Divulgação é essencial
Pedro J. Bondaczuk
Um amigo de longa data, que volta e meia me inquire sobre minhas preferências literárias, me questiona, por e-mail, a respeito da poesia regional. Pergunta-me o que acho dela. Não acho nada. Da minha parte lhe respondo que, para mim, essa manifestação de sensibilidade e beleza, que é a arte de poetar, é, sobretudo, universal.
Gosto de poetas (dos bons, obviamente) de toda e qualquer parte do mundo. Para mim só existe uma distinção quando se trata de poesia: a boa e a ruim. No mais... Tudo não passa de perfumaria. Sou leitor compulsivo desse gênero e, vira e mexe, também perpetro meus versos, que já me valeram, inclusive, um prêmio de âmbito nacional. Mas essa é uma outra história.
Se tivesse, todavia, que optar por poetas de alguma determinada região do País, possivelmente optaria pelos do Nordeste. “Por que essa opção, se você é jornalista e escritor do Sul?”, me perguntou, certa feita, o referido amigo.
Não sei explicar. Nem sei se há alguma razão objetiva para isso. Talvez se trate de mera afinidade espiritual, não sei. Provavelmente isso ocorre porque os poetas nordestinos são os que mais conheço e que mais influência exercem sobre minha visão de mundo e, por conseqüência, sobre minha literatura. E olhem que eles sequer são devidamente divulgados. E como vocês sabem, divulgação é essencial. Eu é que sou incorrigível xereta, pesquiso, procuro, reviro livros e mais livros em sebos, e, no final das contas, encontro-os. E me delicio com os seus versos. Afinidade espiritual, é isso...
Os poetas de outras regiões que me perdoem. Não estou afirmando que faço pouco caso da sua poesia. Evidentemente não faço. Por isso, já afirmei acima: gosto dos bons poetas de toda e qualquer parte. Mas... se tivesse que escolher... Daí ter usado o verbo “ter” no condicional.
Esse fascínio pelos poetas nordestinos vem de longe, da minha infância. Vem desde a leitura de dois livros do maranhense Gonçalves Dias, passando pelos baianos Castro Alves e Tobias Barreto, “desaguando” na contundente e apavorante (de tão vibrante e bela que é) poesia do paraibano Augusto dos Anjos.
E não é só. Não gosto de citar nomes, pois sempre que o faço, cometo injustiças. Mas não posso omitir um Manuel Bandeira, um João Cabral de Melo Neto, um Catulo da Paixão Cearense, um Patativa do Assaré, um Joaquim Cardoso (homem de memória prodigiosa, que decorava todas as suas poesias, que eram muitas, e as declamava, uma por uma, sem mudar uma só letra ou vírgula do que havia escrito).
Também não posso, não devo e nem vou omitir poetas como Oliveira e Silva, Austero Costa, Eugênio Coimbra Filho, Audálio Alves, Mauro Mota, Carlos Pena Filho, César Leal, Edmir Domingues, Tomaz Seixas, Gonçalves de Oliveira, Carlos Moreira, Alberto Cunha Melo, Arnaldo Tobias, Cyl Gallindo, Jacy Bezerra, Jobson Figueiredo, Marcos Santander, Maria Lúcia Chiapetta, Maurício Motta, Sérgio Moacir de Albuquerque, Tarcísio Meira César e José Bezerra de Carvalho.
Como esquecer de poetas como Luís Augusto Cassas e Eduardo Pragmacio Filho, por exemplo? Ou desse tremendo talento poético (sobre o qual ainda escreverei, oportunamente, muitas considerações), que é o Talis Andrade? Ou dessa poetisa doce e sensível, que é a Evelyne Furtado, a quem trato, carinhosamente, de Veca?
Entenderam por que, se tivesse que optar por poetas de alguma região, optaria pelos do Nordeste? Não canso de ler os seus versos e de divulgá-los, com o maior entusiasmo, na esperança de que algum dia, algum generoso escritor nordestino divulgue também a minha obra (que pelo menos em volume é imensa) aí, nessa região que tanto amo por uma série de razões que não cabe, aqui, declinar, por não ser espaço oportuno para tal.
Convencer qualquer pessoa, seja lá a respeito do que for, é uma arte, e das mais difíceis. É a principal “ferramenta” de todo o vendedor que se preza. Para tanto, utiliza os mais variados argumentos para apresentar seu produto e levar a pessoa a quem oferece a se sentir tentada a adquiri-lo. E o que faz para isso?
Primeiro, exalta as qualidades da mercadoria (o que, em muitos casos, quando se trata de produto malfeito, de baixa durabilidade, é mais do que arte, descamba para a artimanha). A seguir, enfatiza a acessibilidade do seu preço, em relação aos dos concorrentes. Cita uma série de vantagens, como assistência técnica, prazo elástico de pagamento e outras tantas facilidades (que, não raro, sequer existem). Mas, o principal desafio é o de convencer o cliente em potencial da sua necessidade do produto, mesmo que ele não sirva para coisíssima alguma.
Nós, escritores, somos um pouco vendedores. Vendemos nossas idéias, pensamentos e emoções. E já nem me refiro ao aspecto de comercialização dos livros que escrevemos. Nos contatos que mantemos com as editoras, tentamos convencer os que podem publicar ou não nossas obras, da sua excelência e originalidade. A tentativa de convencimento ainda maior é a de aliciar leitores. A venda que buscamos lhe fazer, neste caso, é figurada. Ou seja, não buscamos, propriamente, convencê-lo a comprar nossos livros. Isso quem faz são as editoras.
Buscamos, sim, convencer esse ente, que é o mais importante na vida de qualquer escritor, que nossas idéias são corretas, revolucionárias e originais. Que nossos enredos são criativos e verossímeis. Que nossos poemas são autênticos, sofridos, “paridos” com dor. Uma vez convencidos, esses leitores irão determinar nosso sucesso nessa carreira tão árdua e tão instável. Essa tarefa parece fácil, mas, creiam, não é.
Pedro J. Bondaczuk
Um amigo de longa data, que volta e meia me inquire sobre minhas preferências literárias, me questiona, por e-mail, a respeito da poesia regional. Pergunta-me o que acho dela. Não acho nada. Da minha parte lhe respondo que, para mim, essa manifestação de sensibilidade e beleza, que é a arte de poetar, é, sobretudo, universal.
Gosto de poetas (dos bons, obviamente) de toda e qualquer parte do mundo. Para mim só existe uma distinção quando se trata de poesia: a boa e a ruim. No mais... Tudo não passa de perfumaria. Sou leitor compulsivo desse gênero e, vira e mexe, também perpetro meus versos, que já me valeram, inclusive, um prêmio de âmbito nacional. Mas essa é uma outra história.
Se tivesse, todavia, que optar por poetas de alguma determinada região do País, possivelmente optaria pelos do Nordeste. “Por que essa opção, se você é jornalista e escritor do Sul?”, me perguntou, certa feita, o referido amigo.
Não sei explicar. Nem sei se há alguma razão objetiva para isso. Talvez se trate de mera afinidade espiritual, não sei. Provavelmente isso ocorre porque os poetas nordestinos são os que mais conheço e que mais influência exercem sobre minha visão de mundo e, por conseqüência, sobre minha literatura. E olhem que eles sequer são devidamente divulgados. E como vocês sabem, divulgação é essencial. Eu é que sou incorrigível xereta, pesquiso, procuro, reviro livros e mais livros em sebos, e, no final das contas, encontro-os. E me delicio com os seus versos. Afinidade espiritual, é isso...
Os poetas de outras regiões que me perdoem. Não estou afirmando que faço pouco caso da sua poesia. Evidentemente não faço. Por isso, já afirmei acima: gosto dos bons poetas de toda e qualquer parte. Mas... se tivesse que escolher... Daí ter usado o verbo “ter” no condicional.
Esse fascínio pelos poetas nordestinos vem de longe, da minha infância. Vem desde a leitura de dois livros do maranhense Gonçalves Dias, passando pelos baianos Castro Alves e Tobias Barreto, “desaguando” na contundente e apavorante (de tão vibrante e bela que é) poesia do paraibano Augusto dos Anjos.
E não é só. Não gosto de citar nomes, pois sempre que o faço, cometo injustiças. Mas não posso omitir um Manuel Bandeira, um João Cabral de Melo Neto, um Catulo da Paixão Cearense, um Patativa do Assaré, um Joaquim Cardoso (homem de memória prodigiosa, que decorava todas as suas poesias, que eram muitas, e as declamava, uma por uma, sem mudar uma só letra ou vírgula do que havia escrito).
Também não posso, não devo e nem vou omitir poetas como Oliveira e Silva, Austero Costa, Eugênio Coimbra Filho, Audálio Alves, Mauro Mota, Carlos Pena Filho, César Leal, Edmir Domingues, Tomaz Seixas, Gonçalves de Oliveira, Carlos Moreira, Alberto Cunha Melo, Arnaldo Tobias, Cyl Gallindo, Jacy Bezerra, Jobson Figueiredo, Marcos Santander, Maria Lúcia Chiapetta, Maurício Motta, Sérgio Moacir de Albuquerque, Tarcísio Meira César e José Bezerra de Carvalho.
Como esquecer de poetas como Luís Augusto Cassas e Eduardo Pragmacio Filho, por exemplo? Ou desse tremendo talento poético (sobre o qual ainda escreverei, oportunamente, muitas considerações), que é o Talis Andrade? Ou dessa poetisa doce e sensível, que é a Evelyne Furtado, a quem trato, carinhosamente, de Veca?
Entenderam por que, se tivesse que optar por poetas de alguma região, optaria pelos do Nordeste? Não canso de ler os seus versos e de divulgá-los, com o maior entusiasmo, na esperança de que algum dia, algum generoso escritor nordestino divulgue também a minha obra (que pelo menos em volume é imensa) aí, nessa região que tanto amo por uma série de razões que não cabe, aqui, declinar, por não ser espaço oportuno para tal.
Convencer qualquer pessoa, seja lá a respeito do que for, é uma arte, e das mais difíceis. É a principal “ferramenta” de todo o vendedor que se preza. Para tanto, utiliza os mais variados argumentos para apresentar seu produto e levar a pessoa a quem oferece a se sentir tentada a adquiri-lo. E o que faz para isso?
Primeiro, exalta as qualidades da mercadoria (o que, em muitos casos, quando se trata de produto malfeito, de baixa durabilidade, é mais do que arte, descamba para a artimanha). A seguir, enfatiza a acessibilidade do seu preço, em relação aos dos concorrentes. Cita uma série de vantagens, como assistência técnica, prazo elástico de pagamento e outras tantas facilidades (que, não raro, sequer existem). Mas, o principal desafio é o de convencer o cliente em potencial da sua necessidade do produto, mesmo que ele não sirva para coisíssima alguma.
Nós, escritores, somos um pouco vendedores. Vendemos nossas idéias, pensamentos e emoções. E já nem me refiro ao aspecto de comercialização dos livros que escrevemos. Nos contatos que mantemos com as editoras, tentamos convencer os que podem publicar ou não nossas obras, da sua excelência e originalidade. A tentativa de convencimento ainda maior é a de aliciar leitores. A venda que buscamos lhe fazer, neste caso, é figurada. Ou seja, não buscamos, propriamente, convencê-lo a comprar nossos livros. Isso quem faz são as editoras.
Buscamos, sim, convencer esse ente, que é o mais importante na vida de qualquer escritor, que nossas idéias são corretas, revolucionárias e originais. Que nossos enredos são criativos e verossímeis. Que nossos poemas são autênticos, sofridos, “paridos” com dor. Uma vez convencidos, esses leitores irão determinar nosso sucesso nessa carreira tão árdua e tão instável. Essa tarefa parece fácil, mas, creiam, não é.
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