Temas negligenciados
Pedro J. Bondaczuk
Ainda vivo o impacto (positivo, é claro) da escolha da cidade do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, apesar de já fazer algum tempo que isso ocorreu. Esse fato, e o da opção da Fifa, pelo nosso país, para promover a Copa do Mundo de futebol de 2014, suscitam-me uma série de reflexões que, como sempre faço, compartilho com vocês. Encaro as questões tanto pelo lado do ônus quanto do bônus. Ou seja, tanto no aspecto da responsabilidade e dos gastos para a promoção dos dois megaeventos, quanto das oportunidades e vantagens que ambos podem gerar.
Sobre o primeiro item, deixo os comentários para outras ocasiões. Afinal, muito se falará sobre ele nos próximos quatro e, principalmente, nos próximos seis anos. Tudo na vida tem um preço e essas duas preciosas oportunidades para o Brasil se projetar em âmbito internacional não poderiam deixar de ter, por conseqüência, os seus.
O que me interessa, todavia, são as vantagens. E nem me refiro ao incremento do turismo, aos investimentos que as redes hoteleiras do mundo todo certamente farão em nosso país e nem às oportunidades imensas de lucro das empreiteiras e à maciça absorção de mão de obra, gerando empregos e mais empregos. Preocupo-me com a maneira como nós, escritores, poderemos tirar vantagens desse provável maciço afluxo de visitantes do mundo todo ao Brasil.
É público e notório que nossos principais cartões postais – além da exuberância da natureza, do fascínio despertado pela Amazônia, pelo Pantanal e pela própria Cidade Maravilhosa nos que sonham visitar o Brasil – são o carnaval e o futebol. Todavia, ambos são temas praticamente negligenciados por nossos escritores, que os mencionam (quando o fazem, claro), apenas incidentalmente em seus textos. No entanto, os dois são fontes inesgotáveis para darmos asas à imaginação e produzir poemas, contos, novelas e romances em profusão.
Muitos dirão que há diversos livros versando sobre futebol circulando por aí. E há mesmo. Mas se essas pessoas atentarem bem, perceberão que são, via de regra, histórias sobre os clubes mais tradicionais, sobre torcidas organizadas, quando não compêndios, em formato de almanaques, com históricos e estatísticas sobre as principais competições. Não é a esse tipo de literatura que me refiro. Esse existe, de fato, e em quantidade até considerável. Refiro-me à ficção, a romances, contos, novelas e até peças teatrais.
Mesmo na poesia, são raríssimos os poemas que versam sobre esta que é a grande paixão nacional. Mas a dramaticidade que uma disputa futebolística encerra e a plasticidade de muitos lances, propiciam inspiração de sobra para nossos poetas produzirem toneladas de versos. Por que não o fazem? Boa pergunta! Estranhamente, poucos recorrem, e mesmo assim apenas incidentalmente, a esse quase inesgotável filão.
Contos, novelas e romances, que tenham o futebol como pano de fundo, conheço raríssimos. Nos Estados Unidos, os escritores locais são mais atentos e ágeis aos comportamentos e gostos sociais locais. Só sobre baseball, por exemplo, conheço pelo menos vinte bons romances. Li outros tantos sobre basquete e, principalmente, sobre a grande paixão esportiva ianque, que é o futebol americano.
Nossos escritores, porém, me parecem “puristas” em excesso. Conversando a esse propósito com vários deles, justificaram a omissão sob o pretexto de não se tratar de tema “sério”. Ora, ora, ora. O que eles entendem por seriedade? Ademais, qual é o maior objetivo dos bons ficcionistas se não o de emprestar o máximo de verossimilhança às histórias que narram? O futebol não existe? E o Carnaval? Não são assuntos que, volta e meia, dominam as rodas de conversa entre amigos? Os critérios de “seriedade” ou de falta dela são sumamente subjetivos e indeterminados.
Da minha parte, proponho-me a beber dessa fonte o máximo que puder. Meu livro “Lance fatal”, por exemplo – que já está à venda no site da Editora Barauna (WWW.editorabarauna.com.br) e na rede da Livraria Cultura em todo o País – tem o futebol como pano de fundo em todos os contos que contém, a partir da história que lhe dá título. Já tenho outro escrito, intitulado “Passarela de sonhos”, que pretendo publicar em breve, e que só contém histórias de carnaval. Portanto, amigos, mãos à obra.
Há muito, muitíssimo trabalho a se fazer, e não somente no que se refere à construção de estádios, à melhoria da nossa infraestrutura, à garantia da segurança da população e dos visitantes, etc.etc.etc. Temos importantíssima tarefa pela frente, que é a de consolidar, divulgar e valorizar nossa arte e nossa cultura. Mãos à obra, pois. Afinal, parodiando Cazuza, “o tempo não pára!”
Pedro J. Bondaczuk
Ainda vivo o impacto (positivo, é claro) da escolha da cidade do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016, apesar de já fazer algum tempo que isso ocorreu. Esse fato, e o da opção da Fifa, pelo nosso país, para promover a Copa do Mundo de futebol de 2014, suscitam-me uma série de reflexões que, como sempre faço, compartilho com vocês. Encaro as questões tanto pelo lado do ônus quanto do bônus. Ou seja, tanto no aspecto da responsabilidade e dos gastos para a promoção dos dois megaeventos, quanto das oportunidades e vantagens que ambos podem gerar.
Sobre o primeiro item, deixo os comentários para outras ocasiões. Afinal, muito se falará sobre ele nos próximos quatro e, principalmente, nos próximos seis anos. Tudo na vida tem um preço e essas duas preciosas oportunidades para o Brasil se projetar em âmbito internacional não poderiam deixar de ter, por conseqüência, os seus.
O que me interessa, todavia, são as vantagens. E nem me refiro ao incremento do turismo, aos investimentos que as redes hoteleiras do mundo todo certamente farão em nosso país e nem às oportunidades imensas de lucro das empreiteiras e à maciça absorção de mão de obra, gerando empregos e mais empregos. Preocupo-me com a maneira como nós, escritores, poderemos tirar vantagens desse provável maciço afluxo de visitantes do mundo todo ao Brasil.
É público e notório que nossos principais cartões postais – além da exuberância da natureza, do fascínio despertado pela Amazônia, pelo Pantanal e pela própria Cidade Maravilhosa nos que sonham visitar o Brasil – são o carnaval e o futebol. Todavia, ambos são temas praticamente negligenciados por nossos escritores, que os mencionam (quando o fazem, claro), apenas incidentalmente em seus textos. No entanto, os dois são fontes inesgotáveis para darmos asas à imaginação e produzir poemas, contos, novelas e romances em profusão.
Muitos dirão que há diversos livros versando sobre futebol circulando por aí. E há mesmo. Mas se essas pessoas atentarem bem, perceberão que são, via de regra, histórias sobre os clubes mais tradicionais, sobre torcidas organizadas, quando não compêndios, em formato de almanaques, com históricos e estatísticas sobre as principais competições. Não é a esse tipo de literatura que me refiro. Esse existe, de fato, e em quantidade até considerável. Refiro-me à ficção, a romances, contos, novelas e até peças teatrais.
Mesmo na poesia, são raríssimos os poemas que versam sobre esta que é a grande paixão nacional. Mas a dramaticidade que uma disputa futebolística encerra e a plasticidade de muitos lances, propiciam inspiração de sobra para nossos poetas produzirem toneladas de versos. Por que não o fazem? Boa pergunta! Estranhamente, poucos recorrem, e mesmo assim apenas incidentalmente, a esse quase inesgotável filão.
Contos, novelas e romances, que tenham o futebol como pano de fundo, conheço raríssimos. Nos Estados Unidos, os escritores locais são mais atentos e ágeis aos comportamentos e gostos sociais locais. Só sobre baseball, por exemplo, conheço pelo menos vinte bons romances. Li outros tantos sobre basquete e, principalmente, sobre a grande paixão esportiva ianque, que é o futebol americano.
Nossos escritores, porém, me parecem “puristas” em excesso. Conversando a esse propósito com vários deles, justificaram a omissão sob o pretexto de não se tratar de tema “sério”. Ora, ora, ora. O que eles entendem por seriedade? Ademais, qual é o maior objetivo dos bons ficcionistas se não o de emprestar o máximo de verossimilhança às histórias que narram? O futebol não existe? E o Carnaval? Não são assuntos que, volta e meia, dominam as rodas de conversa entre amigos? Os critérios de “seriedade” ou de falta dela são sumamente subjetivos e indeterminados.
Da minha parte, proponho-me a beber dessa fonte o máximo que puder. Meu livro “Lance fatal”, por exemplo – que já está à venda no site da Editora Barauna (WWW.editorabarauna.com.br) e na rede da Livraria Cultura em todo o País – tem o futebol como pano de fundo em todos os contos que contém, a partir da história que lhe dá título. Já tenho outro escrito, intitulado “Passarela de sonhos”, que pretendo publicar em breve, e que só contém histórias de carnaval. Portanto, amigos, mãos à obra.
Há muito, muitíssimo trabalho a se fazer, e não somente no que se refere à construção de estádios, à melhoria da nossa infraestrutura, à garantia da segurança da população e dos visitantes, etc.etc.etc. Temos importantíssima tarefa pela frente, que é a de consolidar, divulgar e valorizar nossa arte e nossa cultura. Mãos à obra, pois. Afinal, parodiando Cazuza, “o tempo não pára!”
No comments:
Post a Comment