Saturday, October 21, 2006

Ninho vazio


Pedro J. Bondaczuk

O nosso ninho de amor está vazio.
A rosa dos meus sonhos jaz sem pétalas...
A brisa chora a hora dos fantasmas
em meus olhos de areia e de praia...

O Tempo, em sua fome cronológica,
saboreia o prato gordo dos dias
em enormes garfadas de segundos.
Depois, arrota, ruidosamente, o ontem
sonhando devorar o amanhã.

A saudade brota fontes em meus olhos
e emana a tristeza de ontem
cristalizada em pérolas enormes
que o Tempo dissolve em xerez...

De nossa imensa esperança louca
resta aquela palmeira esguia
a baloiçar, solitária, ao vento.

O Tempo tudo devora, a vida é fria...
Meus olhos secos já não vêem o futuro,
pois nosso ninho de amor está vazio...


(Poema composto em Campinas, em 24 de abril de 1967 e publicado na "Gazeta do Rio Pardo", em 19 de maio de 1968 e no jornal "O Município", de São João da Boa Vista, em 25 de dezembro de 1969).

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