Amo a poesia, que tem o dom de transformar o cenário mais horrendo, num painel de beleza. Só através dela é possível vislumbrar, num pântano cinzento e apodrecido, a brancura de um solitário lírio, de pureza absoluta, que transforma, num passe de mágica, a sombria paisagem. Por suas lentes mágicas e positivas podemos vislumbrar, numa suja poça de água, o reflexo da lua e das estrelas, numa noite clara de verão. A poesia não só trata das “dores do mundo”, como as atenua e conforta. O poeta venezuelano, Eugênio Montejo, escreve, a propósito, em seu poema “A Poesia”: “A poesia cruza a terra só/apóia sua voz na dor do mundo/e nada pede/nem mesmo palavras.//Vem de longe e sem hora, nunca avisa/tem a chave da porta./Ao entrar sempre se detém a mirar-nos./Depois abre a mão e nos entrega/uma flor, um canto rodado algo secreto,/mas tão intenso que o coração palpita/demasiado veloz. E despertamos”.
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