Monday, January 15, 2007

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Do site oficial da A. A. Ponte Preta)

TIME DEIXA DÚVIDAS E TEMORES

O novo time da Ponte Preta, montado inicialmente para a disputa do Campeonato Paulista da Série A-1 (que começa depois de amanhã) e da Copa do Brasil, é uma incógnita para a nossa torcida e, creio, também, para a nossa diretoria. Depois de dispensar 22 jogadores e contratar nove, a impressão que se tem (espero que seja errada) é que se trocou, apenas, seis por meia dúzia. Espero, claro, (e insisto), estar equivocado. Há duas posições na equipe em que as carências são gritantes: as duas laterais. Hoje, os chamados alas são valorizadíssimos no mercado. Quem não tem, procura, desesperado, contratar. Quem tem, segura com as duas mãos esses jogadores, ciente de que atletas dessa posição não estão sobrando por aí. Pelo contrário. No primeiro teste, o novo time da Ponte Preta até que se saiu bem, goleando a Internacional de Limeira por 4 a 1. No segundo, porém, ocorrido ontem, na cidade de Jacutinga, teve uma apresentação “burocrática”. Por conseqüência, perdeu para o apenas razoável Comercial de Ribeirão Preto, por 2 a 0. Depois de amanhã tem, pela frente, logo de cara, uma pedreira: o Corinthians. E, convenhamos, pela camisa, tradição, plantel e excelente treinador que dispõe, é muitos furos melhor do que o Bafo ribeiropretano. Este será o verdadeiro teste para o novo time da Ponte Preta. Tomara que surpreenda a todo o mundo e dê uma boa largada no Campeonato. Mas não se pode negar que esse grupo ainda não inspira confiança. Pelo menos por enquanto.

BUGRINOS COM A PULGA ATRÁS DA ORELHA

Se a torcida pontepretana está preocupada com o novo time da Macaca, depois da derrota de ontem, por 2 a 0, para o Comercial, a bugrina está não só de sobreaviso, mas apavorada com a perspectiva de um novo desastre do Guarani na temporada que, para o Bugre, começa na quinta-feira, diante da Portuguesa, no Canindé. O novo grupo, composto por jogadores na sua maioria jovens (e ilustres desconhecidos) pelo menos nos dois jogos-treinos que realizou nos últimos dias, se deu mal. É verdade que algumas das caras novas mostraram serviço e provaram que têm lá suas qualidades (casos do volante Roberto, do lateral Lucas e do meio-campista Lê). Mas o time, no geral, não se houve bem. Não revelou, entre outras coisas, o mínimo entrosamento. Mostrou, isso sim, preocupantes deficiências nos três compartimentos: defesa, meio de campo e ataque. No primeiro teste, no meio da semana, o Guarani perdeu para o SEV-Hortolândia, que disputa a Série A-3, por 2 a 1. E a torcida teve que agüentar muitas gozações dos rivais (eu fui um dos que gozaram os bugrinos). No segundo, ocorrido no sábado, contra uma equipe mais qualificada, o Paulista de Jundiaí, se deu muito pior. Foi goleado por 3 a 0, sem esboçar lá grande reação. O técnico Waguinho Dias tenta tranqüilizar a torcida com o discurso de sempre: de que treino é treino e jogo é jogo. Tudo bem. Mas o que não sai da cabeça do torcedor bugrino é a tragédia da temporada passada, quando o Guarani foi rebaixado por duas vezes. É nisso que ele não quer pensar sequer remotamente.

MATADOR CHEGA FALANDO GROSSO

As declarações do novo matador da Ponte Preta, Finazzi – que depois de marchas e contramarchas foi, finalmente, apresentado, de forma oficial, na sexta-feira, como o grande reforço do clube para a presente temporada – me agradaram bastante, e creio que a toda a torcida pontepretana. Gosto de pessoas assim, que confiam no seu taco e não têm medo de assumir responsabilidades. O atleta disse estar consciente das expectativas depositadas em seu futebol e garantiu que não vai decepcionar ninguém. Tomara, Finazzi, tomara. Desde a saída de Washington que o time não tem aquele importante ponto de referência no ataque, o homem-gol, o matador confiável que, sem firulas, coloca a bola na rede adversária tantas vezes quantas forem as oportunidades que surgirem. É verdade que a Ponte, nesse inteirim, teve bons centroavantes. Foram os casos de Weldom, Tico e Kahê, por exemplo. Mas nenhum deles tinha o carisma do segundo maior artilheiro da história do clube, que continua brilhando em gramados japoneses e infernizando as defesas adversárias, fazendo gols e mais gols. Tanto que, em 2006, conquistou, de novo, a artilharia de J-League. Finazzi tem tudo para, se não for um novo Washington, pelo menos se aproximar bastante dele. E a julgar pelo que prometeu... Ele sabe (e até disse isso na coletiva que concedeu) que a torcida vai cobrar. Mas disse que não tem medo de cobranças. E não é para temer mesmo. É para corresponder às expectativas!

COMUNIDADE BUGRINA DE LUTO

A comunidade bugrina está de luto com a morte, ontem, aos 90 anos de idade, de um dos mais eficientes e competentes presidentes da sua história. Refiro-me a Jaime Silva, que presidiu o clube em 1958, 1960, 1961, 1962, 1964 e 1967, numa época em que os mandatos presidenciais eram de apenas um ano. Esse carioca (tio do capitão da seleção brasileira que conquistou o tri-campeonato mundial em 1970 no México, Carlos Alberto Torres) veio para Campinas em 1956, designado para ser o delegado da Receita Federal na cidade. Apaixonou-se pelo Guarani e, apenas dois anos depois, já era o seu presidente. Além de investir na montagem de grandes times, preocupou-se com o patrimônio. Foi o responsável, por exemplo, pela ampliação do Brinco de Ouro, com o fechamento do anel norte, atual setor do placar eletrônico, e pela iluminação do estádio, com a instalação dos refletores. Sua morte foi, sem dúvida, uma perda irreparável, não apenas para a comunidade bugrina, mas para o futebol da cidade, do Estado e do País. Nossas respeitosas homenagens póstumas, pois, a esse ilustre desportista.

MENINOS DÃO A VOLTA POR CIMA

Os garotos de Campinas, tanto da Ponte Preta, quanto do Guarani, deram a volta por cima. Ambos os times conquistaram suas respectivas vagas para a próxima fase da Copa São Paulo de Futebol Junior, depois de quatro anos sem conseguir essa façanha. Neste ano, quem ficou pelo caminho foi justamente aquele clube que nas três edições anteriores havia salvado a honra do futebol da cidade. Refiro-me ao jovem Campinas, eliminado, ontem, pela boa equipe do Juventude. Os meninos comandados por Roberto Teixeira fizeram até mais bonito. Calaram a boca dos pessimistas, que davam a eliminação da Macaca como favas contadas. Derrotaram, nada mais, nada menos que os donos da casa, o Rio Branco de Americana, tidos e havidos como favoritos absolutos à primeira colocação do grupo, após as duas goleadas que haviam imposto aos adversários anteriores (Genus, por 8 a 0 e Avaí, por 4 a 1). Futebol, porém, não se ganha nos prognósticos, mas nas quatro linhas do gramado. E lá, os meninos pontepretanos nem tomaram conhecimento do favoritismo do time local. Sapecaram um placar que não deixa dúvidas da sua superioridade: 3 a 0. Já o Bugre, conquistou a vaga apenas pelo índice técnico, como o 8º melhor segundo colocado da primeira fase. Não deixa de ser um alento, pois, para o sofrido futebol campineiro, após o desastroso ano de 2006, em que tudo de ruim que se possa imaginar aconteceu.

SELEÇÃO COM VOCAÇÃO OFENSIVA

A Seleção Brasileira Sub-20 pode não ter jogado um futebol soberbo, brilhante, de alta qualidade técnica nas três partidas que jogou na fase classificatória do Campeonato Sul-Americano da categoria, que se disputa no Paraguai. Mostrou, todavia, inequívoca vocação ofensiva. Ganhou por 4 a 2, do Chile; por 2 a 1, do Peru e por 3 a 0, da Bolívia, com nove gols de belíssima feitura, o que é raro. Hoje, já classificada para o hexagonal decisivo, a meninada canarinho define a liderança do grupo contra o dono da casa, o Paraguai, o responsável pela não ida da nossa equipe para as Olimpíadas de Atenas, em 2002. Três jogadores vêm se destacando neste grupo, um dos quais já teve a oportunidade, inclusive, de vestir a camisa titular da Seleção Brasileira sob o comando de Dunga, no caso, o volante Lucas, do Grêmio Portoalegrense. Os outros dois destaques são o meia Leandro Lima, do São Caetano, e a nova sensação do futebol brasileiro, Alexandre Pato, pelo seu oportunismo e vocação para artilheiro. A seguir nesse passo, é mais do que provável que esta geração consiga o que a anterior não conseguiu. Ou seja, não apenas a classificação para as Olimpíadas de Pequim, mas, e principalmente, a tão sonhada medalha de ouro olímpica, único título que o futebol penta-campeão do mundo ainda não tem.

RESPINGOS...

· O Palmeiras mantém a tradição. É o único dos chamados “grandes” paulistas que nunca conquistou uma Copa São Paulo, em suas 38 edições. E não vai conquistar também a deste ano, já que foi eliminado, ontem, pelo Taubaté, ao ser derrotado pelos meninos do Vale do Paraíba por 2 a 0.
· Outro grande que deu vexame na Copinha foi o Vasco da Gama. Não conseguiu, sequer, passar para a segunda fase e perdeu, ontem, para o São José, por 2 a 0.
· Corinthians e São Paulo são apontados como os favoritos para conquistar a Copa São Paulo deste ano. Pago para ver! Há times muito bons no caminho, como o Goiás, o Internacional de Porto Alegre e o Atlético Mineiro.
· O adversário da Ponte Preta, na fase de mata-mata da Copinha, será o sempre perigoso América de Belo Horizonte. Sem dúvida, uma pedreira.
· O Bugre vai enfrentar, na seqüência da Copa São Paulo, uma das zebras da competição, o bom time do Porto, de Caruaru, Pernambuco.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

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