Wednesday, January 31, 2007

REFLEXÃO DO DIA


Quem foi que disse, e baseado em que dados concretos, que um idoso é, necessariamente, um peso, um ser humano desinteressante, improdutivo e acabado, que apenas serve de estorvo? É assim, porém, que boa parte da sociedade age. Todavia, há exemplos e mais exemplos de pessoas que se mantiveram ativas, produtivas, indispensáveis até e que foram celebridades para além dos 70 anos. Beberam o cálice da vida até a última gota, porque tinham o que oferecer ao mundo e o fizeram com competência e generosidade. Todo ser humano que sabe se valorizar e lutar por uma causa, qualquer que ela seja; que ocupa sua mente com idéias construtivas e nunca com lembranças (boas ou ruins) de um passado que não se recupera jamais, tem essa característica. É não somente útil, nem apenas necessário, mas, sobretudo, indispensável!

Obsessão pelo figurino


Pedro J. Bondaczuk


O cronista João do Rio, que anda um tanto esquecido pela atual geração e que já foi considerado uma espécie de "árbitro do comportamento" do carioca lá pelos idos dos anos 20, (era um Stanislaw Ponte Preta do seu tempo) abordou, em uma de suas centenas de crônicas, essa verdadeira obsessão que as pessoas têm pelos modismos. Retratou com maestria todo esse empenho delas para estarem, por exemplo, trajadas de acordo com a moda do momento – mesmo que se trate mais de uma fantasia carnavalesca, de tão ridícula e caricata que é, do que de uma vestimenta – ou para usarem o jargão em voga (composto por chulices inomináveis) ou para fazerem qualquer coisa considerada "moderna".

Trata-se de vã tentativa de aparecer, daqueles que não têm estrutura, fundamento, cultura e nada que os destaque da massa, senão uma forçada (artificialíssima) excentricidade. É uma desesperada busca pela popularidade (ou pelo popularesco?), na impossibilidade de conseguir a verdadeira notoriedade que advém do talento, da competência, do esforço, da sensibilidade e da inteligência.

Todos querem, evidentemente, o seu espaço público. Lutam para serem reconhecidos, valorizados e, se possível, glorificados pelos semelhantes. Alguns fazem disso um objetivo de vida. A diferença é que os competentes agem, de forma consistente e prática, para isso. A maioria não.

João do Rio constatou: "Tudo no mundo é cada vez mais figurino. O figurino é a obsessão contemporânea. Se os antigos falavam de quatro idades, sendo que na última, na de ferro, fugiu da terra para o azul a verdade, nesta agora o figurino impera. Estamos na era da exasperante ilusão, do artificialismo, do papel pintado, das casas pintadas, das almas pintadas".

Ressalte-se que esta crônica foi escrita há mais de oitenta anos. No entanto, como é fácil de se observar, é atualíssima. O artificial, o forçado, o falso, o "prêt-a-porter", o "use e jogue fora" estão cada vez mais na ordem do dia. As pessoas como que se defendem da vida, em vez de viver. Esmeram-se em artificialismos, em "papéis pintados, casas pintadas, almas pintadas".

Olavo Bilac, anos antes, em 19 de março de 1917, em uma palestra sobre Bocage na Sociedade de Cultura Artística de São Paulo, já havia abordado essa obsessão pela popularidade. Observou, em certo trecho:

"É tão fácil ser popular! Terríveis assassinos, exímios ladrões, grandes devassos alcançam facilmente uma celebridade mais vasta do que a que logram os mais altos benfeitores da humanidade e os mais claros servidores da arte".

O poeta esqueceu, apenas, de dizer o quanto essa súbita fama é efêmera. Enquanto as feras humanas, os bandidos e os pilantras de todas as espécies são esquecidos em questão de dias e retornam para sempre à sua anônima mediocridade, as obras dos homens notáveis os mantêm vivos na memória coletiva através de gerações. E quanto mais o tempo passa, mais fica valorizado o que estes últimos fizeram.

A popularidade, além de incômoda, é volátil. Acaba sendo, na verdade, uma praga, um vírus, uma doença para os que são por ela atingidos. Quem não a administra de forma conveniente (e raros têm esse dom), termina a vida de maneira melancólica: esquecido, amargurado e se sentindo agredido pela ingratidão alheia (de que, na maioria das vezes, sequer é merecedor).

Na mesma citada palestra de Olavo Bilac, o poeta adverte: "O homem renomado perde a propriedade de si mesmo, e fica escravo da pior das tiranias, que é a tirania exercida pela multidão". E esta é um monstro disforme, sem rosto, sem alma, sem memória e sem lembrança. Alimenta-se de escândalos e de desgraças. Veja-se o caso de Bocage. Foi, sem dúvida, um dos mais perfeitos e completos poetas do seu tempo.

Dotado de sensibilidade ímpar, de rima fácil e métrica perfeita, escrevia versos como poucos antes e depois dele o fizeram. Contudo, em determinado (e curto) período de sua vida, usou seu talento para fazer galhofa, envolvendo-se em polêmicas desnecessárias e tolas com desafetos.

O escândalo, não há dúvida, lhe trouxe popularidade, se era isso o que buscava. E, claro, problemas com os atingidos por suas "gracinhas". Todo o seu trabalho artístico, consistente e sério, acabou esquecido. O que restou do poeta foi um farto anedotário, que não lhe faz justiça.

Bocage acabou atropelado pela popularidade que tanto buscou e que tem um preço. E têm sido vãos os esforços dos críticos que procuram resgatar a essência da sua verdadeira obra, fundamental para a literatura portuguesa (e, por conseqüência, brasileira), pelas inovações que implantou.

Tuesday, January 30, 2007

REFLEXÃO DO DIA


Faz-se indispensável eliminar os gigantescos bolsões de miséria, que nos envergonham internacionalmente e depõem contra nosso espírito de solidariedade e coesão nacional. Precisamos erradicar o analfabetismo, ter condições decentes de moradia, de saneamento, de saúde, de educação. Urge que a maioria dos “sócios” seja, de fato e de direito, integrada à “sociedade”, e tratada como tal, conquistando cidadania plena, pois este é o único caminho real para o desenvolvimento. Ele é acidentado, sem dúvida. Mas pleno de compensações. Os chamados países do Primeiro Mundo que o digam. Esta é a essência, o cerne, o âmago do que precisa ser pactuado, e cumprido, por todos os brasileiros.

Tempo e memória


Pedro J. Bondaczuk


As coleções dos jornais, além de se constituírem num precioso material para os historiadores – afinal, o jornalismo é o relato da história humana no exato momento em que ela acontece – contêm um acervo literário como raras bibliotecas possuem. Os grandes escritores brasileiros, em sua maioria, freqüentaram algum dia as redações. Podem ser citados, entre outros, Machado de Assis, Artur Azevedo, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Guilherme de Almeida. Ou Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Otto Lara de Rezende, Fernando Sabino, Murilo Mendes, Nelson Rodrigues, Rachel de Queiroz, Inácio Loyola Brandão, Luís Martins (que assinava, apenas, "L. M. as suas colunas no jornal "O Estado de São Paulo"), Sérgio Milliet, Paulo Bonfim, Luiz Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony... E a relação poderia ser desfiada por aí afora. Estes escritores fizeram, generosamente, a ponte entre o jornalismo e a literatura, através da crônica.

No entanto, muitos trabalhos extraordinários desses intelectuais jamais foram publicados em livros. Ficaram (alguns ainda ficam) restritos às coleções de jornais encadernadas (que hoje são microfilmadas) ou em hemerotecas --- álbuns de recortes --- dos leitores mais práticos e perspicazes. Afinal, por um preço irrisório, esses colecionadores compulsivos têm em mãos um acervo que, embora, paradoxalmente, tenha sido acessível a uma quantidade enorme de pessoas, pouquíssimas tiveram o bom senso de recortar e guardar.

Textos magistrais, depois de lidos --- muitos nem o foram pela maioria --- acabaram servindo para embrulhar verduras, carnes, peixes, ou utilizados para forrar o piso de automóveis, quando não tiveram fins até mais prosaicos e menos nobres. Este é o destino dos jornais velhos. Nunca é demais repetir a constatação de Jorge Luiz Borges: "O jornalista escreve para o esquecimento, quando seu sonho seria escrever para a memória e o tempo". Alguns excelentes redatores, que quando na ativa polarizaram diariamente a atenção de ávidos e fiéis leitores, jamais publicaram livros. Tão logo se afastaram da profissão, foram esquecidos. Ou quando lançaram seus volumes de crônicas, passaram despercebidos e hoje são raramente lembrados.

É o caso de Paulo Barreto. Citado pelo nome de batismo, pouquíssimos cidadãos --- talvez os mais eruditos ou idosos --- são capazes de identificar quem ele foi. Pelo pseudônimo com que atuou na imprensa carioca, contudo, é melhor identificado, embora raros possam dizer que leram alguns dos seus textos. Referimo-nos a João do Rio, que no início deste século gozou de prestígio semelhante --- guardadas as devidas proporções --- que tem o nosso cronista mor, Rubem Braga.

Pouca gente conhecia melhor sua cidade, principalmente no que diz respeito ao comportamento de seus habitantes, do que ele. Paulo Barreto começou a trabalhar em jornais ainda adolescente, aos 20 anos. Ao morrer, em 1921, aos 40 anos, era tido como um dos maiores nomes da imprensa brasileira. Hoje, quem o conhece de fato? Quantos já leram, por exemplo, "Dentro da Noite", "Vida Vertiginosa" e "Alma Encantadora das Ruas", seus principais livros?

O mesmo ocorre em relação a Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, que na década de 60, até sua morte aos 44 anos, encantava os leitores do jornal "Última Hora", da revista "O Cruzeiro" e de tantos outros órgãos, com suas crônicas bem-humoradas e brincalhonas. Quem se lembra do Gari? Ou de Arapuã? Ou mesmo de colunistas mais recentes, que não estão mais na ativa e que deixaram tanto de si nas páginas dos diários onde trabalharam? A imprensa campineira sempre contou com excelentes cronistas (não confundir com articulistas), tanto nos seus jornais diários, quanto nos periódicos, como a nossa querida Folha do Taquaral.

Alguns, como o venerado mestre e confrade Isolino Siqueira, como Rubem Costa, como João Ballesteros Netto, como Mário Pires ou como Pereira Esmeriz, para citar os que vêm de pronto à memória, há muito estão afastados das atividades jornalísticas, privando-nos, por conseqüência, de suas deliciosas crônicas, repletas de encanto, de lirismo e de humanidade.

Outros, como os saudosos Maurício de Moraes, Jolumá Brito, Benedito Sampaio, Francelino Piauí, Paranhos de Siqueira, Amaral Lapa, etc., nos deixaram. Deles, somente, restam saudades nos corações dos que tiveram o privilégio de conviver com figuras tão carismáticas, talentosas e ímpares. Além, é claro, de textos que deveriam ser imortais, mas que estão guardados, apenas, nos arquivos empoeirados de jornais e em hemerotecas de colecionadores (como eu), de cujo acesso a maioria da atual geração é privada. Até quando?

Outros, ainda, como Célia Siqueira Farjalatt, Cecílio Elias Netto, Zeza Amaral e Moacyr Castro (para mencionar apenas alguns), continuam (felizmente) nos brindando com a sua inteligente e sensível visão do mundo. Mantêm colunas, de periodicidade variável, em jornais diários, que poucos leitores têm o interesse e a curiosidade de recortar e guardar. Não sabem o que estão perdendo! Há os que, como Arita Damasceno Pettená, publicam seus belos textos eventualmente, apenas de quando em quando (o que é uma pena, pois nesse caso se trata de excelente e talentosa cronista!). Há, finalmente, quem, como Conceição Arruda Toledo, nos brinde com crônicas maravilhosas, em jornais periódicos, na chamada "imprensa nanica" ou "alternativa". Menos mau!

Todas essas crônicas, todavia, não podem se perder. São preciosas demais! Precisam ser preservadas, não importa como e nem por quem, pelo inegável valor histórico, literário e humanístico que contêm. E, se possível, têm que ser utilizadas como material de leitura de classe, nas escolas da cidade, nestes tempos em que são cada vez mais raros aqueles que sabem escrever com elegância, correção e simplicidade. Pouquíssimas são!! Que tremendo cabedal de arte e cultura, portanto, é subutilizado, por falta de imaginação, de iniciativa, de criatividade e, principalmente, por ausência de memória!

(Crônica publicada na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 9 de janeiro de 1993).

Monday, January 29, 2007

TOQUE DE LETRA





Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Do site oficial da A. A. Ponte Preta e arquivo)

PONTE PRETA MUDA COMANDO TÉCNICO

O empate da Ponte Preta, no sábado, no Majestoso, com o São Bento de Sorocaba, por 2 a 2, resultou na saída de Wanderley Paiva do comando técnico do time. Nas próximas horas, virá um novo treinador, com a árdua missão de arrumar a equipe e dar-lhe qualidade, o que, até aqui, ela não demonstrou ter. A demissão deveu-se não tanto aos resultados obtidos nas quatro primeiras rodadas do Campeonato Paulista que, se analisados, embora ruins, podem ser considerados normais. Perder para o Corinthians, em qualquer estádio, não é nenhuma anormalidade, ainda mais se o jogo for no Pacaembu. Ser vencido pelo São Caetano, clube sempre fatídico para a Ponte, no ABC, também não surpreende ninguém. E nem mesmo empatar com o São Bento em casa é qualquer aberração. O que irritou a torcida, e pelo visto a diretoria, foi a atuação pífia, apagada, sem garra e nem vibração (e sem o mínimo brilho técnico) do time nestas quatro apresentações. Os novos contratados, exceção feita à dupla de zaga (Anderson e Emerson) e ao matador Finazzi (que fez quatro gols em quatro jogos), não disseram, até aqui, a que vieram. Alguns podem argumentar que ainda é cedo para exigir o que quer que seja do novo plantel. A torcida, mordida pelo rebaixamento do ano passado, não pensa assim. Nem eu! E como futebol é resultado, sobrou para Wanderley Paiva, que em 15 jogos, obteve apenas três vitórias. Convenhamos, é muito pouco para as pretensões que a Ponte Preta tem.

GUARANI CONFIRMA SUA FRAGILIDADE

O atual plantel do Guarani confirmou, ontem, a sua enorme fragilidade, ao não passar, mais uma vez, de um decepcionante empate, em pleno Brinco de Ouro, desta vez diante do apenas razoável Bandeirante de Birigui, por 0 a 0. O Bugre perdeu, desta forma, uma preciosa oportunidade de disparar na tabela do Campeonato Paulista da Série A-2 e ter tranqüilidade para os difíceis compromissos que terá daqui para a frente. Enfrentou, em casa, três adversários frágeis, nenhum deles apontado como candidato ao acesso, e não derrotou nenhum. De nove pontos disputados em seus domínios, ganhou apenas dois e, assim mesmo, na “bacia das almas”, tendo em seu goleiro Buzzetto o grande destaque nesses três jogos no Brinco. Nas quatro partidas que disputou, marcou míseros dois gols (um de Adílio e um de Anderson) e sofreu cinco. O pior de tudo é que o time não vem mostrando personalidade, já que qualidade técnica, como fica cada vez mais claro, não tem mesmo. Confirma-se, portanto, que a aposta da atual diretoria, no “bom e barato”, não deu certo. Não, pelo menos, com este elenco. De fato, este grupo é de baixo custo. Todavia, no quesito qualidade, deixa muito, muitíssimo a desejar.

POR ENQUANTO, SÓ ESPECULAÇÕES

Enquanto a diretoria da Ponte Preta não anuncia, oficialmente, o nome do substituto de Wanderley Paiva no comando da equipe, as especulações correm à solta pelos lados do Moisés Lucarelli. De acordo com informações do repórter Marcos Luís, da Rádio Bandeirantes de Campinas, Nelsinho Baptista teria sido convidado para encarar esse desafio de fazer o time jogar. Parece, porém, que as negociações emperraram por causa do salário pedido pelo treinador. Outros nomes, sem que fossem citadas as respectivas fontes (provavelmente na base do chutômetro), são mencionados. Fala-se, por exemplo, de Tite, de Jair Picerni, de Wagner Benazzi (meu preferido), de Márcio Bittencourt, de Roberval Davino e até de Luiz Carlos Ferreira, o Ferreirão. A maioria, sem dúvida, desses nomes propalados, é de profissionais de respeito. Ocorre que dificilmente a Portuguesa vai liberar Wagner Benazzi, que faz boa campanha com o time na Série A-2. Márcio Bittencourt está prestigiadíssimo no América e não deve sair de Rio Preto. Ferreirão teria convite do mundo árabe. Sobra Roberval Davino que, no meu entender, não é o substituto ideal de Wanderley Paiva. Vamos ver no que dá.

EU APOSTARIA NOS MENINOS

Que o Guarani precisa reforçar o seu time atual, é ponto pacífico. Não há quem conteste. O problema é onde encontrar esses reforços, ou seja, jogadores com bom potencial técnico, cheios de ambições, mas que estejam dispostos a receber salários baixos. Sabe-se que muitos atletas que interessavam o Bugre, procurados pela diretoria bugrina, recusaram convite para virem jogar no clube, optando por outras equipes, inferiores ao Guarani em praticamente tudo (principalmente em história e tradição), por não acreditarem que ele possa sair, com sucesso, do buraco em que está metido. Eu, se fosse o Waguinho Dias, ousaria. Lançaria, de imediato, no time de cima, vários jogadores que se destacaram na Copinha e que mostraram inegável potencial. O que ele teria a perder? Medo de queimar jovens promessas? Bobagem! Pelé, com 17 anos, foi campeão do mundo na Suécia. Alexandre Pato, do Internacional de Porto Alegre, com a mesma idade, conquistou o mundial interclubes no Japão e acaba de se destacar na Seleção Brasileira, campeã do Sul-Americano Sub-20 no Paraguai (título que garante ao Brasil vaga para a Olimpíada de Pequim). Coutinho, com 16 anos, já era um temível matador no fabuloso esquadrão do Santos dos anos 50, 60 e 70, que assombrou o mundo. Se o jogador é bom de fato, não importa a idade. Saberá segurar qualquer tipo de rojão. E se não for... já nasce queimado para o futebol. Garanto que os meninos do Bugre jogam dez vezes mais do que esse grupo que aí está.

EZEQUIEL NO TIME DE CIMA

A principal deficiência do atual time da Ponte Preta, como ficou claríssimo neste início de temporada, é a falta de um meia armador, mesmo que seja meia-boca, para municiar convenientemente o ataque, principalmente o matador Finazzi. Castor tem características ofensivas e não de armação. O garoto Julian revelou potencial, mas não parece (pelo menos ainda) o jogador talhado para a posição. Especula-se que o clube teria interesse nas contratações dos veteranos Jackson e Cristian, ambos vinculados, atualmente, ao Coritiba. A solução, todavia, parece estar em casa, faltando, apenas, ousadia para lançar mão dela. Parte considerável da torcida (entre a qual me incluo), exige a promoção, já, do garoto Ezequiel, um dos destaques da Macaca na Copinha deste ano. O empecilho, pelo que entendi, é o medo de “queimar” essa jovem promessa, que tem tudo para se constituir, em curto espaço de tempo, em grande revelação do clube. Sobre isso, vale o mesmo raciocínio das minhas considerações sobre o Guarani. Jogador realmente bom não tem medo de responsabilidade, não importa a idade que tenha. Agarra as oportunidades que surjam com unhas e dentes e conquista, no talento, seu espaço. Mas é preciso ousadia do comandante técnico da equipe, seja ele quem for, para tomar uma decisão dessas que, no caso, me parece das mais óbvias.

É CAMPEÃO! É CAMPEÃO! É CAMPEÃO!

Não adiantaram as mutretas e armações das arbitragens e da Comenbol. A Seleção Brasileira Sub-20 não somente conquistou vagas para as Olimpíadas de Pequim e para o Mundial da categoria, a ser disputado no Canadá, mas, de quebra, foi campeã invicta do Campeonato Sul-Americano no Paraguai. A nova geração do futebol brasileiro mostrou, sobretudo, uma virtude que outras, até melhores que ela no aspecto técnico, não tinham mostrado: competitividade. Quando o time jogou mal, prevaleceu a raça e a vontade de vencer.. E a campanha, apesar das críticas que o grupo sofreu de cronistas mal-informados (quando não mal-intencionados), foi excelente pelos números: seis vitórias, três empates e nenhuma derrota. Marcou vinte gols – confirmando a vocação ofensiva dessa geração – e sofreu nove. Seu grande destaque foi Alexandre Pato (do Internacional), secundado por Lucas e por Cássio, ambos do Grêmio. Mas todos os garotos que integraram essa Seleção, comandada por Nelson Rodrigues, justificaram a convocação, quando chamados a intervir. Ninguém ficou sem jogar e ninguém, absolutamente ninguém, decepcionou. Todos, portanto, estão de parabéns!

RESPINGOS...

· O Palmeiras, próximo adversário da Ponte Preta, teve o seu primeiro tropeço em casa. Não passou de um empate, no Parque Antártica, com o modesto Grêmio Barueri, por 1 a 1.
· Já o Corinthians, de Emerson Leão, sofreu a primeira derrota da temporada. Foi surpreendido, em pleno Pacaembu, pelo bom time do Ituano, para quem perdeu por 2 a 1. O carrasco do Timão foi o veterano Sorato, autor dos dois gols do time de Itu.
· Que golaço fez o zagueiro Alex Silva, do São Paulo! Baixou-lhe o espírito de Pelé e o zagueiro saiu driblando toda a zaga do Rio Claro, na vitória sãopaulina, por 2 a 0, antes de tocar a bola para as redes. Um gol de placa! No sábado, seu irmão, Luisão, havia feito, também, um belo gol de cabeça, na vitória do Benfica sobre o Belenenses por 2 a 1.
· O Santos, de Wanderley Luxemburgo, é o único dos chamados grandes que mantém campanha de 100% de vitórias no Paulistão. Ontem, conquistou o 15º ponto consecutivo, em cinco jogos, diante do aguerrido Guaratinguetá.
· O Fluminense, time carioca que mais contratou para a temporada, sofreu, ontem, a primeira derrota do Campeonato do Estado do Rio de Janeiro, diante do valente Volta Redonda, por 3 a 2.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

REFLEXÃO DO DIA


O fundamental para o progresso de determinada sociedade (não importa qual) é a coesão. É o espírito de cooperação para o alcance de um objetivo determinado. É a solidariedade. É a justiça, em seu significado estrito. Para isso, todavia, todos os integrantes da sociedade, até por questão semântica, têm que ser tratados como “sócios”. Como partícipes dos seus sucessos e co-responsáveis dos fracassos. O estado de miserabilidade em que vegeta a grande maioria da população mundial (e a brasileira, claro) é incompatível com nossa humanidade, com a condição de seres racionais. Estamos só de passagem no mundo. Nada, rigorosamente nada, é de ninguém. O que existe, diz a mínima lógica, deveria ser partilhado com cada pessoa, conforme suas necessidades. O que é lógico para qualquer indivíduo esclarecido, soa como heresia para os ideólogos de todas as ideologias. Daí este paraíso cósmico haver se transformado no inferno que é.

Crítica aos críticos


Pedro J. Bondaczuk

A Literatura – em todos os seus gêneros, estilos e formas – comove-me, instiga-me, fascina-me, apaixona-me e até me fanatiza. Sou um leitor sôfrego, ávido, insaciável e compulsivo. A mesma classificação me serve como escritor. Se bom ou ruim, são outros quinhentos. O julgamento, nesse caso, cabe (e deve sempre caber) exclusivamente aos que me lêem.

Uns, por exemplo, apreciam o meu estilo despojado e não raro agressivo. Elogiam os temas que abordo e a minha visão (em geral, otimista) da vida e das suas circunstâncias. Outros, todavia, esmeram-se em críticas. Algumas, convenhamos, são infantis, meras birras de meninos mimados, dos que criticam tudo e todos, apenas pelo prazer de criticar. Acham que, agindo assim, manifestam um certo poder. Sei lá! Entendo que não. Até porque, não raro, esses críticos azedos e com mania de grandeza, caem em ridículo, publicamente, e sequer se apercebem. Não levo a sério este tipo de crítica, facílimo de identificar. E nem poderia.

Outros não apreciam o meu estilo, principalmente pelo fato de eu escrever a maioria das minhas crônicas na primeira pessoa. Acusam-me de personalista, de vaidoso e de, em suma, ser narcisista. Respeito essas opiniões, mas discordo delas.

Claro que se estiver escrevendo um artigo, não irei usar desse expediente. Muito menos, num editorial – que é o pensamento da empresa jornalística a que presto serviços. E, menos, ainda, numa reportagem, tendo em vista que o papel do repórter tem que ser, necessariamente, sempre, sempre e sempre, em toda e qualquer circunstância, o de “reportar”, com a máxima fidelidade factual, o que viu ou que soube. Mas isso é jornalismo e estou tratando, aqui, de literatura. É essa distinção que meus críticos, provavelmente por desconhecimento, não sabem ou não querem fazer.

Entendo que é o cúmulo da hipocrisia, do pedantismo e (para usar uma expressão mais popular), de frescura ficar escrevendo, numa crônica, coisas do tipo “nós pensamos que”, “nós entendemos” e tantas e tantas outras colocações, feitas na primeira pessoa do plural. Para quê? Onde a objetividade dessa falsa manifestação de “humildade”? Quem pensa, quem entende, quem age, quem opina sou eu! Por que, raios, então não mostrar isso ao leitor?

A crítica (quer seja de artes plásticas, quer de cinema, quer de música popular, quer e principalmente de literatura) é uma arte, e das mais complicadas. Presume-se (com razão) que quem a exerce está habilitado a esse exercício. Ou seja, que entenda do riscado. É inconcebível, por exemplo, que alguém se disponha a avaliar um quadro, sem ter a menor noção de pintura. Ou que teça comentários sobre determinado filme, sem que o tenha pelo menos assistido (e que sequer goste de cinema). Muitos se metem a fazer crítica literária e nem mesmo são bons leitores. Cansei de ver colega fazendo resenha de determinado livro sem sequer tê-lo aberto, quanto mais lido. Criticam com base, somente, no que está escrito nas “orelhas” do volume que têm em mãos, ou no prefácio, ou na contracapa. Às vezes, nem isso! Não raro, se limitam a “cozinhar” o texto do release da editora, e pronto. E ainda querem posar de críticos literários! Ora, ora, ora... Por incrível que pareça, há gente assim!

Há, ainda, os que embora entendendo do riscado, se apegam, literalmente, a um dos significados da palavra “crítica” e entendem que esse exercício de avaliação tem que ser, necessariamente, agressivo. Que é preciso encontrar, e apontar, defeitos, mesmo onde estes não existam.

Criticam, por exemplo, um quadro, que acaba obtendo o primeiro lugar em alguma bienal importante e adquire cotação astronômica nas principais leilões de arte. Vêem defeitos mil num filme, que finda por conquistar sete a oito Oscars da Academia de Cinema de Hollywood (embora essa premiação, convenhamos, não possa ser tomada, rigorosamente, como parâmetro de qualidade de nenhuma produção). Impõem restrições mil a um determinado livro (que não leram, ou se o fizeram, não atentaram para importantes nuances que só quem é do ramo, ou seja, escritor, é capaz de notar), que finda por se transformar em best-seller e a assegurar, em casos extremos, um Prêmio Nobel, ou Pulitzer, ou Príncipe das Astúrias ou (para ficarmos em âmbito doméstico), Jabuti de Literatura ao autor.

Caem em ridículo, como se vê, porque querem. Metem-se em searas que não têm preparo, estudo e competência para estar e, não raro, se dão mal. Claro que abordei, aqui, casos extremos. A crítica literária é, inclusive, um gênero da própria Literatura, e dos mais importantes. O Brasil sempre teve grandes nomes nessa área, verdadeiros mestres, que sabem o que dizem e por isso granjearam merecidíssima reputação. Para não me estender em demasia, citaria, em ordem alfabética, Antônio Houaiss, Araripe Junior, Athos Damasceno Ferreira, Antônio Cândido, Gilda de Mello e Souza, José Brito Broca, José Cândido de Andrade Muricy, Otto Maria Carpeaux, Roberto Schwarz e Sílvio Romero, entre tantos e tantos outros.

Se algumas dessas personalidades me dessem a honra de avaliar minhas crônicas e tecer críticas sobre elas, eu me sentiria o mais privilegiado dos privilegiados dos cronistas, mesmo que concluíssem que meus textos não passam de um apanhado de abobrinhas e de lugares-comuns. Eles podem! Entendem do riscado!

Mas as críticas infantis, meras birras de meninos mimados (e piores eles se tornam quando são marmanjos infantilizados, o que é muito comum), dos que criticam tudo e todos apenas pelo prazer de criticar, nunca levei, não levo e jamais levarei em conta!!! E deveria?!!!

Sunday, January 28, 2007

REFLEXÃO DO DIA


Vidas seriam poupadas se empresas e órgãos públicos realmente planejassem tendo como meta o homem. Basta lembrar o desrespeito às normas de segurança do trabalho, às condições ambientais ideais, à saúde do trabalhador. Até mesmo seu salário tem sido aviltado pela ganância de alguns. E quanto ao trânsito? Começa pela condição dos veículos, principalmente dos coletivos, que trafegam superlotados, empoeirados, com peças perigosamente desgastadas pelo uso excessivo, conduzidos por motoristas na maioria das vezes inexperientes e irresponsáveis, que abusam da velocidade. E continuam com ruas esburacadas e mal-sinalizadas, violações das normas de trânsito e vai por aí afora.

Pobre cidade rica


Pedro J. Bondaczuk

A cada nova pesquisa sobre o atual quadro social brasileiro, fica mais e mais nítido o retrato de um país que ainda não encontrou seu verdadeiro caminho. Na semana passada, um trabalho divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostrou as carências de um povo sofrido que, salvo pequenos grupos, em sua maioria esmagadora, vive em autênticos e insalubres buracos, come mal, recebe salários baixíssimos quando está trabalhando, não tem condições de freqüentar a escola (pelo menos até o final do curso básico) e vê sua situação piorando a cada ano, a cada novo governo, a cada novo modelo econômico.
Esta semana, a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) revelou qual é a qualidade de vida dos habitantes da terceira maior cidade do mundo e a mais rica metrópole brasileira: São Paulo. Como no caso do IBGE, o “retrato social” em questão já está meio distorcido. Os dados referem-se a 1990. São, portanto, defasados em pelo menos dois anos e meio. Exatamente os piores dos últimos tempos.
Não abrangem o período da desastrosa passagem pelo poder de um pretenso “caçador de marajás” e “protetor dos descamisados”, que equivaleu, em estragos para o País, aos efeitos de um devastador terremoto. Ainda assim, os números são assustadores e convém que as pessoas com poder de decisão, que ainda esperam e trabalham para a construção de uma sociedade senão perfeita, pelo menos mais justa, reflitam sobre o seu significado.
A pesquisa da Seade concluiu, entre outras coisas, que na metrópole que é o carro-chefe do País, responsável por quase metade da geração de riquezas brasileiras, 11,3% das famílias (cerca de 450 mil das 3,914 milhões que moram na cidade) são completamente miseráveis. Ou seja, por volta de 1,681 milhão de seus habitantes estão, tecnicamente, pelos parâmetros internacionais, abaixo da linha de pobreza.
Contam carência simultânea de moradia, de instrução, de emprego e de renda. São os deserdados da sorte, para não dizer as vítimas da irresponsabilidade dos políticos que lutam pelo poder apenas como forma de autoglorificação e não para prestar um serviço público.
Não é de se estranhar, por isso, o aumento da criminalidade, não apenas em São Paulo, mas no restante do País, onde a situação é muito mais grave. Cada escola que se deixa de construir corresponde à necessidade de construção de um presídio no futuro. Cada criança que, por uma razão ou por outra, é forçada a ficar fora de uma sala de aula, será um problema social (ou policial) a mais dentro de cinco, dez ou 15 anos, se tanto.
De nada vale o presidente Itamar Franco apregoar aos quatro ventos que a sua prioridade é o combate à miséria. O tempo dos discursos já passou. O momento é de decisões. Ler nos jornais e assistir na televisão noticiários sobre a fome na Somália, no Sudão, em Moçambique, na Etiópia ou em outros países assolados freqüentemente pelas secas e pelas guerras é uma coisa. Outra, completamente diferente é ter esse problema, numericamente muito mais expressivo, ao nosso redor.
Se falta senso de solidariedade à nossa sociedade, tida e havida como individualista e egocêntrica, que haja, pelo menos, o de oportunismo. Que se erradique a miséria não por um sentimento de bondade – que isso seria pedir demais – mas para evitar que a violência, gerada pelo desespero, um dia destrua a todos nós.

(Artigo publicado na página 2, Opinião, do Correio Popular, em 2 de abril de 1993).

Saturday, January 27, 2007

REFLEXÃO DO DIA


O caso do abandono da recém-nascida, colocada em uma sacola plástica e jogada em uma lagoa de Belo Horizonte, é dos mais repulsivos, não importa sua causa que, por mais explicada que seja, jamais se justifica. Que terrível animal é o ser humano, que não cuida, sequer, da sua descendência, da sua prole, da sua continuidade sobre a Terra! O Planeta com que sonhamos precisa começar a ser construído na nossa própria casa, com cada um de nós assumindo a responsabilidade pelo ser que colocamos no mundo, sem que nos tenha pedido para nascer. Não somos “donos” dos nossos filhos, como a grande maioria ainda pensa, já que se tratam de seres humanos inteligentes, autônomos, únicos, de autênticos universos. Somos seus tutores, orientadores e protetores. Ou pelo menos é isto o que todo pai e toda a mãe, não importa sua nacionalidade, crença, situação social ou condição econômica, deveriam ser. O comportamento que foge disso descamba para a aberração.

Soneto à doce amada - II


Pedro J. Bondaczuk

Minha doce amada, em seu sorriso,
onde às vezes vislumbro ironia,
depus meus sonhos, minha alegria
e tudo o que amo e valorizo.

As gotas de orvalho, delicadas,
que aos raios do sol, serenas, brilham,
não me embevecem, nem maravilham.
nestas cintilações variadas,

como os seus sorrisos cristalinos,
ou os seus trejeitos femininos,
ou suas piscadelas sutis.

Única amada, sua beleza
polariza minha natureza
de esteta e de um eterno aprendiz.

Friday, January 26, 2007

REFLEXÃO DO DIA


O escritor norte-americano, Alfred Polgar, observou, em certa ocasião: “O homem comete, freqüentemente, o erro de lidar com a vida como lida com o mau tempo. Deixa-se ficar parado, enquanto espera que passe”. Mas os anos que a existência nos reserva – que ninguém nunca sabe quantos serão – não são para serem desperdiçados. O tempo é o nosso grande capital e não é prudente, portanto, agir prodigamente em relação a ele. Desperdiçá-lo, como se tivéssemos uma eternidade à nossa frente, quando na verdade cada dia pode ser o nosso derradeiro, é, sobretudo, estupidez. Sejamos felizes enquanto isso é possível, cultivando bons pensamentos e sentimentos e mostrando predisposição ao otimismo e às amizades.

Preço de um sorriso


Pedro J. Bondaczuk

Quanto vale um sorriso, daqueles espontâneos que se refletem nos olhos e espelham uma alegria interior genuína? A pergunta pode parecer tola mas, creiam-me, não é. Para a menina norte-americana Chelsey Thomas, de sete anos, sorrir custou um sacrifício extra, de dor, decorrente de uma cirurgia de oito horas de duração, em um hospital de Los Angeles, feita no dia 23 de abril de 1996. A garotinha sofria de uma moléstia relativamente rara, a Síndrome de Moebius, que afeta cerca de 100 mil pessoas nos Estados Unidos e que impede que seus portadores expressem na face qualquer emoção. Para mim, essa expressão de alegria, satisfação ou simpatia tem custado um preço impossível de se quantificar em cifras. Mas ainda assim, sorrio.

Não com aquele esgar, aquele ríctus, aquela careta que para muitos representa um sorriso. Isso certamente não. Nem aquele duro, de maldade, como que de apreciação das desgraças alheias, que tanta gente utiliza. Não o falso, o torto (o saudoso jornalista Octávio Ribeiro costumava dizer que todo bandido tem a boca torta quando sorri), que se esboça nos lábios, mas que um bom observador percebe que não é sincero, que não é franco, que não é magnânimo. Esse não reflete nenhuma emoção sadia. Não vem do coração. É apenas cerebral. É um disfarce para maldosas maquinações. Os olhos permanecem duros. O coração mantém-se fechado. Denuncia, para um bom observador, a falsidade que há por trás dele. Não passa de um esgar horrendo, maldoso e até sinistro.

Quando criança, dadas as circunstâncias da minha vida --- em decorrência de uma poliomielite extemporânea que me acometeu --- poucas vezes pude sorrir. Tanto, que todas as fotos desse período, que restaram em minha casa, me mostram ou sério, ou tenso ou chorando. Com o tempo, porém, comecei a entender que me restaram infinitos motivos de satisfação. O maior deles é o próprio fato de estar vivo, de ter inteligência, de poder, através do meu esforço, concretizar sonhos, desde que não sejam superiores à minha capacidade. Sobraram-me motivos concretos para sorrir. Pessoas generosas ensinaram-me a observar as coisas boas ao meu redor, que na minha revolta contra o acaso, que me marcou fundamente na carne, e na autopiedade que cultivei, em decorrência disso, eu não via.

Benditos altruístas! Iluminados homens e mulheres, anjos com aspectos e vestimentas humanos, seres raros e especiais, que tiveram paciência e disposição para tomar pela mão um menininho assustado e desorientado e o conduziram pelas veredas da beleza! É em respeito a eles, que me ensinaram a sorrir, que sorrio mesmo quando a situação não é para isso. É por eles que não me permito nutrir pessimismos. Sempre que puder, testemunharei minha gratidão pelos que me abriram os olhos para a vida. E se Deus permitir, nas memórias que pretendo escrever antes da minha extinção, vou deixar seus nomes registrados.

Alguns, hoje em dia, superestimam minha capacidade e apontam-me, seguidamente, como exemplo aos indolentes, desanimados e pessimistas. Longe de mim servir de padrão, de paradigma, de referencial para quem quer que seja. Tenho defeitos demais para isso. Cometo erros em demasia para ensinar comportamento aos outros. Incorro em contradições sucessivas para ditar qualquer norma de conduta. Mas se algum mérito eu tiver (é possível que apenas eu não o enxergue, admito), que este seja creditado a essa gente que me amparou em um momento em que pensei que a vida estava acabada, apenas pelo fato da doença me tornar diferente dos demais.

Sorria, pequena Chelsey, do fundo da sua alma, para enfeitar um pouco este mundo tão belo, que os homens desta geração tornaram tão feio, tão tenso, tão injusto e tão violento. Há carrancudos em excesso. Há infelizes em profusão. Há insensatos de sobra. Há lágrimas demais. Há gemidos em enorme quantidade por toda a parte. Há mantras de ódio, repetidos monotonamente, quase que sem cessar, em nome da justiça, da religião e da liberdade, conceitos em vias de extinção. Sorria, pequena Chelsey, pois o riso das crianças tem o condão de desarmar os espíritos. Ilumine o firmamento do futuro. Encante as veredas do presente. Envergonhe os pessimistas, os derrotistas e os tíbios. Você é a esperança de que a sua geração será melhor do que esta. São crianças como você que têm condições de regenerar o mundo.

Thursday, January 25, 2007

TOQUE DE LETRA




Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Do site oficial da A. A. Ponte Preta)

SINAL DE ALARME DISPARA NA PONTE PRETA

A torcida da Ponte Preta (na qual eu me incluo) está uma arara com Wanderley Paiva e com este novo time que representa a alvinegra no Campeonato Paulista. E não é para menos. O técnico escalou mal a equipe, no jogo de ontem, no ABC, frente ao (para nós) fatídico São Caetano. Resultado: derrota por 2 a 1, com uma péssima apresentação da Macaca. Além de escalar mal, o treinador errou nas três substituições que fez, levantando uma onda de descontentamento generalizado contra o seu trabalho. Perder para o São Caetano, para a Ponte, não é e nunca foi novidade. Dá para contar nos dedos de uma só mão as vezes em que conseguiu vencer o Azulão. É uma raridade. O que irrita e faz soar o sinal de alarme é a forma como essa derrota aconteceu. O que se viu no ABC foi uma Macaca apática, sem técnica, sem criatividade e errando uma infinidade de passes, alguns de menos de um metro. No finzinho do jogo, “achou” um golzinho, que evitou (junto com defesas importantes do goleiro Aranha) que o vexame fosse ainda maior.

GUARANI PATINA E SÓ EMPATA

O Guarani ainda não venceu um único e mísero jogo nesta temporada. Nem mesmo os amistosos. Teve tudo para fazê-lo, ontem, jogando, mais uma vez, em seus domínios, contra o modesto Taquaritinga, mas deixou a vitória escapar por entre os dedos. Acabou tendo que se dar por satisfeito com um empate, caído do céu, que pelo menos lhe assegurou o primeiro suado e sofrido ponto no Campeonato Paulista da Série A-2. Dos males, o menor. É verdade que o Bugre jogou muito mais do que havia jogado no domingo, diante do Oeste de Itápolis, na derrota por 1 a 0, também em seus domínios. O Guarani perdeu uma infinidade de gols no primeiro tempo. E prevaleceu a máxima do futebol: quem não faz, toma. O Taquaritinga, de técnico novo, e em crise logo neste início do campeonato, aproveitou uma bobeada da defesa bugrina e abriu o marcador. No comecinho do segundo tempo, o Guarani, finalmente, empatou. Quando todos, porém, esperavam que partisse com tudo para cima do adversário, se limitou a tocar bola no meio de campo e teve que se conformar com esse pífio empate. Pelo jeito, o futebol campineiro continua, em 2007, na mesmíssima escala descendente de 2006. É uma pena!

TEIMOSIA DE WANDERLEY IRRITA

A torcida da Ponte Preta não agüenta mais a teimosia de Wanderley Paiva na escalação do time. Critica, principalmente, a manutenção de Dionísio na lateral-direita, que nunca foi a sua posição, apesar das más apresentações do atleta contra o Corinthians e contra o Rio Claro. Por que essa opção, se tem ao seu dispor um especialista nessa função, o Pará? “Ah, o menino ainda é muito verde”, dirão os defensores do treinador. Nem tanto! Jogou com o Nei nas categorias de base e todos sabem o que aconteceu. O lateral careca arrebentou no Campeonato Brasileiro do ano passado e acabou negociado com o Atlético Paranaense, que chegou na frente de vários outros interessados no seu passe, como o Santos, o Fluminense e o Flamengo. Pará pode não ser a maravilha das maravilhas. Está, é verdade, muito aquém do Nei. Mas todas as vezes que foi escalado no time de cima, não decepcionou. Jogou o seu arroz com feijão e jamais comprometeu. Já Dionísio... Por que não confiar no menino? É verdade que Dionísio tem história no time da Ponte, mas seu tempo já passou. A vida é assim, o que fazer? Outra aposta errada de Wanderley Paiva foi a insistência com Carlinhos. O garoto é muito afoito, comete muitas faltas e não sabe sequer fazer um passe de meio metro certo. E volante é o que não falta (e nunca faltou, infelizmente) na Macaca. Ora, ora, ora, Wanderley, deixe de teimosia! Ninguém agüenta mais suas experiências!!!

GOLEIRO, MAIS UMA VEZ, É O DESTAQUE

Já está virando rotina. O goleiro Buzzeto, pelo terceiro jogo consecutivo, constituiu-se, ontem, no grande destaque do Guarani, no empate por 1 a 1, no Brinco de Ouro, com o Taquaritinga. Quando o placar estava 1 a 0 para o adversário, ele praticou uma defesa “espírita”, evitando o segundo gol do CAT, que àquela altura certamente decretaria a terceira derrota seguida do Bugre. A posição de goleiro, porém, é das mais ingratas. Um atacante, por exemplo, pode perder uma baciada de gols, que a torcida logo esquece. Um zagueiro pode cometer falhas infantis, mas se o seu time vencer o jogo, ninguém mais se lembrará dos seus erros. Já com o goleiro, a coisa é diferente. Às vezes ele pega tudo durante um jogo inteiro e, nos descontos, erra numa saída do gol, ou deixa a bola passar por entre as pernas. E, numa fração de segundos, se transforma de herói em vilão. Seu “frango” fica por anos (às vezes, para sempre) na memória da torcida. Só espero que não aconteça isso com o Buzzeto. Por tudo o que já fez, e pelo que pode ainda fazer, o jogador merece uma melhor sorte. Mas, repito o que escrevi na coluna passada: “Cá pra nós, essa defesa do Guarani é uma piada!”. E acrescento: “De péssimo gosto”!

COPINHA VAI PARA BELO HORIZONTE

A Copa São Paulo de Futebol Junior deste ano ficou em ótimas mãos. Com atuações impecáveis, da primeira à última partida, o Cruzeiro levou o troféu para Belo Horizonte, ao derrotar o não menos competente São Paulo, na cobrança de pênaltis, no jogo final, disputado hoje pela manhã, aniversário da cidade, na capital paulista. A partida, no tempo normal, caracterizou-se pelo equilíbrio. Ambas as equipes desperdiçaram várias oportunidades, o que tem que ser atribuído ao nervosismo e não a eventuais deficiências técnicas dos atletas. Afinal, os jogadores são todos meninos, com no máximo 18 anos. O mesmo equilíbrio do jogo pôde ser visto na cobrança de pênaltis. Mas alguém, uma hora, teria que ganhar. E esse “alguém” acabou sendo o Cruzeiro, que pela primeira vez na história da competição, conquista a Copinha. Desde o início, apontei o time estrelado como o grande favorito, enquanto a imprensa puxa-saco de São Paulo não cansava de bajular o Corinthians, derrotado, todavia, pelos cruzeirenses, logo no início da segunda fase. A conquista foi a justa recompensa para quem faz um trabalho sério, competente e constante nas categorias de base. Parabéns, pois, ao Cruzeiro por mais este feito!

SELEÇÃO TEM JOGO DECISIVO

Por falar em categoria de base, a Seleção Brasileira Sub-20, que disputa o Campeonato Sul-Americano no Paraguai, terá, hoje à noite, jogo decisivo para a conquista da tão sonhada vaga para as Olimpíadas de Pequim, do ano que vem. Encara os donos da casa, com a necessidade imperiosa de vencer, para não depender de resultados alheios. Temo, somente, por alguma possível “armação” – expediente do qual os sul-americanos são useiros e vezeiros – que venha a alijar a nossa meninada de alcançar esse objetivo. Depois do que aconteceu no jogo entre o Brasil e o Chile, quando o árbitro colombiano operou nosso selecionado sem anestesia, marcando dois pênaltis absurdos em favor dos chilenos, dá para se esperar de tudo. Ainda mais quando o adversário é o Paraguai, país que abriga a sede desse “ninho de ratos” que é a Conembol. Todavia, os paraguaios não precisam se utilizar de nenhum expediente extra-campo para ganhar jogos. Contam com uma excelente seleção, capaz de encarar o Brasil de igual para igual. Ainda assim, aposto todas as minhas fichas nos garotos brasileiros, principalmente depois da exibição de gala da terça-feira, na vitória contra o Uruguai, por 3 a 1. Vamos lá, meninada. São só mais dois passos para a conquista da vaga para Pequim!

RESPINGOS...

· O Noroeste segue sem tomar conhecimento dos seus adversários. Goleou, ontem, um dos caçulas da Série A-1, o Rio Claro, por 4 a 0. Muito grandão vai penar nas mãos do time de Bauru.
· Cristian é a nova vedete do Corinthians. Quem diria? Com os três gols marcados ontem, contra o Juventus, assumiu a artilharia isolada do Campeonato Paulista, para a alegria do falastrão Emerson Leão.
· Wellington Abade continua aprontando das suas. Não sei porque a imprensa continua achando que é bom apitador. Não é! Ontem, em Jundiaí, encerrou a partida antes do gol de empate do Paulista. Assim que viu, no entanto, que a bola chutada por um avante do Galo do Japi havia entrado nas redes de Rogério Ceni, voltou atrás e deu mais um minuto de acréscimo. É um lance que vai dar muito pano pra manga.
· O suposto “mau ataque” santista continua contrariando seus críticos. Na segunda-feira, fez mais quatro gols, desta feita contra o caçula Sertãozinho.
· Ao que se propala, está tudo certo entre o Real Madri e o Milan para que Ronaldo, o Fenômeno, vista a camisa milanesa ainda nesta temporada. Será?

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

REFLEXÃO DO DIA


O neurolingüista Lair Ribeiro garante que "a vida é um eco. Se você não está gostando do que está recebendo, observe o que você está emitindo". E conclui: "Todo ato humano é motivado pelas seguintes razões: evitar sofrimento ou procurar prazer. Tudo o que você faz é baseado num equilíbrio entre esses dois motivos. Vivemos, então, numa escala analógica entre sofrimento e prazer". Faz sentido. Afinal, a principal obrigação do ser humano é consigo próprio: a de ser feliz. O que temos é que achar o caminho da felicidade (que está, queiram ou não queiram, dentro de nós) e o trilharmos com otimismo, com determinação e, sobretudo, com persistência. E esta trilha, convenhamos, não é (e nem pode ser) a do pessimismo, a do medo ou a do ressentimento. É, isto sim, a da coragem, da esperança e da fé inabalável no sucesso e na alegria. Emitindo sempre mensagens positivas, receberemos de volta “o eco” de coisas boas, favoráveis e felizes.

Instinto e razão


Pedro J. Bondaczuk


O homem, embora tenha o privilégio de ser o único ser vivo dotado de razão --- pelo menos no pedaço do universo que conhecemos --- é um animal como outro qualquer. Luta pelo seu espaço, batalha pelo alimento que o mantenha vivo, empenha-se pela obtenção do abrigo que o proteja das variações climáticas e de outros perigos, duela (se preciso) pela parceira que lhe garanta a perpetuação da espécie, etc., sem nenhuma preocupação primária com os direitos do próximo.

É dotado pela natureza de um conjunto de instintos que garantem a sua sobrevivência como indivíduo. O mais vem depois (quando vem) de consolidada essa garantia. À medida em que vai se civilizando, amplia o espaço do racional, em detrimento do instintivo. Isso não quer dizer que esse mecanismo natural seja ruim ou inadequado. Pelo contrário. Sem ele, a espécie humana certamente estaria extinta, como ocorreu com várias outras, algumas das quais sequer deixaram vestígios.

Desde que seja compreendido e direcionado pelo raciocínio, o instinto é útil, necessário e indispensável. Torna-se ruim quando passa por cima da razão. Quando desencadeia as forças cegas, primitivas, caóticas que existem latentes no coração humano. Quando o homem retroage ao princípio e perde de vista as conquistas éticas e morais de sucessivas gerações.

O instinto, puro e simples, despido da razão, induz a comportamentos agressivos e egoístas. Quando uma sociedade é baseada apenas nele, inexistem a solidariedade, a piedade e o sentimento do coletivo. Ela corre o risco de extinção, mergulhada no caos e na violência. Nas atuais, embora camuflado por um "verniz" civilizatório, sobrevive forte e feroz. E, mais do que isso, em muitas prevalece, impedindo sua evolução e a ameaçando de extinção.

O escritor E. L. Thorndike, no livro "A natureza original do homem", observa: "Por instinto nós tememos, não os transmissores da malária ou febre amarela, mas o trovão e o escuro; não lamentamos os homens bem dotados que não recebem educação, mas a chaga saniosa do mendigo; uma grande injustiça nos impressiona menos que um pouco de sangue; sofremos mais com o olhar de desprezo dum garçom que não recebe gorjeta do que com a nossa própria indolência, ignorância ou loucura". Estes são apenas alguns exemplos do quanto a razão se faz necessária, para que tenhamos discernimento para julgar e agir em cada situação.

O filósofo norte-americano Will Durant reflete: "O instinto talvez nos tenha bastado no primitivo estágio de caçadores; é por isso que nossos impulsos naturais nos levam mais à caça do que ao trabalho da terra, e periodicamente sonhamos com o 'retorno à natureza'. Mas desde que a civilização começou, o instinto se faz inadequado e a vida teve que pedir socorro à razão".

Não fosse esse resquício de racionalidade existente na mente humana, e o homem talvez já houvesse desaparecido do Planeta. Até mesmo em decorrência da sua fragilidade. Em termos de força física, é muito inferior a inúmeras espécies de animais, os quais domina apenas pela sua inteligência, que o leva a fabricar armas que o tornam poderoso e com as quais as supera. Além disso, criou leis e códigos morais que impedem que os mais fortes do próprio gênero humano escravizem, dominem ou eliminem semelhantes mais fracos.

Para chegar a esse estágio, gerações e mais gerações juntaram experiências e deram sua contribuição ao direito e à ética. A atividade humana onde mais conflitam instinto e razão é a religião.

Instintivamente, por medo, recorremos sempre a um ser superior, de grande poder, que nos proteja de fenômenos que não compreendemos e que nos "ameaçam". O desconhecido sempre atemoriza. Nas religiões mais primitivas, as divindades (são múltiplas) são iracundas, eróticas, vingativas, com as piores características humanas e que se impõem pela força e pelo castigo.

Só indivíduos com a racionalidade desenvolvida entendem que essa sabedoria universal, que criou e rege com leis simples e imutáveis galáxias, estrelas, planetas e tudo o que há (vivente ou não); que fez a matéria e a energia e que mantém tudo funcionando com a precisão de um relógio, é construtiva, positiva, paternal e protetora. É amor e não rancor. É razão e não instinto. Não requer de nós sacrifícios ou pavores.

Albert Einstein, em um de seus livros, observou: "Quanto mais avança a evolução espiritual da humanidade, tanto mais certo me parece que o caminho para a religiosidade genuína não passa pelo medo da vida, nem pelo medo da morte, nem pela fé cega, mas pelo esforço por atingir o conhecimento racional. Neste sentido, creio que o sacerdote tem que se tornar professor, se deseja fazer jus à sua sublime missão educativa". O que não se pode é explorar as angústias e a falta de luz de mentes simples para manipular essa gente primitiva.

Quanto mais racionalidade houver na crença religiosa --- desprovida de lendas, ídolos e ritos --- mais próximos estaremos do Deus verdadeiro, fonte de onde emanam a sabedoria, a ciência e a vida, do qual somos a imagem e semelhança. A razão tem avanços e retrocessos, dependendo de como cada geração é educada pela que a precedeu.

Alois Góta observa: "Há um processo vital no universo, no mundo, no planeta, nos continentes, nas culturas, nos povos, nas tribos humanas, que se movimenta e enfraquece, que ganha força e atinge seu máximo, para declinar e renascer uma vez mais, infinitamente". A racionalidade também tem esses ciclos. Mas é preciso que nunca decline ao ponto de ser ofuscada pelos instintos. Seria o fim desta ainda precária civilização...

Wednesday, January 24, 2007

REFLEXÃO DO DIA


Lair Ribeiro condena o uso de três palavras-chaves que, conforme ele, são altamente negativas, nos inibem e, portanto, precisam ser banidas do nosso vocabulário: "não", "nunca" e "tentar". A primeira, aliás, mereceu memorável e antológico sermão do Padre Antônio Vieira, constante em todas as boas antologias da língua portuguesa. Em contrapartida, o neurolingüísta recomenda que coloquemos como lemas, como metas, até como uma espécie de mantras em nosso subconsciente, estas expressões afirmativas: "eu quero!", "eu posso!" e "eu vou!". Pode ser que a sua técnica não se constitua em panacéia para todos os males (não há uma fórmula mágica, que funcione em toda e qualquer situação e seja válida para todos). Contudo, que uma postura otimista, positiva e autoconfiante nos leva a encarar os problemas com maior objetividade, disso não há dúvida. E a "reprogramação" do nosso cérebro é uma fascinante experiência.

Um caso de amor "crônico"


Os críticos literários (pelo menos boa parte deles) classificam a crônica (no meu modo de ver, de forma afoita e equivocada) de “gênero menor” da literatura. Há os que entendem que nem literários esses tipos de texto são e que se tratam, “apenas”, de uma atividade “meramente jornalística” e dizem isso de forma arrogante e pedante (como se jornalismo fosse mera banalidade e não tivesse nenhuma importância). E há mais uma infinidade de bobagens e de equívocos dessa espécie que se diz e se escreve por aí.

Sou suspeito para escrever a respeito, pois sou cronista (por opção e convicção) há já longos vinte anos. E apesar dos temas aparentemente banais que trato e da linguagem coloquial que utilizo, acredito, piamente, estar dando (posto que ínfima) minha contribuição às letras nacionais. Estaria enganado? Já cheguei a pensar que sim. Mudei, todavia, de idéia, depois da leitura do instigante livro “Crônico – Uma aventura diária – Nas esquinas do Rio”, do jornalista e escritor (e vice-versa) Luís Peazê, lançado, em fins do ano passado, pela Imago Editora.

Mesmo sem conhecê-lo pessoalmente, tenho inúmeras afinidades com o autor. Por exemplo: somos conterrâneos, embora eu tenha nascido na região das Missões, no Rio Grande do Sul, na pequenina, mas célebre, Horizontina (terra natal de personalidades como Gisele Bündtchen, Xuxa, Taffarel, Danrlei e outros quetais) e ele em Canoas, na Grande Porto Alegre.

Sou admirador incondicional de Ernest Hemmingway (que alguns “idiotas da objetividade” tiveram o desplante de classificar de “canastrão”) e ele é seu tradutor, pelo menos do seu romance “Por quem os sinos dobram”, hoje um clássico da contemporânea literatura norte-americana. Mas a nossa afinidade maior é a paixão que ambos nutrimos pelo gênero crônica (que nada tem de pequeno ou de banal, faço questão de reiterar e de enfatizar).

Pelo que tive a oportunidade de saber, a vida de Luís Cláudio Peazê da Silva rivaliza com a sua obra, em termos de criatividade, movimento e interesse. Espírito inquieto, esse meu ilustre conterrâneo já fez um pouco de tudo. Foi, por exemplo, entre outras coisas, jogador de futebol, analista de sistemas, administrador de empresas, publicitário e empresário, sendo que exerceu esta última atividade nos Estados Unidos, na Austrália e no Brasil. Como se vê, experiência de vida é o que não lhe falta, embora sequer tenha completado cinqüenta anos.

Para a nossa felicidade, porém, e de todos os que gostam de ler textos inteligentes, instigantes, polêmicos e criativos, Peazê decidiu, em 1998, dedicar tempo integral à literatura. Além do já citado “Crônico – Uma aventura diária – Nas esquinas do Rio”, escreveu, ainda, “Alvídia, um horizonte a mais”, livro de aventura, lançado no ano 2000 pela Stylita Editora; “O I Simpósio do Semblante Nacional”, uma inteligente sátira, publicado, igualmente, em 2000 pela Quartet Editora em co-edição com a Stylita e o romance de mistério e aventura “O punhal de pedra”, dado a lume em 2001 pela Quartet Editora.

Como não quero ser estraga-prazer de ninguém, não vou antecipar do que trata o mais recente lançamento de Luís Peazê. Nem esse é o objetivo desta minha um tanto desconjuntada crônica. Minha intenção é partilhar o entusiasmo que esse jornalista e escritor (e vice-versa) me despertou. Tanto, que já publiquei, aqui no espaço Literário do Comunique-se, dois textos dele e espero que não fique só nisso.

Para não deixar o leitor totalmente na mão, todavia, dou uma palhinha e antecipo algumas informações com que Peazê nos brinda no “Crônico”. Revela-nos, por exemplo, que “o homem escreve e lê crônicas desde o início do mundo”. E fundamenta essa revelação. Essa, com certeza, você não sabia! Mais: situa o primeiro texto do gênero na Mesopotâmia, por volta do ano 3000 a.C. Informa que os primórdios da crônica jornalística se situam no século XVIII, na Inglaterra (o que desmente o que sempre se propalou por aí, de que ela seria fruto do jornalismo brasileiro). Além disso, o livro reúne várias curiosidades, que são imperdíveis. Traz, também, uma coletânea comemorativa de “Nas esquinas do Rio”, que Peazê assinou na imprensa. E, para culminar, há três crônicas inéditas dele, que deveriam ser contos, reunidas em “O Diálogo” de Veríssimo pai com Veríssimo filho (ambos, por sinal, nossos conterrâneos).

Você quer saber mais sobre o conteúdo do livro? Ora, compre um exemplar! Com certeza, estará enriquecendo a sua cultura e sua biblioteca, além de desfazer equívocos a respeito deste gênero literário. Eu nunca acreditei no que escreveram os detratores (provavelmente não intencionais) da crônica. Aliás, tão logo terminei a leitura do livro do meu ilustre conterrâneo e colega de profissão, me surpreendi, murmurando, entredentes, aos meus botões: “Gênero menor uma ova!”. Não admito que ninguém diminua esta “aventura diária” que Peazê e eu empreendemos, há já anos e mais anos, ele, claro, com talento infinitamente maior do que o meu!

Tuesday, January 23, 2007

REFLEXÃO DO DIA


"A vida que você leva foi criada por você e não pelas circunstâncias". Certo? Para Lair Ribeiro, um dos maiores especialistas em neurolingüística do País, sim. De acordo com este médico, para obtermos êxito em nossa vida precisamos "acreditar" e nos predispor para o sucesso. Devemos "reprogramar" os cérebros, para extrair deles o pessimismo, o medo do fracasso e o ressentimento contra terceiros e colocar no lugar otimismo, confiança e simpatia. Eu acrescentaria mais um ingrediente indispensável para o sucesso: ´temos que conquistar e manter sólidas e sinceras amizades. Difícil? Sem dúvida! Impossível? Jamais! A felicidade (não importa como a entendemos), o sucesso em nossas atividades e o progresso, espiritual e/ou material, não nos são oferecidos de bandeja. Temos que conquistá-los!

Lembranças da várzea - 14


Pedro J. Bondaczuk


O meio de campo do Flamenguinho sempre foi o grande segredo do sucesso do time, principalmente no setor ofensivo. Era um motorzinho eficiente, competente e incansável. E com a vinda do jovem, mas já experiente, Chicão, que havia sido profissional do São Bento de Sorocaba, o setor se tornou ainda melhor. Por causa da sua forma de jogar é que o Flamenguinho foi considerado (e de fato era) um time que jogava sempre para a frente, com intenção exclusiva de ganhar. E, não somente isso, mas de golear seus adversários. Tínhamos volúpia de gols!
A maioria dos times da época jogava no sistema 4-2-4, mas apenas nominal. Um dos dois jogadores de meio de campo, o volante, era, na verdade, um terceiro zagueiro disfarçado. Cabia-lhe a responsabilidade de dar o primeiro combate nos adversários, permitindo que o miolo de zaga se preocupasse mais com a cobertura, com a sobra. Essa sua função facilitava, também, os laterais que, como enfatizei antes, ainda não eram alas e tinham preocupação exclusivamente defensiva. Mas não no nosso time.
O Flamenguinho tinha um esquema diferente desse. É verdade que a nossa forma de jogar sobrecarregava a zaga. Mas essa sobrecarga deixou de ser problema com a vinda dos irmãos Orestes e Cali, dada a segurança desses dois atletas e seu perfeito entrosamento. Nosso volante era, na prática, um segundo meia armador, com bom passe e licença para avançar rumo à área adversária e arrematar a gol, como um “fator surpresa”, expediente apregoado hoje como novidade por alguns técnicos, mas do qual, como se vê, nosso time já se valia há mais de quarenta anos.
Se com o Tião, mais pesado e menos criativo, esse esquema já funcionava bem, com a vinda do Chicão se tornou perfeito. E essa perfeição se deveu, sobretudo, à capacidade técnica, à visão de jogo e ao talento desse grande jogador. Era a segunda “alma” do time (a primeira, evidentemente, era o Celso, um fora de série), o segundo grande craque do Flamenguinho. Era dos seus pés, e não do meia armador, que surgiam as oportunidades mais agudas e decisivas do nosso ataque. Suas jogadas surpreendiam as defesas adversárias, que nunca conseguiam neutralizar esses seus avanços.
O engraçado é que Chicão tinha o apelido de “Gordinho” e custou para que eu entendesse a razão dos colegas o chamarem dessa forma. Afinal, era um atleta completo. Não tinha um grama de gordura sequer. Era todo músculos. Ademais, era rápido, rapidíssimo, e não somente nos seus movimentos, mas principalmente no seu raciocínio. Antecipava as jogadas, calculando com precisão em que lugar seria feita a cobertura adversária, para lançar a bola no buraco deixado pela defesa. Ou avançava com ela e arrematava, com precisão, a gol. Era, também, muito bom cobrador de faltas.
Fiquei sabendo que seu estranho apelido veio de uma conversa que o Chicão teve no vestiário, antes de um jogo, em que confidenciou, se não me engano ao Celso, que estava se achando um tanto “gordinho”. E este, gozador como ele só, espalhou essa “confissão” para os companheiros. Como sua impressão era absurda e estava longe da realidade, os colegas não somente riram dele, mas passaram a chamar o Chicão dessa forma. E o apelido colou. No princípio, ele ficava fulo da vida quando o chamavam assim. Com o tempo, se acostumou e não ligou mais.
O Tião, justiça seja feita, apesar de haver perdido a condição de titular, foi utilíssimo nas campanhas dos dois títulos do time. Era um substituto à altura, embora não tão brilhante quanto o “Gordinho”, nas vezes em que tinha a chance de jogar. E no segundo quadro, era destaque, ao lado do Canguru ou do Patinhas, dependendo de qual dos dois jogasse.
O Chicão, embora eu o tivesse liberado da obrigação de marcar, era um marcador implacável. Tinha um bote certeiro e raramente cometia faltas. Costumava deixar a torcida de coração na boca, pois nunca dava chutões. Ao tomar a bola do adversário, limpava a jogada, antes de fazer algum passe, com dribles desconcertantes e, não raro, com uma sucessão de chapéus. Recebia até maior quantidade de faltas do que o Celso e provocava expulsões de adversários em quase todos os jogos. Nesse aspecto, o Tião era mais sóbrio. Mas não era tão bom no desarme.
O armador titular era o Gera, cuja característica principal eram os lançamentos longos e precisos, de trinta a quarenta metros, com um índice de acertos que beirava à perfeição. Era o responsável por puxar contra-ataques fulminantes e mortais. Era titularíssimo do Flamenguinho. Com uma saúde invejável, na média, era o jogador do time com o maior número de participações em jogos em todos os anos. Houve uma temporada, não me recordo qual, em que atuou (e bem) em 100% das partidas. Haja físico!
Seu reserva imediato era o Canguru. Todavia, esse jogador não sabia fazer lançamentos longos. Mas era a alegria do time. Suas brincadeiras, algumas de mau-gosto, animavam o ambiente, principalmente nas viagens que fazíamos. Falava por dez. Até parecia que havia engolido uma vitrola. Uma das suas brincadeiras prediletas, que nunca vou esquecer, era a de morder a bunda (isso mesmo, não é exagero meu!) de quem estivesse distraído. Mas a turma do Flamenguinho era unida e essas gracinhas do Canguru nunca resultaram em briga, o que considero milagre. Haja mau-gosto!
Nas raríssimas vezes em que não podia contar com o Gera, eu preferia utilizar o Patinhas. Era um jogador baixinho, de 1,60m se tanto, mas de dribles infernais. Claro que apanhava até não querer mais dos zagueiros adversários. Se o utilizasse com freqüência no time titular, era capaz de algum defensor botinudo arrancar as suas pernas, tantas e tamanhas eram as pancadas que levava. Por isso, eu pensava duas vezes, antes de escalá-lo, até no segundo quadro. Ou seja, minha preocupação era a de preservar a sua integridade física, já que o Patinhas era um dos melhores amigos que eu tinha.

Monday, January 22, 2007

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Do site oficial da A. A. Ponte Preta)

PRATA DA CASA INAUGURA PLACAR ELETRÔNICO

A pequena torcida que compareceu ao Majestoso, no sábado, para assistir à estréia da Ponte Preta, em casa, no Campeonato Paulista, sofreu muito com a atuação do time, que em determinados momentos, descambou para a mediocridade. O “caçula” Rio Claro partiu pra cima da Macaca, disposto a estragar a festa pontepretana de inauguração do novíssimo e moderno placar eletrônico do Moisés Lucarelli. Quando tudo levava a crer que o jogo terminaria sem gols, eis que o garoto Pará, que havia acabado de entrar, fez a única jogada do time pela linha de fundo e deu um cruzamento perfeito para a pequena área. E Josimar, de cabeça, fez história. Ou seja, meteu, de cabeça, a bola para as redes do adversário, inaugurando, finalmente, e em alto estilo, o placar eletrônico do estádio. Mas ainda haveria mais, para o desabafo do torcedor. O “matador” Finazzi não poderia passar em branco, e não passou. Já nos descontos, fez o seu golzinho, o segundo com a camisa da Ponte em dois jogos. E, dessa forma, todos nós, que amamos a Macaca, pudemos respirar aliviados com a primeira vitória no Campeonato, por 2 a 0. O legal de tudo é que o gol histórico, de inauguração do placar eletrônico, foi de autoria de um jogador feito em casa. É uma espécie de símbolo da nova filosofia do clube, de voltar às suas origens de revelador de craques. A vitória foi sofrida, mas valeu pela determinação da equipe! E, claro, pela lucidez e oportunismo do nosso novo matador.

TIME BARATO, MAS...

O Guarani apostou, para esta temporada, no famoso “time bom e barato”. Barato, sem dúvida, este grupo atual até que é. Mas quanto ao quesito “bom...” A derrota do Bugre, ontem, em pleno Brinco de Ouro, para o Oeste de Itápolis, por 1 a 0, apenas confirmou as suspeitas gerais da fragilidade da equipe montada para a disputa da complicadíssima Série A-2 do Campeonato Paulista. E o resultado, levando em conta as circunstâncias da partida, até que foi um achado para os bugrinos. Se fosse de 3 a 0 para o adversário, não haveria exagero algum, tantas foram as oportunidades criadas, e desperdiçadas, pelos atacantes do Oeste. Os comandados de Waguinho Dias, além de mostrarem um já esperado desentrosamento, pois esta foi apenas a segunda partida oficial deste grupo (que mal se conhece) preocuparam ainda mais a torcida ao demonstrar gritantes deficiências técnicas, individuais e coletivas, e nenhum poder de reação. Claro que muita água ainda vai rolar no campeonato, que recém-começou. Ademais, é impossível que o time, por mais modesto que seja, jogue tão mal a competição inteira. Mas a menos que a diretoria bugrina busque reforços de peso (onde, não se sabe) e que os atuais titulares mostrem uma enorme evolução, o que não parece muito provável, o Guarani não só não vai disputar sua volta para a Série A-1, conforme sua torcida tanto almeja, como terá que fazer das tripas coração para escapar da degola para a A-3. Quem te viu e quem te vê!!!

OS NOVATOS “AMARELARAM”?

Uma das desculpas mais ouvidas, pelos lados do Majestoso, para tentar justificar a baixa produção técnica do time, na vitória, suada, de 2 a 0, sobre o Rio Claro, foi a de que os jogadores novatos (a grande maioria), estavam inibidos, com medo de errar e de desagradar a torcida. Ou seja, na linguagem dos boleiros: “amarelaram”. Ora, ora, ora. Se tremeram diante de apenas pouco mais de dois mil torcedores, o que não farão quando o estádio estiver lotado, em jogos contra Palmeiras, São Paulo ou Santos? O fato é que a atuação de alguns atletas foi decepcionante. Esperava-se, por exemplo, muito mais do meia Castor, de quem falam maravilhas. Contudo, ele passou o jogo todo se escondendo e deixando de municiar os homens de frente, principalmente o matador Finazzi, que ainda assim arrumou um jeito de deixar sua marca nas redes adversárias. Este, com certeza, não tremeu (se é que os outros, de fato, tremeram). É verdade que neste ano, por causa do rebaixamento, a torcida está mais exigente do que em condições normais. E tem que estar! Essa, todavia, é a oportunidade de ouro para que um atleta se consagre e se torne ídolo dessa apaixonada coletividade pontepretana. É o caso de Finazzi. Bastaram, apenas, duas partidas para que caísse nas graças da massa torcedora. A cobrança, portanto, deve servir sempre como estímulo e nunca como fator de inibição.

A “MURALHA” DO BRINCO DE OURO

A atuação do goleiro Buzzeto, na derrota de ontem do Guarani, diante do Oeste de Itápolis, por 1 a 0, no Brinco de Ouro, foi soberba. Não fossem a sua competência, garra, coragem e capacidade técnica, o vexame teria sido muito maior, do que de fato foi. E a única bola que passou, não havia como evitar. Resultou de falha coletiva da defesa. Aliás, ele repetiu a boa atuação da estréia, quando o Bugre perdeu para a Portuguesa, no Canindé, por 1 a 0. Já há bugrino, inclusive, chamando o novo goleiro de “A Muralha do Brinco de Ouro” e com inteira justiça. Além do mais, gostei muito das declarações que deu aos repórteres, tanto no intervalo, quanto no final da partida. Mostrou, antes de tudo, muito brio e orgulho de vestir essa tradicional camisa. Fez, inclusive, com que o torcedor se esquecesse de outros grandes jogadores da posição que3 passaram pelo clube, como Jean, Fernando e, mais recentemente, Deola. Agora, cá pra nós, essa defesa do Guarani é uma piada!

DOIS PAULISTAS NAS SEMI-FINAIS

A Copa São Paulo de Futebol Junior, que neste ano envolve jogadores da categoria sub-18, chega, nesta semana, à sua fase decisiva, com dois clubes paulistas situados entre os quatro melhores: São Paulo e o surpreendente São Bernardo. Os outros dois são o Atlético Paranaense e o todo-poderoso Cruzeiro, favoritíssimo à conquista do título. Dos 88 clubes que iniciaram a competição, estes foram os que mostraram maior competência. Qualquer que seja, portanto, o campeão, o título estará, sem dúvida, em excelentes mãos. Claro que qualquer prognóstico, nestas circunstâncias, é mero exercício de “chutometria”. Os meninos do Morumbi mostraram que o São Paulo, além de competente nas contratações para o seu time profissional, faz um trabalho muito bem feito nas categorias de base. Não é por acaso, portanto, que é hoje, sem favor algum, um dos melhores, senão o melhor clube de futebol do País. Louve-se, porém, os bons times montados pelos outros três semi-finalistas. Ninguém chega à condição que chegaram por mero acaso, sem que haja um trabalho sério, competente e eficiente, dos que lidam com a futura geração do futebol brasileiro.

SELEÇÃO É ABSURDAMENTE ROUBADA

A Seleção Brasileira Sub-20, que disputa o Campeonato Sul-Americano da categoria no Paraguai, foi vítima, ontem, no seu segundo jogo no hexagonal decisivo da competição, de uma arbitragem desastrosa, facciosa e venal de um árbitro colombiano, cujo nome não me recordo e faço questão de não saber. As duas penalidades máximas que ele apitou contra o Brasil, na partida contra o Chile, foram um escândalo! Foram as coisas mais ridículas que já vi em quase sessenta anos que acompanho futebol. Que já é uma tradição as arbitragens sul-americanas serem danosas aos nossos clubes e selecionados, qualquer que seja o adversário ou a competição, disso estamos fartos de saber. Mas o cara não precisava exagerar! Resultado: 2 a 2, no segundo empate consecutivo da nossa seleção, o que complica as pretensões de obter, já nesse torneio, a tão sonhada vaga para as Olimpíadas de Pequim. E tudo indica que esse árbitro faccioso fará um estrago ainda maior para os brasileiros. Certamente vai carregar na súmula, sobre o empurra-empurra ocorrido após a partida, e deverá tirar vários atletas nossos do próximo jogo, que será contra um dos líderes desta fase, a Seleção do Uruguai. É uma pena que essas coisas ainda aconteçam. Pena só, não. É uma grande vergonha!!!

RESPINGOS...

· O Noroeste começou o Campeonato Paulista a mil por hora. Venceu suas duas partidas, sendo que a segunda foi ontem, contra o Santo André, em pleno ABC.
· Apesar da vitória, ontem, do Corinthians, diante do São Bento, em Sorocaba, por 4 a 2, a defesa dos comandados de Emerson Leão mostrou enorme fragilidade e tomou dois gols de cabeça.
· E por falar em Leão, o treinador corintiano trocou farpas, ontem, com o meia Roger, que não gostou de ser substituído. De fato, o temperamental técnico detesta “estrelas”. Quer todos os holofotes da imprensa apenas em cima dele e de mais ninguém.
· Contrariando os que dizem que o Santos carece de ataque, o alvinegro da Vila Belmiro não tomou conhecimento, sábado, do São Caetano, e sapecou um clássico 3 a 0 no Azulão do ABC.
· Tudo indica que Ronaldo, o Fenômeno, vai mesmo para o Milan. Ele está disposto, atém a pagar do próprio bolso sua multa contratual com o Real Madri, para se livrar do treinador Fábio Capello. Quem pode, pode.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

REFLEXÃO DO DIA


As coisas que tanto valorizamos e que achamos que sem elas jamais seremos felizes são enganadoras. Riqueza, por exemplo, ninguém possui de fato, já que tudo o que temos, no terreno material, é nosso transitoriamente, ou seja, enquanto estivermos vivos. Ao morrermos, será do primeiro que se apossar desses bens (legal ou ilegalmente). Posição social ostenta-se enquanto se for útil ao sistema e, portanto dócil aos que de fato estejam no comando. Poder, por sua vez, é como o escritor Gabriel Garcia Márquez sempre afirmou: “um peixe escorregadio”, que escapa por entre os dedos. Quanto à notoriedade, a melhor definição foi dada pelo físico alemão Albert Einstein, que constatou: “A fama é, para os homens, como os cabelos – cresce depois da morte, quando já lhe é de pouca serventia”. Diria, quando não lhe serve para absolutamente nada.

Manias e obsessões


Pedro J. Bondaczuk

Uma das mais belas canções do cancioneiro popular brasileiro, consagrada na voz de Elizete Cardoso (os mais jovens não sabem, com certeza, quem foi ela, mas a cantora foi considerada a melhor do País em todos os tempos, tanto que acabou apelidada de “A Divina”) é “Mania de você”, cuja letra (infelizmente, desconheço o autor, mas desconfio que seja Billy Blanco) diz: “Entre as manias que eu tenho/uma é gostar de você,/mania é coisa que a gente/tem, mas não sabe porque,/mania de querer bem,/mania de falar mal,/de nunca se recolher,/sem antes ler o jornal./De guardar fósforo usado/dentro da caixa outra vez,/de contar sempre aumentado,/tudo o que viu e o que fez”, e vai por aí afora.

O letrista foi sumamente feliz ao retratar, de forma bem-humorada e poética, um comportamento que todo o mundo tem, mas que raramente se dá conta ou admite. Desde que não seja extremado, diga-se de passagem, ele pode até irritar os que nos cercam, mas é inofensivo. Aliás, bem diz o ditado: cada louco tem sua mania. E creio que nenhum de nós escapa de um certo grau de loucura (sem levar a designação exatamente ao pé da letra, claro). Aliás, pouca gente sabe, mas a palavra “louco” é uma corruptela do termo “lógico”. E, de fato, se atentarmos bem, há uma certa lógica na loucura. Mas...deixa pra lá! Esse não é bem o assunto que quero tratar.

O tema que me fascina é a forma exacerbada da mania, ou seja, o comportamento neurótico chamado de obsessão. Trata-se da preocupação exagerada que algumas pessoas têm por determinada idéia, objeto ou situação. Manifesta-se de diversas maneiras e é gerada, em boa parte dos casos, por sentimentos de recalque ou por traumas, geralmente sofridos na infância. É a idéia fixa, a extrema necessidade, a compulsão que praticamente “obriga”, obceca, quem tem esse desvio, a repetir determinadas ações em certas circunstâncias. Tentarei ser mais claro.

O psicólogo norte-americano Alec Polard, que foi diretor da Unidade de Tratamento de Conduta do Instituto Wohl, da Universidade de Saint Louis, no Estado do Missouri, afirmou, anos atrás, em entrevista, que 60% dos seus pacientes tinham, associada a outras manias, a necessidade patológica de lavar as mãos. Agiam como se fosse questão de vida ou morte. Tinham um medo intenso, raiando o absurdo, o pânico, o terror, de sujeira, de germes e de doenças que estes poderiam eventualmente provocar.

Polard, que foi um dos mais conceituados especialistas mundiais no tratamento da conduta obsessivo-compulsiva, acrescentou que o principal objetivo de quem age dessa maneira é, através desse gesto exagerado de assepsia, aliviar a ansiedade. Revelou que alguns dos seus pacientes chegavam ao cúmulo de tomar até cem banhos num único dia, usando, não raro, poderosos detergentes, tão corrosivos que chegavam a lesar sua pele. E pensar que há pessoas que são piores do que gatos e morrem de medo de água. Mas...deixa pra lá.

Outra obsessão curiosa que o psicólogo observou foi a dos chamados “supervisores”. Dos que examinam, minuciosamente, portas, janelas, bicos de gás, luzes, fechaduras e tudo o que nas suas mentes doentias pareça se constituir em foco de perigo (remoto ou iminente, não importa) antes de saírem de casa para o trabalho, passeio ou lazer. Às vezes chegam ao extremo de cancelarem as saídas, temendo que na sua ausência algum desastre ou tragédia venham a acontecer.

Claro que nem todas as obsessões (ou manias, como queiram) são tão extremadas, e elas existem aos milhares. Algumas são tão comuns, que as pessoas que as têm nem se dão conta e as que com elas convivem chegam a achar que se trate de conduta “normal”. Quase nunca é. Polard cita, entre estes casos, os indivíduos (se eu fosse policial os designaria de “elementos”) que, por exemplo, dão murros na mesa, por qualquer coisa, quando querem impor, na marra, suas opiniões. Certamente o leitor já cansou de ver essa atitude, talvez tenha até sido vítima dela, mas nunca achou que quem a toma fosse neurótico. No máximo pensou que se tratasse de um mal-educado. Mas é maníaco, e dos bons.

Outros maníaco-compulsivos são os chamados “contadores”. Ou seja, os que sempre têm histórias, ou anedotas ou casos para contar e, não raro, nos momentos e locais os mais inoportunos. Contam piadas, por exemplo, em velórios ou em igrejas durante a missa. Ou narram histórias sem fim no local de trabalho ou em sala de aula. Ou cometem outras tantas inconveniências do tipo. Passam horas e horas tagarelando ininterruptamente, às vezes sem sequer tomarem fôlego, sem se importar com o relógio ou com o visível mal-estar dos atormentados ouvintes. Gozado, conheço esse tipo por outro nome: chato!!!

Há, ainda, os que guardam toda e qualquer bugiganga que encontram, como barbantes, plásticos, pregos enferrujados etc.etc.etc. Até caixas de fósforos usados, como diz a bem-humorada letra da canção que citei acima, colecionam, só não podem justificar o por quê. Nem poderiam. Nada justifica essa atitude irracional.

Tenho um amigo com essa obsessão. A garagem da sua casa é uma sucursal do lixão da cidade. Está tão cheia de quinquilharias, que mal cabe nela o seu carro. E ai daquele que se atrever a fazer a mínima observação a respeito! Esse tipo de neurótico não joga quase nada no lixo, mesmo o que, nitidamente, não tenha a mais remota serventia. Os psicólogos classificam essas pessoas de “colecionadoras”.

Devo ter lá, também, as minhas manias, embora não me lembre de nenhuma. Posso jurar, contudo, que pelo que sei, não há qualquer delas que beire, sequer remotamente, a obsessão, e muito menos a compulsão. Não coleciono, por exemplo, coisíssima alguma, a não ser livros, em decorrência da minha profissão. Não guardo objetos inúteis, pois gosto do máximo espaço livre ao meu redor, principalmente em minha casa. Não dou murros em nenhuma mesa, para impor minhas opiniões, embora gostasse, muitas vezes, de esmurrar determinados pilantras, por suas atitudes. Não fico contando histórias, piadas ou casos para ninguém: prefiro escrevê-los. Pelo menos com os textos, consigo faturar alguns caraminguás.

Mas tenho, sim, como todo o mundo, as minhas manias. Não nego. A principal delas, parodiando a letra da canção que citei, é a de “gostar de você”, caro leitor, que me acompanha, com tamanha paciência. Mas dessa, psicólogo algum, com certeza, haverá de me “curar”. Isso nunca! É irreversível!

Sunday, January 21, 2007

REFLEXÃO DO DIA


Nas selvas de cimento e asfalto, que são as grandes cidades, o indivíduo que não seja natural delas perde suas raízes culturais, seu referencial, seus valores enquanto ser pensante. Sequer consegue se concentrar em seus objetivos pessoais mais profundos, para correr atrás da fortuna, da posição social, do poder e de algo muito vago que se convencionou de chamar de “sucesso”, cujas definições do que seja varia de pessoa para pessoa. Nada disso, todavia, tem valor, se passado pelo crivo de qualquer análise, por mais superficial que ela seja. A felicidade está nas pequenas coisas, aparentemente triviais e sem importância, mas que são as que, de fato, importam. Como Mário Quintana afirmou num dos seus mais deliciosos poemas, ela é como os óculos, que procuramos por toda a parte, mas que estão em nosso rosto, pouco acima do nariz.

A fragilidade das cidades


Pedro J. Bondaczuk


A evolução da tecnologia de construção e do urbanismo tem se revelado insuficiente para tornar as cidades mais protegidas, ou pelo menos não tão vulneráveis, como de fato são. Quanto maiores – algumas, como São Paulo, são mais populosas do que alguns países – mais esta fragilidade se manifesta diante dos fenômenos naturais.

Quando se trata de furacões e terremotos ainda se entende que não existam meios eficazes de defender o patrimônio – seja público, seja particular – de destruição. No que se refere à integridade física dos cidadãos, o remédio é remover o mais rápido possível (quando dá tempo) a população das zonas de risco, para evitar grandes catástrofes.

Esses cataclismos quase sempre são previsíveis, já que ocorrem em determinadas áreas conhecidas. Ainda assim, quando acontecem, deixam quantidades imensas de mortos, feridos e desabrigados. Já houve terremoto que matou mais de um milhão de pessoas. É o preço que se paga por se viver em grandes concentrações urbanas.

Mas não se compreende (e nem se aceita) que simples chuvas, por mais fortes que sejam, causem tantos contratempos nas cidades – enchentes, falta de eletricidade porque galhos de árvores danificaram a rede elétrica, pontos de alagamento em vias públicas e semáforos avariados comprometendo o tráfego – como acontece atualmente.

Na maioria dos casos, providências simples e lógicas, como limpeza de bueiros e de córregos, cuidados com o lixo e podas periódicas, reduziriam em muito esses efeitos de tempestades, mesmo das mais intensas.

Todos os anos, porém, o problema se repete, de forma mais ou menos trágica, de acordo com a intensidade das chuvas. Autoridades municipais vêm então a público e invariavelmente repetem as mesmas promessas, feitas por elas mesmas ou por suas antecessoras, de que farão obras aqui, ali e acolá, para livrar os moradores das áreas de risco do flagelo. Nunca livram.

Tão logo os efeitos dos temporais cessam e a vida retoma o ritmo normal, as providências prometidas caem no esquecimento. E tome mais enchentes, desmoronamentos, pessoas desabrigadas tendo que ser socorridas em ginásios de esporte e escolas públicas etc. Dias depois, surgem as seqüelas das inundações, como surtos de leptospirose e outras doenças transmitidas pelas águas contaminadas, entre outras.

Quando chega o período das chuvas, em fins da primavera e entrada do verão, o noticiário torna-se até‚ previsível. Em geral, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte etc., acabam tendo suas partes ribeirinhas cobertas pelas águas.

As tragédias apenas variam de proporção, mas sempre acontecem. Campinas também enfrenta o problema, que parece se agravar de ano para ano, diante da falta de planejamento e de providências eficazes. Até quando isso vai durar?


(Artigo publicado na página 3, Opinião, do Correio Popular, em 9 de setembro de 1996)

Saturday, January 20, 2007

REFLEXÃO DO DIA


Os marinheiros de um navio à deriva em alto mar, em noite tempestuosa, não podem, de forma alguma, se entregar ao pessimismo, achando que tudo está perdido, ou ficarem em pânico, andando às tontas. Se agirem assim, é certo que a embarcação, fatalmente, irá naufragar. O mesmo raciocínio vale para qualquer tipo de crise. É indispensável que cada obstáculo seja enfrentado à medida em que apareça. Thomas Carlyle observou, em certa ocasião: “Nossa preocupação principal não deve ser a de divisar aquilo que se acha encoberto na distância, mas de executar o que se apresenta claramente diante de nós”. Em suma, devemos viver um dia por vez, fazendo sempre o melhor que pudermos, sem inúteis e tolos desperdícios de tempo e sem desviar a atenção nem para o que passou e que não volta mais e nem para o que não aconteceu e pode jamais acontecer.

Soneto à doce amada - I


Pedro J. Bondaczuk

Minha doce amada, ao vê-la serena,
com um sorriso purificador,
empresto à vida muito mais valor
e até concluo que ela vale a pena.

Mas quando a vejo triste e acabrunhada;
quando sombras envolvem o seu rosto
e a sinto vaga, imersa em desgosto;
e em prantos, infeliz e amargurada;

e se a vejo, porventura, sofrer
fracassos ou eventual privação,
sinto abalada a minha convicção

e revolto-me com minha fraqueza.
Um dia os sonhos hão de renascer:
com você vai sorrir a natureza!

Campinas, 21 de fevereiro de 1969

Friday, January 19, 2007

TOQUE DE LETRA




Pedro J. Bondaczuk

(Fotos: Do site oficial da A. A. Ponte Preta)

FALTOU FÔLEGO PARA O TIME DA PONTE

A falta de preparo físico e o desentrosamento foram os fatores determinantes da derrota da Ponte Preta, quarta-feira, no Pacaembu, para o Corinthians, por 3 a 1, em sua estréia no Campeonato Paulista da Série A-1. No primeiro tempo, enquanto o “abacaxi” suportou, o time até que se comportou bem. Encarou o adversário de igual para igual e poderia, sair para o intervalo com o resultado positivo, não fosse o erro do árbitro auxiliar, que marcou impedimento (inexistente) num lance em que Anderson Luiz concluiu para as redes. Na segunda etapa, antes de sofrer o gol, a Ponte começou dando a impressão para a torcida de que traria para Campinas pelo menos um ponto, o que, para as circunstâncias, não seria um mau resultado. É verdade que faltavam os alas, já que os titulares se contundiram na pré-temporada e Wanderley Paiva foi obrigado a improvisar. Foi quando o meia corintiano Roger desequilibrou. Sem marcação, deitou e rolou em cima da defesa pontepretana. Começou o seu show marcando um gol olímpico. E teve participação, também, nos outros dois. A Macaca ainda teve forças para reagir e obter o empate, através de uma jogada pessoal do matador Finazzi. Mas o fôlego acabou. E o adversário se aproveitou disso, contando, ainda, com a colaboração do goleiro Aranha que, dessa forma, comprometeu a sua atuação. Perder, claro, sempre é ruim, em toda e qualquer circunstância. E para mim, que sou pontepretano apaixonado, ser derrotado pelo Corinthians é ainda pior. Mas o time, pelo menos, mostrou que tem potencial para evoluir e fazer um campeonato digno e sem os sustos que nos deu em temporadas passadas. Tomara que eu não esteja equivocado nessa impressão.

ESTRÉIA COM O PÉ ESQUERDO

O Guarani imitou em tudo a Ponte Preta, em seu jogo de estréia na Série A-2 do Campeonato Paulista, ontem, no Canindé. Até o placar adverso foi igual: 3 a 1 para a Portuguesa. Os comandados de Waguinho Dias fizeram um primeiro tempo até que bom e foram para os vestiários, no intervalo, com 1 a 0 a seu favor, gol marcado pelo lateral Adílio. No segundo tempo, porém, o time recuou, para garantir o resultado. E se deu mal. Com graves falhas de marcação, permitiu a reação do adversário, que não teve lá grandes dificuldades para virar o placar. Antes de tomar o empate, o Bugre teve duas excelentes chances de aumentar a vantagem, nos pés de Deivid e de Eder, respectivamente. Não aproveitou. E a velha máxima do futebol funcionou novamente: quem não faz, toma. Para mim, os destaques bugrinos foram o goleiro Buzzeto, o volante Roberto e o armador Macaé. E as decepções ficaram por conta, justamente, dos veteranos da equipe, ou seja, Deivid e Eder. A exemplo da Ponte Preta, faltou ao jovem time do Guarani melhor preparo físico. E, claro, a equipe careceu de entrosamento, já que é muito diferente daquela que sofreu dois rebaixamentos consecutivos em 2006. Se melhor ou pior, só o tempo, e os resultados, irão demonstrar.

MATADOR DEIXA SUA ASSINATURA

O centroavante Finazzi mostrou, logo na estréia com a camisa alvinegra, mesmo tendo feito apenas três coletivos com os novos companheiros, a que veio. Fez um gol de raça, o primeiro (provavelmente de muitos) pela Ponte Preta e por pouco faz mais um, coroando uma atuação muito boa, se forem levadas em conta as circunstâncias. E olhem que o nosso matador não contou com os cruzamentos dos alas, já que a Macaca não fez nenhuma jogada pelas laterais. Nesse setor, Wanderley Paiva teve que improvisar, em decorrência de contusão dos dois presumíveis titulares, que também não são lá essas coisas. Na direita, Dionísio mostrou que não tem o menor cacoete para a função. Na esquerda, o garoto Dick até que começou bem, mas após levar um cartão amarelo ainda no primeiro tempo, sumiu do jogo. O garoto tem futuro, mas ainda precisará evoluir muito para ser considerado uma boa opção para o técnico. Já Finazzi batalhou com a zaga corintiana, incomodou, correu e foi premiado com o gol de raça que marcou, ao tomar, dentro da área adversária, de forma limpa e legal, uma bola considerada perdida, que estava nos pés do central Marinho (que tentava sair jogando), e fuzilar o goleiro Marcelo. Matador é assim: sobrou, caixa! E Finazzi deixou sua assinatura nas redes corintianas já logo na estréia, para que não reste nenhuma dúvida a respeito do que pretende neste campeonato. Ou seja, a artilharia da competição.

NOME QUE TEM DINASTIA NO BRINCO

O Guarani tem sorte com volantes chamados Roberto. O primeiro deles, após atuar com sucesso com a camisa bugrina por três temporadas seguidas e servir à Seleção Brasileira de Juniores, atualmente brilha no futebol do exterior. O segundo, destacou-se desde as categorias de base e chamou a atenção do Atlético Paranaense, que o levou para a Arena da Baixada, onde está até hoje e, atualmente, veste a camisa amarelinha titular dos comandados de Nelson Rodrigues, que disputam, no Paraguai, uma vaga para as Olimpíadas de Pequim. E, finalmente, o terceiro Roberto, procedente do Grêmio Barueri, estreou, ontem, contra a Portuguesa, com uma atuação soberba. Nem parecia que foi o último jogador contratado pelo Guarani para a presente temporada. Sóbrio, porém firme na marcação, preciso nos passes e se apresentando freqüentemente no ataque como jogador surpresa, o atleta foi, na minha avaliação, o destaque do Bugre. Com apenas 19 anos e um porte físico invejável, o novo volante bugrino tem tudo para dar seqüência à dinastia dos Roberto no Brinco de Ouro. Fiquem atentos nesse menino. Ele vai longe!!!

SÍNDROME DOS PÊNALTIS

Os garotos da Ponte Preta foram muito bem na edição deste ano da Copa São Paulo de Futebol Junior. É certo que foram eliminados pelo bom time do Bahia, mas caíram com dignidade, de cabeça erguida. Empataram o jogo de ontem, em São José do Rio Preto, por 1 a 1. Foram, todavia, eliminados e por causa do que se revelou ser o seu “calcanhar de Aquiles”: os pênaltis. Ao longo da competição, os meninos perderam três penalidades máximas: Wanderley desperdiçou uma contra o Avaí, Lucas errou outra contra o Rio Branco e Ezequiel falhou na cobrança da terceira contra o América de Belo Horizonte. Todos torcíamos, portanto, para que a Ponte Preta decidisse a partida contra o Bahia no tempo normal. Não foi possível. E, como manda o regulamento, a decisão foi, mesmo, para os pênaltis. Logo na primeira cobrança da Macaca, o que aconteceu?O bom zagueiro Peterson cobrou e o goleiro baiano defendeu. Os demais cobradores não erraram, mas, para a nossa infelicidade, os garotos do Bahia tiveram 100% de aproveitamento. E a Ponte, assim, despediu-se da Copinha, por deficiência num dos mais importantes fundamentos do futebol. Paciência!

SELEÇÃO ENCARA “LOS HERMANOS”

O Campeonato Sul-Americano Sub-20, que se disputa no Paraguai, terá, hoje, aquele que é, sem favor algum, o maior clássico do futebol mundial, não importa qual seja a categoria. Claro que só poderia ser o Brasil frente aos “Los Hermanos” argentinos. No último jogo da fase classificatória, disputado na segunda-feira, os meninos brasileiros tomaram um sufoco imenso dos paraguaios. Empataram a partida somente “na bacia das almas”, aos 44 minutos do segundo tempo, com um golaço de Tchô, revelação do Atlético Mineiro. Não jogaram bem, é verdade, mas conservaram a liderança e a invencibilidade. A atual Seleção Argentina tem grande fragilidade defensiva, mas um ataque arrasador, onde o destaque é o garoto Bush, que vem fazendo gols de todas as maneiras. Já a defesa do Brasil também não é lá essas coisas. Nosso destaque está na peça ofensiva, notadamente com Leandro Lima e Alexandre Pato. Tudo leva a crer, portanto, que será um duelo interessantíssimo e para lá de emocionante. E, como sempre que enfrentamos “Los Hermanos”, seja em que esporte for, não há o mínimo favoritismo para ninguém. Tenho comigo que, quem vencer o jogo de hoje, será o campeão da competição, apesar do Paraguai estar com uma seleção de primeiríssima qualidade. Resta conferir.

RESPINGOS...

· O Palmeiras, nas mãos de Caio Junior, mostrou grande poder de reação. Começou perdendo o jogo de estréia, ontem, para o Paulista de Jundiaí. Mas teve forças e competência para virar o marcador e ganhar por 4 a 2.
· Enquanto isso, pelos lados do Parque São Jorge, prossegue a “novela” Nilmar. Leão não parece muito disposto a escalar o jogador nem no próximo jogo e nem nunca. Enfim...
· Dos quatro caçulas da Série A-1 do Campeonato Paulista, apenas o Rio Claro (próximo adversário da Ponte Preta) venceu. Olho nele!
· Apesar da derrota na estréia, para o Santos, por 2 a 1, o time do Grêmio Barueri mostrou que é muito bom. Deve disputar o título de campeão do interior.
· O São Paulo foi a Sertãozinho e ganhou do time local. Ou seja, manteve a rotina. Mas não foi fácil. Rogério Ceni, como sempre, foi o destaque e até defendeu um pênalti. Este já é quase um mito da torcida tricolor.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


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