Pedro J. Bondaczuk
Sol quente,
crestante,
potente,
constante,
infernal.
Meio-dia!
É sinal:
prenuncia
temporal.
Nuvens de carvão
ou, talvez, quem sabe,
feitas de algodão
(definir não cabe)
embebido em piche,
quase a respingar,
cor de azeviche
abafam o ar.
Guarda-chuva sob o braço,
com olhar distante e baço,
roupa puída e surrada,
sem querer ou pensar nada
cheiro agridoce de terra
(a neblina esconde a serra)
sem que eu pressinta o perigo,
sem nenhuma pressa eu sigo.
Um gigante eriça o pêlo,
reluta, depois se arrisca:
atrita pedras de gelo,
provoca raios, faísca.
O gigante gargalha, então.
Sua gargalhada ressoa,
e no ar opressivo ecoa
em um assustador trovão.
Forte vento agita o arvoredo.
Chorar o gigante resolve.
Causa pasmo, tensão e medo.
Temporal! Assusto-me! Chove...
(Poema composto em Campinas em 12 de março de 1968)
Sol quente,
crestante,
potente,
constante,
infernal.
Meio-dia!
É sinal:
prenuncia
temporal.
Nuvens de carvão
ou, talvez, quem sabe,
feitas de algodão
(definir não cabe)
embebido em piche,
quase a respingar,
cor de azeviche
abafam o ar.
Guarda-chuva sob o braço,
com olhar distante e baço,
roupa puída e surrada,
sem querer ou pensar nada
cheiro agridoce de terra
(a neblina esconde a serra)
sem que eu pressinta o perigo,
sem nenhuma pressa eu sigo.
Um gigante eriça o pêlo,
reluta, depois se arrisca:
atrita pedras de gelo,
provoca raios, faísca.
O gigante gargalha, então.
Sua gargalhada ressoa,
e no ar opressivo ecoa
em um assustador trovão.
Forte vento agita o arvoredo.
Chorar o gigante resolve.
Causa pasmo, tensão e medo.
Temporal! Assusto-me! Chove...
(Poema composto em Campinas em 12 de março de 1968)
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