Pedro J. Bondaczuk
O meu mais recente livro, "Por uma Nova Utopia", lançado em abril de 1997, trouxe-me alegrias inesperadas e incríveis surpresas. Ocorreu com ele o que acontece, muitas vezes, com filhos problemáticos, sobre os quais não nutrimos a mínima expectativa favorável, que passamos boa parte da vida superprotegendo e que acabam, de repente, nos surpreendendo positivamente, nos deixando com a "cara no chão".
Não que o texto seja ruim, vazio de conteúdo, ou eivado de erros de grafia ou gramática ou que tenha deficiências de estilo, ou de informação, ou ambas. Longe disso. O livro foi cuidadosamente escrito, revisado com esmero e impresso com capricho. Está, sobretudo, bonito. E denso de conteúdo. Boa capa, ilustrações das mais competentes e prefácio, nada mais, nada menos do que de Eustáquio Gomes, um dos jornalistas mais brilhantes de Campinas, onde resido.
Ocorre que, por se tratar de não-ficção, suas probabilidades de sucesso comercial eram mais restritas do que as de romances ou de contos, por exemplo. Acresça-se que sou autor nacional, contra o qual há, senão preconceito, uma inequívoca má vontade por parte de críticos e editores, que fazem a cabeça do leitor.
Ainda assim, em um período relativamente curto, numa época de profunda crise econômica no País, sem muito apoio das distribuidoras, o livro esgotou cinco edições – sendo a primeira de cinco mil exemplares e as demais de dois – em pouco tempo, o que é uma façanha em se tratando do Brasil e de um autor novo no cenário editorial brasileiro, interiorano e relativamente desconhecido. E tudo indica que as novas edições vão se esgotar em tempo ainda menor e que "Por uma Nova Utopia" virá a se transformar em um "best-seller". Que bom!
Minha satisfação não se deve, me permitam frisar, a nenhuma vaidade pessoal, mas ao fato da obra ter finalidade filantrópica. A totalidade da renda obtida com a venda do livro está sendo revertida em favor do Centro de Defesa da Vida, entidade sem fins lucrativos, que realiza um magnífico trabalho humanitário de prevenção ao suicídio. Daí ser tão grande o meu empenho em vender o máximo possível de exemplares. Não ficarei rico com isso, mas, por tabela, vou estar ajudando a salvar centenas de vidas. E isso não tem preço.
Além do desejo natural de qualquer escritor, de chegar a dezenas, senão a centenas de milhares de leitores, dos mais variados gostos e perfis culturais, há, no meu caso, esse fator prático: o de ajudar pessoas com o fruto do meu trabalho intelectual, o único patrimônio que possuo. Em última análise, e por tabela, minha ação é equivalente, guardadas as devidas proporções, à de um bombeiro ou de um salva-vidas.
Mas esse "filho" dileto, que saiu (sem retorno) das minhas entranhas a "quixotear" pelo mundo, me trouxe outros tipos de satisfação. Através dele, corro o risco, dentro de décadas (quem sabe, séculos, que me perdoem a pretensão), ou seja, muito depois da minha extinção física, de minhas idéias serem lidas, comentadas e discutidas por intelectuais do futuro, cujos pais ainda sequer nasceram. É possível que o livro se transforme em testemunha enfática de que existi, me preocupei com o próximo e tive por ofício a acidentada sina de escrever.
Críticos que sequer conheço, nem mesmo de nome, fizeram avaliações positivas sobre esse meu "filho", de quem não esperava nada. Um deles, do Rio de Janeiro, que publica coluna semanal em vinte jornais fluminenses (que prefiro não identificar), chegou a comparar o meu estilo ao de Humberto de Campos e ao de Rubem Braga. Quem me dera! Exagero, é claro! Mas que faz um bem enorme ao ego, isso faz!
O milagre da Internet fez com que o livro chegasse a lugares insuspeitados. Recebi e-mails da Noruega, do Canadá, dos Estados Unidos, da Austrália e do Japão, de brasileiros residentes ou que estudam nesses países, me informando ter adquirido "Por uma Nova Utopia" através do sistema Infoshop. Como minhas idéias e meu texto chegaram longe!
Nem em meus sonhos mais delirantes e megalomaníacos me passou pela cabeça que esse "filho" dileto, justo esse que carrega em si grande parte da minha "loucura", do meu idealismo utópico, gerado com tanta satisfação, mas com tanto trabalho, chegasse aos lugares em que já chegou. E ele continua a sua trajetória independente, podendo trazer, sabe lá Deus, quantas e quais surpresas mais. Deixou de ser meu...É de domínio público. É do mundo...assim como são os meus filhos biológicos...
O meu mais recente livro, "Por uma Nova Utopia", lançado em abril de 1997, trouxe-me alegrias inesperadas e incríveis surpresas. Ocorreu com ele o que acontece, muitas vezes, com filhos problemáticos, sobre os quais não nutrimos a mínima expectativa favorável, que passamos boa parte da vida superprotegendo e que acabam, de repente, nos surpreendendo positivamente, nos deixando com a "cara no chão".
Não que o texto seja ruim, vazio de conteúdo, ou eivado de erros de grafia ou gramática ou que tenha deficiências de estilo, ou de informação, ou ambas. Longe disso. O livro foi cuidadosamente escrito, revisado com esmero e impresso com capricho. Está, sobretudo, bonito. E denso de conteúdo. Boa capa, ilustrações das mais competentes e prefácio, nada mais, nada menos do que de Eustáquio Gomes, um dos jornalistas mais brilhantes de Campinas, onde resido.
Ocorre que, por se tratar de não-ficção, suas probabilidades de sucesso comercial eram mais restritas do que as de romances ou de contos, por exemplo. Acresça-se que sou autor nacional, contra o qual há, senão preconceito, uma inequívoca má vontade por parte de críticos e editores, que fazem a cabeça do leitor.
Ainda assim, em um período relativamente curto, numa época de profunda crise econômica no País, sem muito apoio das distribuidoras, o livro esgotou cinco edições – sendo a primeira de cinco mil exemplares e as demais de dois – em pouco tempo, o que é uma façanha em se tratando do Brasil e de um autor novo no cenário editorial brasileiro, interiorano e relativamente desconhecido. E tudo indica que as novas edições vão se esgotar em tempo ainda menor e que "Por uma Nova Utopia" virá a se transformar em um "best-seller". Que bom!
Minha satisfação não se deve, me permitam frisar, a nenhuma vaidade pessoal, mas ao fato da obra ter finalidade filantrópica. A totalidade da renda obtida com a venda do livro está sendo revertida em favor do Centro de Defesa da Vida, entidade sem fins lucrativos, que realiza um magnífico trabalho humanitário de prevenção ao suicídio. Daí ser tão grande o meu empenho em vender o máximo possível de exemplares. Não ficarei rico com isso, mas, por tabela, vou estar ajudando a salvar centenas de vidas. E isso não tem preço.
Além do desejo natural de qualquer escritor, de chegar a dezenas, senão a centenas de milhares de leitores, dos mais variados gostos e perfis culturais, há, no meu caso, esse fator prático: o de ajudar pessoas com o fruto do meu trabalho intelectual, o único patrimônio que possuo. Em última análise, e por tabela, minha ação é equivalente, guardadas as devidas proporções, à de um bombeiro ou de um salva-vidas.
Mas esse "filho" dileto, que saiu (sem retorno) das minhas entranhas a "quixotear" pelo mundo, me trouxe outros tipos de satisfação. Através dele, corro o risco, dentro de décadas (quem sabe, séculos, que me perdoem a pretensão), ou seja, muito depois da minha extinção física, de minhas idéias serem lidas, comentadas e discutidas por intelectuais do futuro, cujos pais ainda sequer nasceram. É possível que o livro se transforme em testemunha enfática de que existi, me preocupei com o próximo e tive por ofício a acidentada sina de escrever.
Críticos que sequer conheço, nem mesmo de nome, fizeram avaliações positivas sobre esse meu "filho", de quem não esperava nada. Um deles, do Rio de Janeiro, que publica coluna semanal em vinte jornais fluminenses (que prefiro não identificar), chegou a comparar o meu estilo ao de Humberto de Campos e ao de Rubem Braga. Quem me dera! Exagero, é claro! Mas que faz um bem enorme ao ego, isso faz!
O milagre da Internet fez com que o livro chegasse a lugares insuspeitados. Recebi e-mails da Noruega, do Canadá, dos Estados Unidos, da Austrália e do Japão, de brasileiros residentes ou que estudam nesses países, me informando ter adquirido "Por uma Nova Utopia" através do sistema Infoshop. Como minhas idéias e meu texto chegaram longe!
Nem em meus sonhos mais delirantes e megalomaníacos me passou pela cabeça que esse "filho" dileto, justo esse que carrega em si grande parte da minha "loucura", do meu idealismo utópico, gerado com tanta satisfação, mas com tanto trabalho, chegasse aos lugares em que já chegou. E ele continua a sua trajetória independente, podendo trazer, sabe lá Deus, quantas e quais surpresas mais. Deixou de ser meu...É de domínio público. É do mundo...assim como são os meus filhos biológicos...
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