De um pesadelo a outro
Pedro J. Bondaczuk
O leitor certamente irá notar um hiato, uma espécie de anticlímax nestas narrativas das minhas reminiscências das copas do mundo que acompanhei ao abordar a final do mundial de 1998, na França. Na verdade, ao não abordá-la, para ser mais preciso, pois é isso o que farei. Vou omiti-la.
E por que agirei assim? Porque não sei o que dizer sobre aquele jogo disputado em 12 de julho de 1998, no Stade de France, em que fomos batidos por 3 a 0 pela França e no qual Zinedine Zidane (que no meu modo de entender foi muito mais endeusado do que sua capacidade técnica merecia) deitou e rolou na nossa atarantada defesa. O que dizer desse confronto? Que a Seleção Brasileira tremeu? Que entregou o jogo? Que os onze jogadores escalados por Zagallo pareciam zumbis em campo? Foi essa a impressão que tive na época.
Os 3 a 0 que os francese4s nos aplicaram não condiziam com os respectivos estágios técnicos das duas seleções. Contestem os que quiseram me contestar, mas nossa equipe era, com todas as suas deficiências e limitações, infinitamente melhor do que a da França. O futebol, às vezes, tem desses caprichos e contradições. Ou seja, tem determinadas jornadas em que o inferior deita e rola sobre o superior. E aquele foi o caso. O que aconteceu, de fato, naquele 12 de julho? Sinceramente, não faço a menor idéia. Só posso especular a respeito. E você leitor, sabe, mas sabe mesmo, o que ocorreu? Duvido! Mas... em todo o caso...
Pois é, o Brasil saiu de um pesadelo, que foi a estranha perda da copa de 1998, para entrar em outro, tão incômodo e aterrador quanto, que foi a disputa das eliminatórias para o primeiro mundial na Ásia, o de 2002. Foram as primeiras no atual formato, em que os dez representantes da América do Sul se enfrentaram, todos contra todos, em turno e returno, em disputa por pontos corridos, em que os quatro melhores se classificaram de forma direta e o quinto teve a chance de disputar uma repescagem com o campeão da Oceania.
O Brasil quase, mas quase mesmo, ficou de fora da grande festa do futebol, compartilhada (pela primeira vez) por dois países, no caso, Coréia do Sul e Japão. Classificou-se, sem a necessidade de repescagem, apenas no último jogo. Até isso acontecer, foi um troca-troca infernal de jogadores e de técnicos. Foram utilizados, por exemplo, o equivalente a quatro times completos. A Seleção esteve sob o comando de quatro treinadores diferentes, cada qual com seu grupo preferido e sua própria concepção de jogo: Vanderlei Luxemburgo, Emerson Leão, Candinho e Luís Felipe Scolari.
Nessa estranhíssima campanha, sofremos o maior número de derrotas de nossa história, em qualquer competição que já tenhamos disputado. Será difícil esse recorde negativo ser superado. Foi um período terrível, em que tivemos que nos conformar com sucessivos vexames e com as gozações dos nossos vizinhos de continente, notadamente de “los hermanos” argentinos. Todavia, quem ri por último, ri melhor.
Apenas três das nove seleções sul-americanas nossas adversárias não nos venceram nessas eliminatórias: Colômbia, Peru e Venezuela. Obtivemos três empates e vencemos nove vezes, somando 30 pontos no total. Ufa! Por pouco, pouquíssimo que deixamos de ir a uma copa e justo a primeira do século XXI, a inaugural do terceiro milênio.
As vitórias brasileiras nessa campanha foram, pela ordem: Equador (3 a 2 em 26 de abril de 2000). Peru (1 a 0 em 4 de junho de 2000), Argentina (3 a 1 em 26 de julho de 2000), Bolívia (5 a 0 em 5 de setembro de 2000), Venezuela (6 a 0 em 3 de outubro de 2000), Colômbia (1 a 0 em 15 de novembro de 2000), Paraguai (2 a 0 em 15 de agosto de 2001), Chile (2 a 0 em 7 de outubro de 2001) e Venezuela (3 a 0 em 14 de novembro de 2001).
Os empates brasileiros foram: Colômbia (0 a 0 em 28 de março de 2000), Uruguai (1 a 1 em 28 de junho de 2000) e Peru (1 a 1 em 25 de abril de 2001).
O Brasil perdeu para as seguintes seleções: Paraguai (2 a 1 em 18 de julho de 2000), Chile (3 a 0 em 15 de agosto de 2000), Equador (1 a 0 em 28 de março de 2001), Uruguai (1 a 0 em 1 de julho de 2001), Argentina (2 a 1 em 5 de setembro de 2001) e Bolívia (3 a 1 em 7 de novembro de 2001). E pensar que até 1993 o Brasil não havia sofrido uma única derrota em eliminatórias! Como os tempos mudaram!!!
Pedro J. Bondaczuk
O leitor certamente irá notar um hiato, uma espécie de anticlímax nestas narrativas das minhas reminiscências das copas do mundo que acompanhei ao abordar a final do mundial de 1998, na França. Na verdade, ao não abordá-la, para ser mais preciso, pois é isso o que farei. Vou omiti-la.
E por que agirei assim? Porque não sei o que dizer sobre aquele jogo disputado em 12 de julho de 1998, no Stade de France, em que fomos batidos por 3 a 0 pela França e no qual Zinedine Zidane (que no meu modo de entender foi muito mais endeusado do que sua capacidade técnica merecia) deitou e rolou na nossa atarantada defesa. O que dizer desse confronto? Que a Seleção Brasileira tremeu? Que entregou o jogo? Que os onze jogadores escalados por Zagallo pareciam zumbis em campo? Foi essa a impressão que tive na época.
Os 3 a 0 que os francese4s nos aplicaram não condiziam com os respectivos estágios técnicos das duas seleções. Contestem os que quiseram me contestar, mas nossa equipe era, com todas as suas deficiências e limitações, infinitamente melhor do que a da França. O futebol, às vezes, tem desses caprichos e contradições. Ou seja, tem determinadas jornadas em que o inferior deita e rola sobre o superior. E aquele foi o caso. O que aconteceu, de fato, naquele 12 de julho? Sinceramente, não faço a menor idéia. Só posso especular a respeito. E você leitor, sabe, mas sabe mesmo, o que ocorreu? Duvido! Mas... em todo o caso...
Pois é, o Brasil saiu de um pesadelo, que foi a estranha perda da copa de 1998, para entrar em outro, tão incômodo e aterrador quanto, que foi a disputa das eliminatórias para o primeiro mundial na Ásia, o de 2002. Foram as primeiras no atual formato, em que os dez representantes da América do Sul se enfrentaram, todos contra todos, em turno e returno, em disputa por pontos corridos, em que os quatro melhores se classificaram de forma direta e o quinto teve a chance de disputar uma repescagem com o campeão da Oceania.
O Brasil quase, mas quase mesmo, ficou de fora da grande festa do futebol, compartilhada (pela primeira vez) por dois países, no caso, Coréia do Sul e Japão. Classificou-se, sem a necessidade de repescagem, apenas no último jogo. Até isso acontecer, foi um troca-troca infernal de jogadores e de técnicos. Foram utilizados, por exemplo, o equivalente a quatro times completos. A Seleção esteve sob o comando de quatro treinadores diferentes, cada qual com seu grupo preferido e sua própria concepção de jogo: Vanderlei Luxemburgo, Emerson Leão, Candinho e Luís Felipe Scolari.
Nessa estranhíssima campanha, sofremos o maior número de derrotas de nossa história, em qualquer competição que já tenhamos disputado. Será difícil esse recorde negativo ser superado. Foi um período terrível, em que tivemos que nos conformar com sucessivos vexames e com as gozações dos nossos vizinhos de continente, notadamente de “los hermanos” argentinos. Todavia, quem ri por último, ri melhor.
Apenas três das nove seleções sul-americanas nossas adversárias não nos venceram nessas eliminatórias: Colômbia, Peru e Venezuela. Obtivemos três empates e vencemos nove vezes, somando 30 pontos no total. Ufa! Por pouco, pouquíssimo que deixamos de ir a uma copa e justo a primeira do século XXI, a inaugural do terceiro milênio.
As vitórias brasileiras nessa campanha foram, pela ordem: Equador (3 a 2 em 26 de abril de 2000). Peru (1 a 0 em 4 de junho de 2000), Argentina (3 a 1 em 26 de julho de 2000), Bolívia (5 a 0 em 5 de setembro de 2000), Venezuela (6 a 0 em 3 de outubro de 2000), Colômbia (1 a 0 em 15 de novembro de 2000), Paraguai (2 a 0 em 15 de agosto de 2001), Chile (2 a 0 em 7 de outubro de 2001) e Venezuela (3 a 0 em 14 de novembro de 2001).
Os empates brasileiros foram: Colômbia (0 a 0 em 28 de março de 2000), Uruguai (1 a 1 em 28 de junho de 2000) e Peru (1 a 1 em 25 de abril de 2001).
O Brasil perdeu para as seguintes seleções: Paraguai (2 a 1 em 18 de julho de 2000), Chile (3 a 0 em 15 de agosto de 2000), Equador (1 a 0 em 28 de março de 2001), Uruguai (1 a 0 em 1 de julho de 2001), Argentina (2 a 1 em 5 de setembro de 2001) e Bolívia (3 a 1 em 7 de novembro de 2001). E pensar que até 1993 o Brasil não havia sofrido uma única derrota em eliminatórias! Como os tempos mudaram!!!
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