Vivemos intermináveis despedidas, mesmo que não venhamos a nos dar conta. Despedimo-nos (cedo demais) da infância, da adolescência, da maturidade, do amanhã que se torna hoje e do agora que se faz passado. Despedimo-nos das pessoas amadas, às vezes com a certeza de reencontros, outras, sabendo que não haverá volta. Despedimo-nos de amigos, dos quais nos separamos por causa das circunstâncias, e de inimigos que nos atormentavam ou ameaçavam. Despedimo-nos da cidade que nascemos, dos lugares que amamos, de casas, de trabalhos e de escolas. A vida caracteriza-se por encontros e desencontros, saudações e adeuses. Rainer Maria Rilke escreveu o seguinte a respeito, nos versos finais da sua “Oitava elegia”: “Quem nos fez virar de tal maneira que,/façamos o que for, imitamos a postura/de quem se vai? Como aquele que do alto/do derradeiro monte, a desdobrar-lhe uma outra vez ainda/seu vale todo, volta-se, detém-se e se demora –/assim vivemos nós em despedida sempre”.
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