Viagem que segue
Pedro J. Bondaczuk
A vida pode ser comparada a uma viagem, da qual se desconhece o fim e o destino. E, de fato, todos nós, habitantes deste pequenino, mas muito especial planeta, estamos viajando no espaço desde quando nascemos. O universo é sumamente dinâmico. Nele, a cada instante, sem intervalos, galáxias, estrelas, planetas e satélites nascem. No mesmo ínterim, todavia, galáxias, estrelas, planetas e satélites se extinguem. Ou melhor, se transformam. Afinal, na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma. Inclusive cada um de nós.
A Terra é uma espécie de espaçonave (e essa afirmação sequer é metáfora, mas se trata de um fato), que há já alguns bilhões de anos (estima-se que sejam 4,5) singra o oceano do vácuo, junto com os demais planetas do nosso sistema planetário, com o Sol, com a galáxia que ele integra, no caso a Via Láctea, com as comunidades galácticas à qual pertence e sabe-se-lá com o que mais. Qual o destino dessa longa viagem? Quem é que sabe? Para onde estamos seguindo? Só podemos especular. Ou melhor, fantasiar. Explicação? Nem pensar!
Nesta viagem às cegas da nossa vida, cuja duração desconhecemos e cujo destino é mais desconhecido ainda, completamos agora nova etapa, que é o fim de um ano. Por quantas mais passaremos, até que venhamos a nos transformar, em poeira, em árvore, ou, quem sabe numa flor? Ninguém sabe e nunca saberá. Milhões de pessoas, neste momento, estão encerrando suas respectivas jornadas e delas restarão – e por algum tempo – apenas lembranças, até que até elas desapareçam e não restem os mínimos vestígios de que existiram. Afinal, na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma. Outras milhões de pessoas estão começando essa estranha viagem agora, tomando seus lugares, ignorando por quantos anos irão viajar e por quantas “estações”, como esta que ora se inicia, irão passar. Tudo é incógnito. A nave, o espaço, a viagem, o destino, a finalidade, nós etc.etc.etc.
Cada etapa dessa ora feliz, ora estafante jornada, tem sua história, tem suas circunstâncias, seus encontros e desencontros. Antes da chegada a cada uma dessas “estações”, fazemos uma quantidade imensa de planos, promessas, projetos, juras e acalentamos “n” sonhos e esperanças. Nossas resoluções, todavia (pelo menos a maioria), logo acabam esquecidas. O cenário da viagem nos distrai. As tarefas, como tripulantes desta nave, nos absorvem. Somos o que somos e raros de nós conseguimos mudar. Alteramos um hábito aqui, outro hábito ali, mas nada de profundo ou sequer perceptível.
Alegoria semelhante para a mudança de data no calendário foi feita, tempos atrás, mais especificamente em 23 de janeiro de 1966, por Austregésilo de Athayde, na crônica “Relembrar, esquecer...”, publicada em sua coluna “Vana Verba” da Revista “O Cruzeiro”. Escreveu: “Imagino a passagem de ano como quem vai viajando numa longa estrada. Surgem os campos, as montanhas, os rios, as pequenas e grandes cidades. E a marcha prossegue. Umas imagens deixam as outras esmaecidas, até que desaparecem”.
A viagem de Athayde é mais modesta do que a minha. Não é esta principiada no início dos tempos e cujo fim ninguém atina como, quando e onde será, somente fantasia. A dele ocorre neste planetazinha azul do Sistema Solar, quiçá em um único continente (provavelmente a América do Sul) e talvez seja mais limitada ainda, em um país, digamos que seja o Brasil. Passamos pelos “campos” dos dias rotineiros, daqueles que são tão suaves, que sequer deixam marcas na memória, mas que são os mais venturosos (e desejáveis).
Subimos, também, montanhas, ou seja, obstáculos que nos exigem enorme esforço. Caso sejamos determinados e fortes e, sobretudo, prudentes e sábios, atingiremos o topo. Alcançaremos o pretendido sucesso em nossas atividades. Caso contrário... Perdidos e fatigados, despencaremos no abismo do fracasso, de onde raramente conseguiremos sair.
Mesmo que logremos atingir o cimo, não poderemos nos deter mais do que o tempo necessário para recobrar forças. Em nossa jornada, novas montanhas irão nos desafiar, desde as pequenas e suaves, simulando meras colinas, às majestosas e íngremes cordilheiras, com suas escarpas, vendavais traiçoeiros e neve eterna no cimo, localizado acima das nuvens.
Nestas viagens surgem outros obstáculos, que não apenas as montanhas. Surgem rios, por exemplo, que teremos que vadear para retomarmos o caminho em nossa jornada. Estes podem ser estreitos e rasos como regatos, como pequenos ribeirões, que podemos atravessar até a pé, ou caudalosos e profundos, como os da Amazônia, por exemplo, que nos exigirão o uso de um barco, ou balsa, para a travessia.
Mas a viagem prossegue (para alguns, é claro, porquanto muitos ficam pelo caminho e se transformam em não mais que simples lembrança, até que desapareçam de vez). Nessa jornada, passa-se por pequenas povoações, por vilarejos, por minúsculas cidades ou, até mesmo, por metrópoles. As imagens se sucedem, aparecem, vão diminuindo, diminuindo, ficando esmaecidas, à medida que avançamos para, enfim, desaparecer.
E vem outra estação de parada. Mudamos mais doze páginas do calendário. E retomamos, a seguir, a viagem, até chegar a nossa hora de parar. É essa jornada compulsória, “easy rider”, cuja nova etapa empreendemos hoje, que lhes desejo que seja sumamente suave, compensadora e repleta de boas surpresas. Que as altas montanhas, abismos, rios largos e profundos e outros tantos obstáculos não surjam em nossos caminhos ao longo dos próximos 365 quilômetros, até a próxima estação. Feliz Ano Novo!!!
Acompanhe-me no twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
A vida pode ser comparada a uma viagem, da qual se desconhece o fim e o destino. E, de fato, todos nós, habitantes deste pequenino, mas muito especial planeta, estamos viajando no espaço desde quando nascemos. O universo é sumamente dinâmico. Nele, a cada instante, sem intervalos, galáxias, estrelas, planetas e satélites nascem. No mesmo ínterim, todavia, galáxias, estrelas, planetas e satélites se extinguem. Ou melhor, se transformam. Afinal, na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma. Inclusive cada um de nós.
A Terra é uma espécie de espaçonave (e essa afirmação sequer é metáfora, mas se trata de um fato), que há já alguns bilhões de anos (estima-se que sejam 4,5) singra o oceano do vácuo, junto com os demais planetas do nosso sistema planetário, com o Sol, com a galáxia que ele integra, no caso a Via Láctea, com as comunidades galácticas à qual pertence e sabe-se-lá com o que mais. Qual o destino dessa longa viagem? Quem é que sabe? Para onde estamos seguindo? Só podemos especular. Ou melhor, fantasiar. Explicação? Nem pensar!
Nesta viagem às cegas da nossa vida, cuja duração desconhecemos e cujo destino é mais desconhecido ainda, completamos agora nova etapa, que é o fim de um ano. Por quantas mais passaremos, até que venhamos a nos transformar, em poeira, em árvore, ou, quem sabe numa flor? Ninguém sabe e nunca saberá. Milhões de pessoas, neste momento, estão encerrando suas respectivas jornadas e delas restarão – e por algum tempo – apenas lembranças, até que até elas desapareçam e não restem os mínimos vestígios de que existiram. Afinal, na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma. Outras milhões de pessoas estão começando essa estranha viagem agora, tomando seus lugares, ignorando por quantos anos irão viajar e por quantas “estações”, como esta que ora se inicia, irão passar. Tudo é incógnito. A nave, o espaço, a viagem, o destino, a finalidade, nós etc.etc.etc.
Cada etapa dessa ora feliz, ora estafante jornada, tem sua história, tem suas circunstâncias, seus encontros e desencontros. Antes da chegada a cada uma dessas “estações”, fazemos uma quantidade imensa de planos, promessas, projetos, juras e acalentamos “n” sonhos e esperanças. Nossas resoluções, todavia (pelo menos a maioria), logo acabam esquecidas. O cenário da viagem nos distrai. As tarefas, como tripulantes desta nave, nos absorvem. Somos o que somos e raros de nós conseguimos mudar. Alteramos um hábito aqui, outro hábito ali, mas nada de profundo ou sequer perceptível.
Alegoria semelhante para a mudança de data no calendário foi feita, tempos atrás, mais especificamente em 23 de janeiro de 1966, por Austregésilo de Athayde, na crônica “Relembrar, esquecer...”, publicada em sua coluna “Vana Verba” da Revista “O Cruzeiro”. Escreveu: “Imagino a passagem de ano como quem vai viajando numa longa estrada. Surgem os campos, as montanhas, os rios, as pequenas e grandes cidades. E a marcha prossegue. Umas imagens deixam as outras esmaecidas, até que desaparecem”.
A viagem de Athayde é mais modesta do que a minha. Não é esta principiada no início dos tempos e cujo fim ninguém atina como, quando e onde será, somente fantasia. A dele ocorre neste planetazinha azul do Sistema Solar, quiçá em um único continente (provavelmente a América do Sul) e talvez seja mais limitada ainda, em um país, digamos que seja o Brasil. Passamos pelos “campos” dos dias rotineiros, daqueles que são tão suaves, que sequer deixam marcas na memória, mas que são os mais venturosos (e desejáveis).
Subimos, também, montanhas, ou seja, obstáculos que nos exigem enorme esforço. Caso sejamos determinados e fortes e, sobretudo, prudentes e sábios, atingiremos o topo. Alcançaremos o pretendido sucesso em nossas atividades. Caso contrário... Perdidos e fatigados, despencaremos no abismo do fracasso, de onde raramente conseguiremos sair.
Mesmo que logremos atingir o cimo, não poderemos nos deter mais do que o tempo necessário para recobrar forças. Em nossa jornada, novas montanhas irão nos desafiar, desde as pequenas e suaves, simulando meras colinas, às majestosas e íngremes cordilheiras, com suas escarpas, vendavais traiçoeiros e neve eterna no cimo, localizado acima das nuvens.
Nestas viagens surgem outros obstáculos, que não apenas as montanhas. Surgem rios, por exemplo, que teremos que vadear para retomarmos o caminho em nossa jornada. Estes podem ser estreitos e rasos como regatos, como pequenos ribeirões, que podemos atravessar até a pé, ou caudalosos e profundos, como os da Amazônia, por exemplo, que nos exigirão o uso de um barco, ou balsa, para a travessia.
Mas a viagem prossegue (para alguns, é claro, porquanto muitos ficam pelo caminho e se transformam em não mais que simples lembrança, até que desapareçam de vez). Nessa jornada, passa-se por pequenas povoações, por vilarejos, por minúsculas cidades ou, até mesmo, por metrópoles. As imagens se sucedem, aparecem, vão diminuindo, diminuindo, ficando esmaecidas, à medida que avançamos para, enfim, desaparecer.
E vem outra estação de parada. Mudamos mais doze páginas do calendário. E retomamos, a seguir, a viagem, até chegar a nossa hora de parar. É essa jornada compulsória, “easy rider”, cuja nova etapa empreendemos hoje, que lhes desejo que seja sumamente suave, compensadora e repleta de boas surpresas. Que as altas montanhas, abismos, rios largos e profundos e outros tantos obstáculos não surjam em nossos caminhos ao longo dos próximos 365 quilômetros, até a próxima estação. Feliz Ano Novo!!!
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