fé, absoluta e inquestionável.
Os poetas têm visão mais lúcida e objetiva da vida do que as demais pessoas, mesmo que sua postura pareça insólita, incoerente ou utópica. São estereotipados, via de regra, como sonhadores, como aqueles que mantêm a cabeça permanentemente nas nuvens e, por conseqüência, os pés fora do sólido solo da realidade. Enganam-se os que os vêem dessa maneira.
Os poetas são, na verdade, homens de ação. Às vezes, agem até demais, impulsivamente, movidos exclusivamente pela emoção, em detrimento da reflexão. Há, em contrapartida, pessoas que refletem muito, são especialistas em dar palpites, mas na hora de agir... É aquela tragédia! Omitem-se, acovardam-se, transferem tarefas que lhes competem fazer para outros. Não cometem erros, é verdade (ou os têm em menor quantidade do que os que agem), mas, pudera: nada fazem!
Os poetas (salvo exceções), por sua vez, não são assim. Não por acaso, em grego, “fazer poesia” tinha o significado de agir, de atuar, de realizar, de construir. Portanto, até semanticamente, não há nenhum exagero na reflexão de André Maurois, quando afirma que “o homem de ação é, antes de tudo, um poeta”.
A maioria das pessoas acalenta grandiosos ideais, mas muitos se limitam a sonhar com a sua concretização, sem fazer nada de prático para tornar seus sonhos reais. Isso não é ser poeta. É ser omisso! Essas pessoas projetam a ação para um remoto futuro, que nunca chega. E, em determinado momento da vida, desiludidas, dão-se por vencidas, substituindo os ideais da juventude por amarguras, frustrações e mágoas. O que temos que fazer é planejar menos e ser mais parcimoniosos nos sonhos (sem contudo, abrir mão deles) e mais vigorosos nas ações.
Para uma vida útil e produtiva, que se caracterize por algo mais nobre do que a mera sobrevivência física, precisamos ter um alvo, uma determinada meta, algo que nos desafie e nos mobilize. Temos que nos empenhar ao máximo, com disciplina, empenho e dedicação, para atingir essa culminância, sem desânimos e nem esmorecimentos.
Esclareço que há “poetas” que jamais escreveram um só verso e ainda assim merecem essa designação. São os que fazem de suas vidas inesquecíveis poesias, não importa se líricas, épicas, trágicas ou até satíricas. Sabem lidar com o sucesso e o fracasso, mas nunca deixam de agir.
Não podemos assim que alcancemos algum êxito, pelo qual tenhamos lutado com fé e sem desânimo, nos acomodar e achar que já fizemos a nossa parte. Nunca fazemos. Nossa missão jamais termina, não, pelo menos, antes da nossa morte. Há sempre novos desafios, novas empreitadas, novas conquistas a empreender.
É a isso que classifico de “viver”, e não meramente de sobreviver. É a quem age assim que chamo de “poetas” (mesmo que haja impropriedades nessa classificação) e não exatamente aos que apenas se limitam a compor versos. Nelson Mandela, uma das figuras públicas que mais admiro, por sua magnífica trajetória e espírito de conciliação, disse, certa ocasião, em memorável discurso: “Depois de escalar uma montanha muito alta, descobrimos que há muitas outras montanhas por escalar”.
Classifico-o como grande poeta, mesmo que ele não tenha escrito um único poema em sua vida (não sei se escreveu algum ou não) E nem era necessário que escrevesse. Mandela, com sua ação, criou, sobretudo, um país livre, soberano, mais justo e igualitário, dos escombros do odioso (e asqueroso) “apartheid”. Compôs, portanto, com seu exemplo de nobreza e conciliação, belíssimo poema épico que, certamente, sobreviverá ao tempo e ao esquecimento. Foi, sobretudo, um criador. Ou seja, poeta.
Criar, seja o que for, também é descobrir. É, sobretudo, ousar. É ter coragem para aceitar o risco do ridículo. É desafiar o sistema vigente com alguma novidade. É enriquecer o patrimônio da humanidade. É colher os frutos desse supremo ato com humildade. É agir. É ter fé. É, como Mandela, ser poeta, posto que não tenha composto um único e reles verso.
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