Pedro J. Bondaczuk
O homem é uma espécie de limite entre o infinitamente pequeno e o infinitamente grande. Conclui-se que não tem a menor importância, se relacionado ao universo. Sua pequenez é tamanha, nessa comparação, que é como se sequer existisse. É menos, muito menos, do que o menor dos micróbios já observados nos mais potentes microscópios eletrônicos. E, no entanto, conta com uma ferramenta insuperável, a consciência, que lhe permite apreender essa imensa grandeza, medi-la, até certo ponto e especular filosoficamente sobre ela.
Mas esse mesmo homem, de dimensões tão ínfimas quando comparadas ao tamanho do universo (que ninguém sabe, com certeza, se tem limites e, se tiver, quais são) é monstruosamente grande, sumamente gigantesco na comparação com as coisas e/ou seres vivos muito pequenos. E destes, ninguém, igualmente, está certo se existe algum que não encontre outro ainda menor e, se houver, qual é..
Qual o maior objeto do universo? É uma galáxia? É uma nebulosa? É um buraco-negro? Ninguém sabe e, provavelmente, jamais irá saber. E qual o menor? O átomo, hoje se sabe, não é, já que tem vários elementos componentes. O elétron, o próton e o nêutron também não são. São as partículas subatômicas? Qual delas atinge o limite da pequenez? Da mesma forma que em relação às dimensões do “grande” no universo, portanto, ninguém sabe e, provavelmente, jamais saberá.
Gosto desse tipo de digressão (que convido o paciente leitor a também fazer sempre que possa), pois ele me aproxima de uma avaliação pelo menos mais razoável da real importância do homem, sem super e nem subestimação. Somos infinitamente menos importantes do que nos sugere nossa mega-arrogância e mais valiosos do que nos indica nossa nano-autoestima.
Para medir distâncias e/ou tamanhos hiper-gigantescos e hiper-minúsculos contamos com um instrumental infalível: a Matemática. Ninguém precisa (e nem poderia, claro) medir o grande e o pequeno para conhecer suas reais dimensões. Basta aplicar as fórmulas de cálculo corretas para conhecê-las com ínfima margem de erro. Foi assim que se determinou, por exemplo, a que distância da Terra se encontra o seu satélite natural, a Lua. E quando os primeiros astronautas chegaram lá, puderam constatar que ela era rigorosamente correta. Santa Matemática!
O Sistema Internacional de Medidas convencionou estabelecer unidades para distâncias e tamanhos de objetos hiper-gigantescos e hiper-minúsculos. Como o homem não conhece esses dois limites (sequer sabe se existe algum), os estipulou por sua conta e risco. Isso não quer dizer que novos estudos e novas descobertas não levem os físicos e matemáticos a criarem novas unidades, muitíssimo maiores ou muitíssimo menores do que as existentes hoje.
A maior unidade de medida estipulada pelos cientistas é o “yota” (cujo símbolo é Y). Equivale a dez elevado à potência vinte e quatro (ou seja, 10 seguido de 24 zeros) de metros ou de quilos. A imediatamente inferior é o “zetta” (Z), de dez elevado à potência 21. Vêm, a seguir: “exa” (E), dez elevado à potência dezoito; “peta” (P), dez elevado à potência 15; “terá” (T), dez elevado à potência doze; “giga” (G), dez elevado à potência nove (quem tem computador conhece bem essa unidade para medir sua capacidade de memória); “mega” (M), dez elevado à potência seis e quilo (K), dez elevado ao cubo.
A partir daí, as medidas vão ficando cada vez menores. Temos, pois, o “hecto” (h), que equivale a dez ao quadrado; “deca” (da), dez; “deci” (d), dez elevado à potência menos um; “centi” (c), dez elevado a menos dois; “mili” (m), dez elevado a menos três; “micro” (u), dez elevado a menos seis; “nano” (n), dez elevado a menos nove; “pico” (p), dez elevado a menos doze; “femto” (f), dez elevado a menos quinze; “atto” (a), dez elevado a menos dezoito; “zepto” (z), dez elevado a menos vinte e um e “yocto” (y), dez elevado a menos vinte e quatro.
Vocês já imaginaram a diferença entre a menor e a maior dessas unidades? É um número tão grande, tão imenso, tão inconcebível que quase não cabe na telinha do computador. Imaginem em nossa mente! No entanto, alguém chegou a ele. É miraculoso! E onde está o homem em tudo isso? Está no limite entre a escala que parte do “yocto” e a que desemboca no “yota”.
Vejam como este escrevinhador é bisbilhoteiro! Fez estas tortuosas reflexões e um tanto malucas elucubrações apenas para justificar uma afirmação do poeta Gibran Khalil Gibran (que nasceu em 6 de dezembro de 1883 em Bsharri, nas montanhas do Líbano e morreu em 10 de abril de 1931, aos 57 anos de idade, no Hospital São Vicente, em Nova York, EUA).
Como informação complementar (posto que supérflua para o entendimento destas considerações), aduzo que, embora o poeta libanês tenha residido nos Estados Unidos e, por certo tempo, também na França, escreveu e publicou seus primeiros sete livros em árabe. Os oito seguintes, porém, dos quais o mais conhecido é “O Profeta”, foram escritos em inglês e com ilustrações suas, já que se tratava de um excelente desenhista e pintor.
Gibran escreveu, em um de seus poemas: “Somos o infinitamente pequeno e o infinitamente grande”. Ou seja, nossa dimensão depende do ponto de vista do observador. Em relação ao universo, medimos menos de um “yocto”. Mas, comparados, digamos, a um vírus, nossa medida seria de mais de um “yota”. Por isso, o poeta libanês concluiu: “E somos, também, o caminho entre ambos” (os infinitos, claro). Fantástico, não é fato?
O homem é uma espécie de limite entre o infinitamente pequeno e o infinitamente grande. Conclui-se que não tem a menor importância, se relacionado ao universo. Sua pequenez é tamanha, nessa comparação, que é como se sequer existisse. É menos, muito menos, do que o menor dos micróbios já observados nos mais potentes microscópios eletrônicos. E, no entanto, conta com uma ferramenta insuperável, a consciência, que lhe permite apreender essa imensa grandeza, medi-la, até certo ponto e especular filosoficamente sobre ela.
Mas esse mesmo homem, de dimensões tão ínfimas quando comparadas ao tamanho do universo (que ninguém sabe, com certeza, se tem limites e, se tiver, quais são) é monstruosamente grande, sumamente gigantesco na comparação com as coisas e/ou seres vivos muito pequenos. E destes, ninguém, igualmente, está certo se existe algum que não encontre outro ainda menor e, se houver, qual é..
Qual o maior objeto do universo? É uma galáxia? É uma nebulosa? É um buraco-negro? Ninguém sabe e, provavelmente, jamais irá saber. E qual o menor? O átomo, hoje se sabe, não é, já que tem vários elementos componentes. O elétron, o próton e o nêutron também não são. São as partículas subatômicas? Qual delas atinge o limite da pequenez? Da mesma forma que em relação às dimensões do “grande” no universo, portanto, ninguém sabe e, provavelmente, jamais saberá.
Gosto desse tipo de digressão (que convido o paciente leitor a também fazer sempre que possa), pois ele me aproxima de uma avaliação pelo menos mais razoável da real importância do homem, sem super e nem subestimação. Somos infinitamente menos importantes do que nos sugere nossa mega-arrogância e mais valiosos do que nos indica nossa nano-autoestima.
Para medir distâncias e/ou tamanhos hiper-gigantescos e hiper-minúsculos contamos com um instrumental infalível: a Matemática. Ninguém precisa (e nem poderia, claro) medir o grande e o pequeno para conhecer suas reais dimensões. Basta aplicar as fórmulas de cálculo corretas para conhecê-las com ínfima margem de erro. Foi assim que se determinou, por exemplo, a que distância da Terra se encontra o seu satélite natural, a Lua. E quando os primeiros astronautas chegaram lá, puderam constatar que ela era rigorosamente correta. Santa Matemática!
O Sistema Internacional de Medidas convencionou estabelecer unidades para distâncias e tamanhos de objetos hiper-gigantescos e hiper-minúsculos. Como o homem não conhece esses dois limites (sequer sabe se existe algum), os estipulou por sua conta e risco. Isso não quer dizer que novos estudos e novas descobertas não levem os físicos e matemáticos a criarem novas unidades, muitíssimo maiores ou muitíssimo menores do que as existentes hoje.
A maior unidade de medida estipulada pelos cientistas é o “yota” (cujo símbolo é Y). Equivale a dez elevado à potência vinte e quatro (ou seja, 10 seguido de 24 zeros) de metros ou de quilos. A imediatamente inferior é o “zetta” (Z), de dez elevado à potência 21. Vêm, a seguir: “exa” (E), dez elevado à potência dezoito; “peta” (P), dez elevado à potência 15; “terá” (T), dez elevado à potência doze; “giga” (G), dez elevado à potência nove (quem tem computador conhece bem essa unidade para medir sua capacidade de memória); “mega” (M), dez elevado à potência seis e quilo (K), dez elevado ao cubo.
A partir daí, as medidas vão ficando cada vez menores. Temos, pois, o “hecto” (h), que equivale a dez ao quadrado; “deca” (da), dez; “deci” (d), dez elevado à potência menos um; “centi” (c), dez elevado a menos dois; “mili” (m), dez elevado a menos três; “micro” (u), dez elevado a menos seis; “nano” (n), dez elevado a menos nove; “pico” (p), dez elevado a menos doze; “femto” (f), dez elevado a menos quinze; “atto” (a), dez elevado a menos dezoito; “zepto” (z), dez elevado a menos vinte e um e “yocto” (y), dez elevado a menos vinte e quatro.
Vocês já imaginaram a diferença entre a menor e a maior dessas unidades? É um número tão grande, tão imenso, tão inconcebível que quase não cabe na telinha do computador. Imaginem em nossa mente! No entanto, alguém chegou a ele. É miraculoso! E onde está o homem em tudo isso? Está no limite entre a escala que parte do “yocto” e a que desemboca no “yota”.
Vejam como este escrevinhador é bisbilhoteiro! Fez estas tortuosas reflexões e um tanto malucas elucubrações apenas para justificar uma afirmação do poeta Gibran Khalil Gibran (que nasceu em 6 de dezembro de 1883 em Bsharri, nas montanhas do Líbano e morreu em 10 de abril de 1931, aos 57 anos de idade, no Hospital São Vicente, em Nova York, EUA).
Como informação complementar (posto que supérflua para o entendimento destas considerações), aduzo que, embora o poeta libanês tenha residido nos Estados Unidos e, por certo tempo, também na França, escreveu e publicou seus primeiros sete livros em árabe. Os oito seguintes, porém, dos quais o mais conhecido é “O Profeta”, foram escritos em inglês e com ilustrações suas, já que se tratava de um excelente desenhista e pintor.
Gibran escreveu, em um de seus poemas: “Somos o infinitamente pequeno e o infinitamente grande”. Ou seja, nossa dimensão depende do ponto de vista do observador. Em relação ao universo, medimos menos de um “yocto”. Mas, comparados, digamos, a um vírus, nossa medida seria de mais de um “yota”. Por isso, o poeta libanês concluiu: “E somos, também, o caminho entre ambos” (os infinitos, claro). Fantástico, não é fato?
No comments:
Post a Comment