Sunday, September 28, 2008

DIRETO DO ARQUIVO


Mundo precisa do talento americano


Pedro J. Bondaczuk


O ônibus espacial Discovery, após algumas compreensíveis horas de nervosismo, onde a contagem regressiva chegou a ser suspensa por 98 minutos por causa de um súbito vendaval que se abateu sobre Cabo Canaveral, subiu, finalmente, ontem, repondo os Estados Unidos na corrida espacial. Essa presença norte-americana no espaço é muito importante para as futuras viagens tripuladas a outros planetas do nosso sistema solar. Afinal, trata-se da maior superpotência do mundo, detentora não somente da maior riqueza, mas, e principalmente, da mais avançada e sofisticada tecnologia.

Durante a subida da nave, técnicos, astronautas e público em geral não puderam esquecer a terrível tragédia ocorrida em 26 de janeiro de 1986, quando o Challenger explodiu. A morte de seus sete tripulantes, entre os quais uma civil, a professora Christa Sharon McAulife, serviu como uma dura lição para a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa).

A Nasa, conforme ficou demonstrado no inquérito que se seguiu a esse lamentável acidente, estava se descuidando da segurança dos vôos, no afã de cumprir um vasto programa de lançamentos. Agora, tudo parece estar reformulado para as futuras missões. Cada detalhe foi levado em conta, prevendo o pior. Até estratégias alternativas de escape para astronautas, em caso de problemas em órbita, foram criadas e exaustivamente ensaiadas. Portanto, o vôo de ontem foi exemplar em todos os sentidos.

Todas as atividades humanas apresentam riscos de falhas. Ainda mais uma tão arriscada quanto esta, de colocar homens ao redor da Terra. Portanto, os norte-americanos fizeram bem em deixar o triste episódio para trás. Muita gente chegou a propor o encerramento do programa dos ônibus espaciais por causa da explosão do Challenger. Tal coisa, porém, seria lamentável para toda a humanidade, se tivesse acontecido.

O mundo precisa do arrojo e da técnica dos norte-americanos. O homem necessita disso, enquanto espécie, já que um dia precisará explorar, desbravar e conquistar novos mundos, para dar seqüência à maravilhosa aventura humana.

Estados Unidos e União Soviética, desde que unam os seus esforços, poderão tornar concretas as fantasias das viagens interplanetárias. Quanta coisa não deverá haver para ser acrescentada? Quanta riqueza, que poderá vir a se somar ao patrimônio da humanidade, não existe por aí para ser amealhada? Quanto espaço útil não há para ser conquistado e povoado por espécimes desse animal sem pêlo, cuja força reside na capacidade de seu cérebro para raciocinar? O que se espera, somente, é que ambas as superpotências utilizem seus recursos para construir, e jamais para promover o temido "doomsday", o dia do Juízo Final.

(Artigo publicado na página 11, Internacional, do Correio Popular, em 30 de setembro de 1988)

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