Temos companhia no Universo
Pedro J. Bondaczuk
O homem racional e culto acreditou, durante muitos séculos, que era o único ser inteligente do universo. A maioria ainda acredita nisso, embora as mais recentes descobertas dos astrônomos estejam abalando seriamente essa convicção.
Por paradoxal que pareça, apenas as pessoas simples, de pouca cultura e escassa instrução, creram (e crêem) na existência de extraterrestres. Estas, no entanto, situam tais criaturas apenas em planetas do nosso Sistema Solar, onde as condições de existência de vida são inóspitas. Nesta parte do Universo dificilmente haverá vida (inteligente ou não) a não ser na Terra. Talvez sejam encontradas bactérias primitivíssimas em Marte ou em Europa, uma das luas de Júpiter, no máximo.
Há exceções, mas a postura dos esclarecidos que crêem que a humanidade tem companhia, em alguma parte da vastidão universal, as torna expostas ao ridículo. Relatos de alegadas viagens em naves espaciais, afirmações de contatos diretos com hipotéticos ETs e outras fantasias do gênero, divulgadas em matérias sensacionalistas da imprensa, escritas por pessoas que não têm a mínima noção mesmo que elementar de ciências, fazem com que tais indivíduos jamais sejam levados a sério. A culpa é deles mesmos.
Até outubro de 1995, havia consenso entre os cientistas que apenas o Sol possuía um sistema planetário. As outras estrelas, por uma razão ou outra (nunca explicadas com lógica) não teriam condições de ter planetas orbitando ao seu redor. A comunidade científica foi abalada, no entanto, nessa espécie de dogma, graças aos recursos postos à disposição dos astrônomos pela moderna tecnologia espacial, com os observatórios orbitais, notadamente o telescópio Hubble, alcançando distâncias fantásticas, de até 16 bilhões de anos-luz.
Coisas com as quais os pesquisadores sequer atinavam há pouco, foram descobertas, analisadas e incorporadas ao conhecimento humano, embora nem todas ainda divulgadas pelos principais centros de pesquisa.
Em 1995, pesquisadores suíços anunciaram a descoberta de um enorme planeta em torno da estrela 51 Pegasi, situada a cerca de 40 anos-luz da Terra. Todos os cálculos e observações posteriores não deixaram a mínima dúvida sobre a existência e a natureza desse corpo planetário.
Foi rompido, então, o dogma sustentado por milênios. Acresceram-se duas descobertas simultâneas, ocorridas exatamente há um ano, em janeiro de 1996, para derrubar de vez essa teoria ilógica, mas defendida com ardor por tanto tempo, da exclusividade planetária do Sistema Solar. O "achado" foi do astrônomo, físico e matemático Geoffrey Marcy, da Universidade Estatal de San Francisco.
O cientista localizou dois novos planetas em nossa galáxia. Um gira em órbita da estrela 70 Virginis, da constelação de Virgem. É enorme. Seu tamanho é cerca de nove vezes o de Júpiter, que por sua vez é o maior do Sistema Solar (diâmetro de 141.734 quilômetros contra os 12.756 quilômetros da Terra). Seu ano orbital é de 116 dias. Ou seja, está bastante próximo do seu sol. O planeta em questão tem condições de possuir água, já que sua temperatura média é de 85 graus centígrados.
O segundo é da estrela 46 Ursae Majoris, na constelação de Ursa Maior. É três vezes maior do que Júpiter. Possui calotas geladas nos pólos, o que pressupõe a existência de água. Sua órbita é circular e seu ano é de pouco mais de três anos terrestres.
Estas três descobertas já bastariam para abalar as convicções dos que acreditam que o homem está só no Universo. Mas as previsões dos cientistas vão muito além. Steven Beckwith, do Instituto de Astronomia Max Planck, de Heidelberg, Alemanha, estima que uma infinidade de planetas será descoberta nos próximos anos, apenas na Via Láctea, onde nosso Sistema Solar está localizado.
A afirmação consta de artigo que escreveu, em parceria com Annelia Sargent, do Instituto Tecnológico da Universidade da Califórnia, em Pasadena, publicado na edição de janeiro do jornal científico "Nature". Diz o referido trabalho científico que "50% das estrelas da Via Láctea (mais de 100 bilhões) provavelmente têm sistemas planetários".
Seriam, no mínimo, 50 bilhões de "sóis", de tamanhos, brilhos e estágios de desenvolvimento diversos, com planetas orbitando ao seu redor. Será que nenhum deles tem as características físicas, químicas etc. absolutamente idênticas às da Terra? E se algum tiver, (muitos terão) terá vida! E se esta existir, haverá seres inteligentes, tão ou mais do que os homens. Certamente, não estamos sós no Universo!! Nunca estivemos!!!
(Artigo publicado no jornal "Nosso Bairro", em 29 de janeiro de 1997)
Acompanhe-me no twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
O homem racional e culto acreditou, durante muitos séculos, que era o único ser inteligente do universo. A maioria ainda acredita nisso, embora as mais recentes descobertas dos astrônomos estejam abalando seriamente essa convicção.
Por paradoxal que pareça, apenas as pessoas simples, de pouca cultura e escassa instrução, creram (e crêem) na existência de extraterrestres. Estas, no entanto, situam tais criaturas apenas em planetas do nosso Sistema Solar, onde as condições de existência de vida são inóspitas. Nesta parte do Universo dificilmente haverá vida (inteligente ou não) a não ser na Terra. Talvez sejam encontradas bactérias primitivíssimas em Marte ou em Europa, uma das luas de Júpiter, no máximo.
Há exceções, mas a postura dos esclarecidos que crêem que a humanidade tem companhia, em alguma parte da vastidão universal, as torna expostas ao ridículo. Relatos de alegadas viagens em naves espaciais, afirmações de contatos diretos com hipotéticos ETs e outras fantasias do gênero, divulgadas em matérias sensacionalistas da imprensa, escritas por pessoas que não têm a mínima noção mesmo que elementar de ciências, fazem com que tais indivíduos jamais sejam levados a sério. A culpa é deles mesmos.
Até outubro de 1995, havia consenso entre os cientistas que apenas o Sol possuía um sistema planetário. As outras estrelas, por uma razão ou outra (nunca explicadas com lógica) não teriam condições de ter planetas orbitando ao seu redor. A comunidade científica foi abalada, no entanto, nessa espécie de dogma, graças aos recursos postos à disposição dos astrônomos pela moderna tecnologia espacial, com os observatórios orbitais, notadamente o telescópio Hubble, alcançando distâncias fantásticas, de até 16 bilhões de anos-luz.
Coisas com as quais os pesquisadores sequer atinavam há pouco, foram descobertas, analisadas e incorporadas ao conhecimento humano, embora nem todas ainda divulgadas pelos principais centros de pesquisa.
Em 1995, pesquisadores suíços anunciaram a descoberta de um enorme planeta em torno da estrela 51 Pegasi, situada a cerca de 40 anos-luz da Terra. Todos os cálculos e observações posteriores não deixaram a mínima dúvida sobre a existência e a natureza desse corpo planetário.
Foi rompido, então, o dogma sustentado por milênios. Acresceram-se duas descobertas simultâneas, ocorridas exatamente há um ano, em janeiro de 1996, para derrubar de vez essa teoria ilógica, mas defendida com ardor por tanto tempo, da exclusividade planetária do Sistema Solar. O "achado" foi do astrônomo, físico e matemático Geoffrey Marcy, da Universidade Estatal de San Francisco.
O cientista localizou dois novos planetas em nossa galáxia. Um gira em órbita da estrela 70 Virginis, da constelação de Virgem. É enorme. Seu tamanho é cerca de nove vezes o de Júpiter, que por sua vez é o maior do Sistema Solar (diâmetro de 141.734 quilômetros contra os 12.756 quilômetros da Terra). Seu ano orbital é de 116 dias. Ou seja, está bastante próximo do seu sol. O planeta em questão tem condições de possuir água, já que sua temperatura média é de 85 graus centígrados.
O segundo é da estrela 46 Ursae Majoris, na constelação de Ursa Maior. É três vezes maior do que Júpiter. Possui calotas geladas nos pólos, o que pressupõe a existência de água. Sua órbita é circular e seu ano é de pouco mais de três anos terrestres.
Estas três descobertas já bastariam para abalar as convicções dos que acreditam que o homem está só no Universo. Mas as previsões dos cientistas vão muito além. Steven Beckwith, do Instituto de Astronomia Max Planck, de Heidelberg, Alemanha, estima que uma infinidade de planetas será descoberta nos próximos anos, apenas na Via Láctea, onde nosso Sistema Solar está localizado.
A afirmação consta de artigo que escreveu, em parceria com Annelia Sargent, do Instituto Tecnológico da Universidade da Califórnia, em Pasadena, publicado na edição de janeiro do jornal científico "Nature". Diz o referido trabalho científico que "50% das estrelas da Via Láctea (mais de 100 bilhões) provavelmente têm sistemas planetários".
Seriam, no mínimo, 50 bilhões de "sóis", de tamanhos, brilhos e estágios de desenvolvimento diversos, com planetas orbitando ao seu redor. Será que nenhum deles tem as características físicas, químicas etc. absolutamente idênticas às da Terra? E se algum tiver, (muitos terão) terá vida! E se esta existir, haverá seres inteligentes, tão ou mais do que os homens. Certamente, não estamos sós no Universo!! Nunca estivemos!!!
(Artigo publicado no jornal "Nosso Bairro", em 29 de janeiro de 1997)
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