Genuína fidelidade
Pedro J. Bondaczuk
A fidelidade é uma das mais nobres virtudes, que se torna (infelizmente) cada vez mais rara nos dias que correm. Somente sendo fiéis – às pessoas, aos princípios, às causas que nos empolguem, aos nobres ideais e aos valores que cultivarmos e, sobretudo, a nós mesmos – nos tornamos plenamente confiáveis. Apenas agindo dessa forma teremos o direito de exigir reciprocidade dos outros. Ou seja, que os que nos rodeiam e que convivem conosco ajam da mesma forma.
A fidelidade essencial, contudo, que devemos levar às últimas conseqüências, é para com quem amamos. É em relação a quem nos dedique (e por quem venhamos a nutrir) amizade. É para quem confie no nosso talento e na nossa capacidade produtiva e nos prestigie quando o mundo todo nos vira as costas e se volta contra nós. Há pessoas assim? Não sei! Respondam vocês. Eu, da minha parte, creio que haja.
A vida é constituída de escolhas, cuja exatidão vai determinar nosso sucesso ou fracasso, felicidade ou amargura, bem ou mal. Escolhemos profissões, companhias, amizades etc. e até clubes de futebol para torcer. Somos sempre instados a escolher alguém ou alguma coisa, e não nos é permitido errar. Essas escolhas têm que ser estudadas, ponderadas e, sobretudo, cautelosas.
Se escolhermos certo, é sábio e prudente nos mantermos fiéis a essas escolhas. Caso contrário... Temos que descartar o que foi escolhido equivocadamente (amor, amizade, causa etc.). Isso não caracteriza infidelidade, mas reciclagem. Persistir no erro é que é grande burrice. É saudável, necessário e indispensável fazermos revisões periódicas de nossas crenças, amizades, preferências etc. – para testar sua veracidade e intensidade – e analisar o conjunto de valores que norteiam e direcionam nossa vida.
Trata-se de atitude sábia, que só nos traz benefícios ao impedir que incorramos (ou permaneçamos) em erro. Aquilo em que acreditamos é o roteiro pelo qual pautamos pensamentos, sentimentos e atos. Na vida impera a lei natural da causa e conseqüência. Tudo o que fizermos, de bom ou de ruim, nos trará resultados de idêntica natureza. Não podemos nos manter fiéis ao que nos prejudique, desvalorize ou que, até, mesmo que apenas potencialmente, possa nos matar.
Precisamos uns dos outros, é fato. Ninguém é auto-suficiente, o que é para lá de óbvio. O cronista Mário da Silva Brito escreveu, em uma crônica de 1961, publicada no Suplemento Literário do jornal "O Estado de São Paulo": "Nunca fui eu só, ou só eu. Mas todos os outros. Os antepassados, os que me rodeiam, os que pertencem ao meu tempo. Os que amo e até os desconhecidos. Estou feito de pedaços. Sou uma soma de múltiplas parcelas humanas. Consigo somar até quantidades heterogêneas".
Todos somos assim. Nosso próximo tende a nos enriquecer (ou depreciar), a ampliar (ou estreitar) nossos horizontes e a estimular (ou deprimir) em nós o espírito de competição, sem o qual, desde que sadio, ninguém se sente motivado para qualquer realização (mesmo quando se opõe a nós). Mas pode, como ressaltei, igualmente, nos corromper, desvalorizar, diminuir e até nos matar.
As verdadeiras amizades, que duram para sempre e crescem, mais e mais, à medida que o tempo passa, são livres, espontâneas, sem regras nem obrigações. Não impõem deveres nem cobranças de parte a parte. Não restringem idéias e comportamentos e dispensam censuras, elogios ou reprimendas.
Existem, belas, simples, livres e soltas, como fenômenos naturais e inexplicáveis. Sequer requerem explicações. Desenvolvem, mutuamente, espontânea gratidão, que nem mesmo exige declaração. Os amigos lêem nos olhos uns dos outros esse sentimento, que os aproxima ainda mais. O complicado é identificar tais amizades. É ter certeza que de fato existem e apresentam essas características. Como saber? Nunca se sabe!
Albert Einstein escreveu em seu livro “Como vejo o mundo”: "Centenas de vezes por dia lembro a mim mesmo que minha vida interior e exterior depende dos labores de outros homens, vivos e mortos, e que preciso esforçar-me para dar na mesma medida em que tenho recebido e estou recebendo". É a essas pessoas que devemos fidelidade irrestrita, desde que, claro, se mostrem merecedoras dela.
Minhas reflexões diárias, posto que espontâneas e livres – e, portanto, descompromissadas – estas que partilho com quem me é fiel e leal (ou que julgo que o seja), não passam disso: são frágil tentativa da minha parte de retribuir, um pouco, o muito de carinho, atenção e incentivo que recebo de todos vocês. Mesmo dos que se mantêm silenciosos e anônimos, como imperceptíveis sombras, e cuja presença percebo, apenas, pelos rastros sutis e inidentificáveis que deixam. Muito obrigado por sua fidelidade, que anseio, fervorosamente, que seja genuína.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
A fidelidade é uma das mais nobres virtudes, que se torna (infelizmente) cada vez mais rara nos dias que correm. Somente sendo fiéis – às pessoas, aos princípios, às causas que nos empolguem, aos nobres ideais e aos valores que cultivarmos e, sobretudo, a nós mesmos – nos tornamos plenamente confiáveis. Apenas agindo dessa forma teremos o direito de exigir reciprocidade dos outros. Ou seja, que os que nos rodeiam e que convivem conosco ajam da mesma forma.
A fidelidade essencial, contudo, que devemos levar às últimas conseqüências, é para com quem amamos. É em relação a quem nos dedique (e por quem venhamos a nutrir) amizade. É para quem confie no nosso talento e na nossa capacidade produtiva e nos prestigie quando o mundo todo nos vira as costas e se volta contra nós. Há pessoas assim? Não sei! Respondam vocês. Eu, da minha parte, creio que haja.
A vida é constituída de escolhas, cuja exatidão vai determinar nosso sucesso ou fracasso, felicidade ou amargura, bem ou mal. Escolhemos profissões, companhias, amizades etc. e até clubes de futebol para torcer. Somos sempre instados a escolher alguém ou alguma coisa, e não nos é permitido errar. Essas escolhas têm que ser estudadas, ponderadas e, sobretudo, cautelosas.
Se escolhermos certo, é sábio e prudente nos mantermos fiéis a essas escolhas. Caso contrário... Temos que descartar o que foi escolhido equivocadamente (amor, amizade, causa etc.). Isso não caracteriza infidelidade, mas reciclagem. Persistir no erro é que é grande burrice. É saudável, necessário e indispensável fazermos revisões periódicas de nossas crenças, amizades, preferências etc. – para testar sua veracidade e intensidade – e analisar o conjunto de valores que norteiam e direcionam nossa vida.
Trata-se de atitude sábia, que só nos traz benefícios ao impedir que incorramos (ou permaneçamos) em erro. Aquilo em que acreditamos é o roteiro pelo qual pautamos pensamentos, sentimentos e atos. Na vida impera a lei natural da causa e conseqüência. Tudo o que fizermos, de bom ou de ruim, nos trará resultados de idêntica natureza. Não podemos nos manter fiéis ao que nos prejudique, desvalorize ou que, até, mesmo que apenas potencialmente, possa nos matar.
Precisamos uns dos outros, é fato. Ninguém é auto-suficiente, o que é para lá de óbvio. O cronista Mário da Silva Brito escreveu, em uma crônica de 1961, publicada no Suplemento Literário do jornal "O Estado de São Paulo": "Nunca fui eu só, ou só eu. Mas todos os outros. Os antepassados, os que me rodeiam, os que pertencem ao meu tempo. Os que amo e até os desconhecidos. Estou feito de pedaços. Sou uma soma de múltiplas parcelas humanas. Consigo somar até quantidades heterogêneas".
Todos somos assim. Nosso próximo tende a nos enriquecer (ou depreciar), a ampliar (ou estreitar) nossos horizontes e a estimular (ou deprimir) em nós o espírito de competição, sem o qual, desde que sadio, ninguém se sente motivado para qualquer realização (mesmo quando se opõe a nós). Mas pode, como ressaltei, igualmente, nos corromper, desvalorizar, diminuir e até nos matar.
As verdadeiras amizades, que duram para sempre e crescem, mais e mais, à medida que o tempo passa, são livres, espontâneas, sem regras nem obrigações. Não impõem deveres nem cobranças de parte a parte. Não restringem idéias e comportamentos e dispensam censuras, elogios ou reprimendas.
Existem, belas, simples, livres e soltas, como fenômenos naturais e inexplicáveis. Sequer requerem explicações. Desenvolvem, mutuamente, espontânea gratidão, que nem mesmo exige declaração. Os amigos lêem nos olhos uns dos outros esse sentimento, que os aproxima ainda mais. O complicado é identificar tais amizades. É ter certeza que de fato existem e apresentam essas características. Como saber? Nunca se sabe!
Albert Einstein escreveu em seu livro “Como vejo o mundo”: "Centenas de vezes por dia lembro a mim mesmo que minha vida interior e exterior depende dos labores de outros homens, vivos e mortos, e que preciso esforçar-me para dar na mesma medida em que tenho recebido e estou recebendo". É a essas pessoas que devemos fidelidade irrestrita, desde que, claro, se mostrem merecedoras dela.
Minhas reflexões diárias, posto que espontâneas e livres – e, portanto, descompromissadas – estas que partilho com quem me é fiel e leal (ou que julgo que o seja), não passam disso: são frágil tentativa da minha parte de retribuir, um pouco, o muito de carinho, atenção e incentivo que recebo de todos vocês. Mesmo dos que se mantêm silenciosos e anônimos, como imperceptíveis sombras, e cuja presença percebo, apenas, pelos rastros sutis e inidentificáveis que deixam. Muito obrigado por sua fidelidade, que anseio, fervorosamente, que seja genuína.
Acompanhe-me pelo twitter: @bondaczuk
No comments:
Post a Comment