Monday, July 17, 2006

TOQUE DE LETRA



Pedro J. Bondaczuk



MAIS UM VEXAME, POR CONTA DA DEFESA

A defesa da Ponte Preta (sempre ela!) mais uma vez foi a causa do vexame que a Macaca deu, no sábado, em Volta Redonda, quando foi goleada por 4 a 1, e de virada. Perder para o Botafogo, mesmo que por 1 a 0 ou 2 a 1, já é um péssimo negócio (toda derrota é). Mas ser goleada por esse timinho inexpressivo, que luta para sair das últimas colocações, já é demais para o coração do torcedor pontepretano (e sou um deles, claro)! O pior é que não existem alternativas no plantel. A diretoria contratou muito mal, mais uma vez, e de novo o time virou saco de pancadas dos adversários. Há já uns cinco Campeonatos Brasileiros que a Ponte Preta vem sofrendo com as deficiências do seu setor defensivo. Contratam-se meios-campistas às bateladas, um ou outro atacante, a maioria apenas para fazer número, e nada de se trazer bons zagueiros. Se é para ser goleada, que pelo menos se mude o esquema jogo e que se jogue ofensivamente, para cima dos adversários. Jogar retrancada, e ainda por cima ser goleada, é inadmissível para a Ponte Preta, se é que ela aspira, de fato, a algo mais que não seja meramente lutar para permanecer na divisão principal.

LIÇÃO DE CASA MALFEITA

O Guarani não fez, como deveria, a lição de casa. Cedeu empate, de 1 a 1, ao desfalcado Paysandu, no sábado, em pleno Brinco de Ouro, mesmo tendo domínio absoluto da partida. No futebol, porém, o que conta são os gols. E, não fosse um pênalti a favor, o Bugre estaria amargando, a esta altura, outra derrota em seus próprios domínios. Perder pontos em casa, em um campeonato de pontos corridos, em que os times são todos do mesmo nível (tanto que a distância dos primeiros para os últimos colocados na tabela é muito pequena), é dar sopa para o azar. Agora o Guarani terá que descontar essa perda fora, se possível já na sexta-feira, contra o sempre tinhoso Brasiliense, o que, convenhamos, não é tarefa das mais fáceis. Como a Ponte Preta, o Bugre mostrou, também, grande fragilidade defensiva (embora não tanta quanto a Macaca). A defesa bugrina não passa segurança alguma para a torcida. O empate com o Paysandu apenas confirmou o que escrevemos na coluna anterior. Ou seja, que a vitória contra o Gama, que gerou muita euforia em determinada parcela da imprensa, foi altamente enganadora.

O TREINADOR SABE O QUE DIZ

O técnico Marco Aurélio Moreira, embora desta vez sem citar nomes, voltou a insinuar que há jogadores no plantel da Ponte Preta fazendo corpo mole. Falou isso na entrevista de sábado à noite, no Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, após a “sapatada” que o nosso time levou diante do Botafogo, por 4 a 1. Há tempos que a torcida vem desconfiando disso, embora não possa provar. Ninguém, contudo, melhor do que o treinador para sentir quem está se empenhando, de fato, e quem está de olho apenas em possível transferência para outro clube. Há tempos que quase nenhum jogador pontepretano que deixou o Moisés Lucarelli (as exceções são o Harrison e o Kahê) faz sucesso em outro time. Vejam-se os casos, por exemplo, de Roger, de André Cunha, de Ângelo, de Rissut, de Lauro e de Everton, apenas para citar alguns. Nenhum deles emplacou fora de Campinas. Não seria melhor se permanecessem no Majestoso, ganhassem mais experiência, mostrassem o futebol que deles se esperava (pelo menos mais honesto e produtivo), para só então se transferir? Tem muito boleiro que “viaja na maionese” e acredita em tudo o que os empresários lhe dizem. Alguns, por causa disso, chegam até a encerrar a carreira prematuramente. Tomara, pois, que a Ponte identifique os que fazem de fato corpo mole e lhes dê, sem dó e nem piedade, o clássico “bilhete azul”, com a máxima urgência. Uma fruta podre pode contaminar todas as sadias!

MÁXIMA EFICIÊNCIA COM NENHUMA POSE

O torcedor, às vezes, costuma ser cabeça dura e demora muito para fazer justiça com jogadores que mostram eficiência e espírito de luta. É o que vem ocorrendo com o atacante Tuto, na Ponte Preta. Em apenas cinco jogos em que atuou como titular, o avante já fez três gols (inclusive sábado, no Rio), deu outros três feitos para companheiros fazerem e foi substituído nas duas últimas partidas, exausto de tanto correr. Trata-se, portanto, de um jogador bastante eficiente, que “vale o quanto pesa”. Ainda assim, o torcedor, certamente influenciado pela imprensa, que chegou a ridicularizar o atleta tão logo chegou ao Majestoso, ainda não lhe deu o devido valor. Não conheço Tuto pessoalmente e não tenho procuração para sair em sua defesa. Defendo-o, porém, como ferrenho torcedor da Ponte Preta que sou, pois valorizo os lutadores, os que mostram raça, garra e determinação em favor do time e repudio os pilantras, que fazem corpo mole e prejudicam o meu time. O atleta, sem fazer pose de craque, em silêncio, já mostrou, no pouco tempo que está no Moisés Lucarelli, muito mais trabalho e eficiência que tantos e tantos “medalhões”, que vieram para cá precedidos de muita badalação, mas que não justificaram a fama. Abram os olhos, companheiros! Vamos dar valor a quem de fato tem!

CLÁSSICOS HORROROSOS EM SÃO PAULO E NO RIO

Dois dos maiores clássicos do futebol brasileiro, disputados na rodada passada Brasileirão, apresentaram nível técnico baixíssimo, para desespero das respectivas torcidas. Em São Paulo, o Corinthians acumulou a sexta derrota consecutiva, ao perder para o Palmeiras, que apenas jogou um pouquinho (o mínimo, na verdade), no segundo tempo, no Morumbi, por 1 a 0. No Rio de Janeiro, o Vasco derrotou, pelo mesmo placar do clássico paulista, o sempre instável Flamengo, jogando retrancado, como qualquer timinho do interior. É verdade que no confronto carioca, os dois times jogaram praticamente com os reservas, para poupar os titulares para a decisão da Copa do Brasil, marcada para a próxima quarta-feira, envolvendo ambos. O jogão da rodada, desses de ficarem na história, ocorreu no Estádio Olímpico, em Porto Alegre, entre o Fluminense e o Grêmio. Para se ter uma idéia das emoções proporcionadas ao torcedor, basta dizer que, até os 42 minutos do segundo tempo, o resultado era de 3 a 2 para o tricolor carioca. Nos últimos minutos da partida, porém, quando muita gente já havia deixado o estádio, saíram mais três gols. Resultado: empate de 4 a 4, com direito a gol olímpico do sérvio Petkovic. Esse sim é o autêntico futebol brasileiro.

BABAQUICE DAS PREVISÕES CONTINUA

Quando afirmo que, a esta altura do Campeonato Brasileiro, apontar possíveis rebaixados ou eventuais favoritos à conquista do título é uma grande bobagem, que só serve para irritar os torcedores, muitos me torcem o nariz, achando que estou errado. Os lanternas, porém, começaram a se recuperar, como foi o caso do Santa Cruz, que aplicou uma bela goleada no Fortaleza, em plena capital cearense, por 4 a 1. À exceção do Corinthians (que não cairá nem a pau), os últimos colocados venceram na rodada e subiram na tabela. Na ponta de cima, a alternância também é muito grande. Até aqui, quem está mostrando maior regularidade, embora longe de jogar um futebol brilhante, é o São Paulo. Este, sim, pode ser considerado favorito em qualquer competição que entre, por se tratar do clube melhor administrado do País. Os demais...Hoje em dia, a maioria não passa de times de aluguel, com jogadores pertencentes a empresários, fazendo, somente, “estágio” ali, antes de serem negociados com o Exterior. Quem vai cair? Nem Mãe Diná sabe? E muito menos quem será o campeão. Ora, coleguinhas, parem com essa babaquice e deixem o campeonato rolar!

RESPINGOS...

· O meia Edmundo é, mesmo, um figuraço. No intervalo do jogo de ontem, contra o Corinthians, quando perguntado sobre a justiça do placar, que era então de 1 a 0 em favor do Palmeiras, saiu com essa: “O resultado é mentiroso! Não fizemos nada para merecer a vitória!”. Poucos jogadores (provavelmente nenhum) teriam a coragem de ser tão sinceros.
· O goleiro Marcos, um dos jogadores mais queridos do futebol brasileiro, anda com um azar de fazer medo. Mal se recuperou de uma contusão que sofreu em fevereiro, que o afastou da Copa do Mundo, em seu segundo jogo após o retorno, voltou a se machucar. E deve ficar mais um mês afastado dos gramados. Que coisa!
· O Corinthians virou um verdadeiro vespeiro, em que algum moleque tenha atirado uma pedra, irritando as vespas. Percebe-se, nitidamente, uma profunda divisão no plantel. De um lado, estão os milionários contratados da MSI e de outro os “carregadores de piano” do próprio clube. Estes últimos, porém, se recusam a jogar para os famosos. Vai daí...
· O atacante Dodô, do Botafogo, pode não ser um craque, na acepção do termo, mas tem o “cheiro de gol”. Com os dois que fez sábado, contra a Ponte Preta, assumiu a artilharia isolada do Campeonato Brasileiro. Com ele é assim: bobeou, tem que buscar a bola no fundo das redes.
· O Paraná é, mesmo, um time tinhoso. Com um plantel até modesto, faz uma campanha que muitos clubes repletos de cobras não conseguem fazer. Após golear o Flamengo, na quinta-feira, no Rio, por 4 a 1, sapecou, ontem, um 2 a 1 no rival curitibano, o Atlético Paranaense, em plena Arena da Baixada. E sem fazer qualquer alarde.

* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.


pedrojbk@hotmail.com

No comments: