Amor e desamor
Pedro J. Bondaczuk
O amor e o seu oposto – que gosto de chamar de “desamor”, em vez de ódio – são os temas recorrentes mais usados por todos os escritores, de todos os lugares e épocas, na redação dos seus livros. Quer em ficção, quer em não ficção, implícita ou explicitamente, o assunto está sempre presente, de uma forma ou de outra, dando certo ou fracassando, resultando em êxtase e realização, ou em ciúmes, frustrações, sofrimentos e, não raro, crimes passionais.
Até aqui, eu não disse nada de novo. Vocês, certamente, estão carecas de saber isso. Aliás, cabe uma explicação. Chamo de desamor não à aversão (superficial ou profunda) de uma pessoa por outra. Denomino assim aquele amor abortado, ou seja, ou o que é somente unilateral (em que alguém gosta de alguém, mas não é correspondido) ou o que até começa bem, mas que finda por decepcionar uma das partes, depois que conhece melhor o parceiro e conclui que este não satisfaz suas expectativas (físicas, emocionais e/ou afetivas).
Apesar do título destas considerações, não é bem desse aspecto que vou tratar. É de algo mais insólito e original. Você já ouviu falar de “amor ecológico”? Não me refiro ao que devemos ter pela natureza (do qual, certamente, já foi cientificado), mas do que um homem dedica a uma mulher, e que seja politicamente correto”. Ou melhor, “ecologicamente correto”.
Quem traz o pitoresco tema à baila é a escritora norte-americana Stefanie Íris Weiss, no livro “Eco-sex”. Ela não trata, na verdade, propriamente do amor enquanto sentimento, mas de um ato que pode (ou não) ser seu complemento natural: o sexo.
Aliás, o lançamento dessa obra, que tende a causar muita polêmica, está previsto para os próximos dias, mas nos Estados Unidos. Já no Brasil.... Provavelmente, teremos que esperar um ano ou mais para termos acesso a ela.
Weiss justifica da seguinte forma a escolha do tema: “Eu sempre quis escrever um livro sobre sexo. Sou ambientalista engajada e sou vegetariana há vinte anos. Eu mal pude acreditar quando percebi que ninguém tinha escrito nada sobre esse assunto”, afirmou à agência de notícias Reuters.
Calma lá, leitor, juro que não estou brincando. Vem aí um livro, uma espécie de manual, para ensinar-nos a fazer sexo “ecologicamente correto”. Era só o que faltava! A escritora, de 38 anos de idade, cita comportamentos afetivos, e/ou sexuais, que a seu ver contribuem para a agressão do meio ambiente. Menciona, por exemplo, aquele tradicional buquê de rosas que damos à amada no Dia dos Namorados ou por ocasião do seu aniversário.
Weiss entende que, apesar da nossa boa intenção, esse é um procedimento errado. Argumenta que, ao fazer isso, nos esquecemos do custo ambiental que a produção dessas flores traz e, pior, da emissão de carbono que se dá dos veículos usados para o transporte dos locais de plantação para as várias floriculturas. Bah! Então estou contribuindo para o efeito-estufa quando dou rosas (ou margaridas, ou sei lá o quê) à amada?!!!! Nossa, eu não sabia!!!!
Quanto ao ato sexual (ponto que ela mais aborda, evidentemente, em seu livro, daí o título), enfatiza os estragos causados ao meio ambiente pelas camisinhas usadas e jogadas na privada, que entopem os encanamentos ou que chegam aos esgotos, para, no final, possivelmente, poluírem rios e oceanos.
Mas Weiss não se limita a apontar deslizes ecológicos do amor e do sexo (principalmente deste). Apresenta alternativas “ecologicamente corretas” para amarmos e, notadamente, para copularmos. Entre estas, destaca a necessidade do uso apenas de cosméticos naturais orgânicos, de camisinhas de látex biodegradável e de colchões de borracha natural, entre tantas e tantas e tantas outras coisas.
A recomendação mais radical, porém, para darmos nossa contribuição à saúde do Planeta, é a de “termos poucos filhos, de preferência, nenhum”. Lembra que, se nada for feito nesse sentido, o mundo terá, já em 2040, nove bilhões de habitantes. “Pense nos 90% das fraldas descartáveis vendidas todos os anos e que acabam nos aterros sanitários!”, enfatiza.
Pois é, só não sei em que categoria temática classificar o livro “Eco-Sex”: se na de amor ou de desamor. Uma coisa é certa: esta bateu todos os recordes de originalidade (ou seria de exagero? Ou de maluquice?). Enfim... Literatura também tem dessas coisas!
Acompanhe-me no twitter: @bondaczuk
Pedro J. Bondaczuk
O amor e o seu oposto – que gosto de chamar de “desamor”, em vez de ódio – são os temas recorrentes mais usados por todos os escritores, de todos os lugares e épocas, na redação dos seus livros. Quer em ficção, quer em não ficção, implícita ou explicitamente, o assunto está sempre presente, de uma forma ou de outra, dando certo ou fracassando, resultando em êxtase e realização, ou em ciúmes, frustrações, sofrimentos e, não raro, crimes passionais.
Até aqui, eu não disse nada de novo. Vocês, certamente, estão carecas de saber isso. Aliás, cabe uma explicação. Chamo de desamor não à aversão (superficial ou profunda) de uma pessoa por outra. Denomino assim aquele amor abortado, ou seja, ou o que é somente unilateral (em que alguém gosta de alguém, mas não é correspondido) ou o que até começa bem, mas que finda por decepcionar uma das partes, depois que conhece melhor o parceiro e conclui que este não satisfaz suas expectativas (físicas, emocionais e/ou afetivas).
Apesar do título destas considerações, não é bem desse aspecto que vou tratar. É de algo mais insólito e original. Você já ouviu falar de “amor ecológico”? Não me refiro ao que devemos ter pela natureza (do qual, certamente, já foi cientificado), mas do que um homem dedica a uma mulher, e que seja politicamente correto”. Ou melhor, “ecologicamente correto”.
Quem traz o pitoresco tema à baila é a escritora norte-americana Stefanie Íris Weiss, no livro “Eco-sex”. Ela não trata, na verdade, propriamente do amor enquanto sentimento, mas de um ato que pode (ou não) ser seu complemento natural: o sexo.
Aliás, o lançamento dessa obra, que tende a causar muita polêmica, está previsto para os próximos dias, mas nos Estados Unidos. Já no Brasil.... Provavelmente, teremos que esperar um ano ou mais para termos acesso a ela.
Weiss justifica da seguinte forma a escolha do tema: “Eu sempre quis escrever um livro sobre sexo. Sou ambientalista engajada e sou vegetariana há vinte anos. Eu mal pude acreditar quando percebi que ninguém tinha escrito nada sobre esse assunto”, afirmou à agência de notícias Reuters.
Calma lá, leitor, juro que não estou brincando. Vem aí um livro, uma espécie de manual, para ensinar-nos a fazer sexo “ecologicamente correto”. Era só o que faltava! A escritora, de 38 anos de idade, cita comportamentos afetivos, e/ou sexuais, que a seu ver contribuem para a agressão do meio ambiente. Menciona, por exemplo, aquele tradicional buquê de rosas que damos à amada no Dia dos Namorados ou por ocasião do seu aniversário.
Weiss entende que, apesar da nossa boa intenção, esse é um procedimento errado. Argumenta que, ao fazer isso, nos esquecemos do custo ambiental que a produção dessas flores traz e, pior, da emissão de carbono que se dá dos veículos usados para o transporte dos locais de plantação para as várias floriculturas. Bah! Então estou contribuindo para o efeito-estufa quando dou rosas (ou margaridas, ou sei lá o quê) à amada?!!!! Nossa, eu não sabia!!!!
Quanto ao ato sexual (ponto que ela mais aborda, evidentemente, em seu livro, daí o título), enfatiza os estragos causados ao meio ambiente pelas camisinhas usadas e jogadas na privada, que entopem os encanamentos ou que chegam aos esgotos, para, no final, possivelmente, poluírem rios e oceanos.
Mas Weiss não se limita a apontar deslizes ecológicos do amor e do sexo (principalmente deste). Apresenta alternativas “ecologicamente corretas” para amarmos e, notadamente, para copularmos. Entre estas, destaca a necessidade do uso apenas de cosméticos naturais orgânicos, de camisinhas de látex biodegradável e de colchões de borracha natural, entre tantas e tantas e tantas outras coisas.
A recomendação mais radical, porém, para darmos nossa contribuição à saúde do Planeta, é a de “termos poucos filhos, de preferência, nenhum”. Lembra que, se nada for feito nesse sentido, o mundo terá, já em 2040, nove bilhões de habitantes. “Pense nos 90% das fraldas descartáveis vendidas todos os anos e que acabam nos aterros sanitários!”, enfatiza.
Pois é, só não sei em que categoria temática classificar o livro “Eco-Sex”: se na de amor ou de desamor. Uma coisa é certa: esta bateu todos os recordes de originalidade (ou seria de exagero? Ou de maluquice?). Enfim... Literatura também tem dessas coisas!
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