Monday, July 10, 2006
TOQUE DE LETRA
Pedro J. Bondaczuk
FIM PREVISÍVEL DE UMA COPA MEDÍOCRE
Ufa, até que enfim, acabou! Chegou ao fim, e de forma melancólica, a pior das 15 Copas do Mundo que tive a oportunidade de acompanhar (as outras três que não acompanhei foram disputadas antes do meu nascimento. Mas não creio que foram tão ruins quanto esta, de 2006). A Itália, nova campeã do mundo, decepcionou-me na partida final. Encolheu-se toda diante da França, que tem até um excelente toque de bola, mas que não sabe fazer gols. Tanto que, aquele que fez, foi de pênalti e quase que a bola não entra. A equipe italiana é mais coesa, mais homogênea, tem melhor conjunto do que a francesa. Todavia, assustou-se com o adversário e optou por apenas se defender. Voltou ao seu tradicional futebol pragmático, horrível para o torcedor, mas que traz resultados. E, de fato, trouxe, posto que na disputa por pênaltis. A seleção da Itália exorcizou, dessa forma, um velho fantasma que a aterrorizava. Venceu, portanto, não digo quem foi melhor, mas o menos pior. Se o Brasil jogasse um tiquinho que fosse daquilo que sabe paparia esta Copa com um pé nas costas. Mas o “se” não ganha jogos e nem conquista títulos.
CONSTRANGIMENTO PARA OS BABÕES
A tremenda besteira feita, ontem, pelo badalado meia francês, Zinedine Zidane, que mostrou não ter sangue frio nos momentos de decisão e foi desestabilizado pelas provocações do zagueiro italiano Materazzi, em quem aplicou uma absurda cabeçada, constrangeu os puxa-sacos de plantão, que não se cansavam de cantar loas a um jogador comum, desses que temos aos milhares aqui no Brasil, alguns jogando em pequenos clubes que disputam as séries B e C do Campeonato Brasileiro. O gozado é que esses caras conseguem fazer cabeças e, de repetente, um atleta de razoável para bom, é alçado à categoria de craque (alguns vão mais longe, ainda, em seus delírios e lhe dão status de supercraque, quando não de “gênio”). Mantenho a minha opinião, achem o que acharem. O engraçado é que, mesmo depois da bobagem que fez, o tal do Zinedine Zidane recebeu, da Fifa, o título de melhor jogador da Copa. Da minha parte, considero Zé Roberto como merecedor desse destaque. Uai, por que não?!!! Em time sem estrelas, se você faz algo um pouquinho melhor ou diferente do que os demais, é fácil, facílimo de aparecer. Mas no meio de “feras”, como os dois Ronaldos, Kaká, Lúcio e Juan, mesmo que eles joguem mal, se você aparecer e se destacar, é digno de nota. Foi o que Zé Roberto fez. Zidane? Que “zi dane!!”, ora bolas!
FALTA DE PONTARIA E DE CRIATIVIDADE
Entre tantas coisas ruins que a recém-finda Copa do Mundo apresentou, em termos técnicos (no aspecto organização é indispensável ressaltar que foi a melhor organizada da história), está a baixíssima média de gols. Nesse aspecto, foi a 17ª pior de todas as já disputadas. Só em 1990 os atacantes luziram menos. E olhem que entre as 32 seleções participantes, havia várias medíocres, péssimas, potenciais candidatas a homéricas goleadas, como Trinidad e Tobago, Togo, Angola, Polônia, Ucrânia, Japão e a que foi, disparado, a maior decepção da competição, Sérvia-Montenegro. Nada disso aconteceu. Só a Argentina aproveitou a moleza sérvia e sapecou 6 a 0, com direito a olé. E o Brasil, que mesmo jogando cerca de 40% do que poderia, enfiou 4 a 1 no Japão e 3 a 0 em Gana. Aliás, o ataque brasileiro, tão criticado, teve média de 2 gols por jogo. E isso, não jogando nada! Só esse fato já atesta, por si só, a ruindade dessa Copa, que os ditos “cronistas esportivos” insistiram que foi “sensacional”. Ou esses caras querem nos fazer de bobos, ou são muito incompetentes e não entendem nadíssima de futebol.
ESTILO MARCELO LIPPI
O técnico Marcelo Lippi impôs o seu estilo, na Copa do Mundo, de um futebol marcado, brigado, de muita força física e de pouquíssima (às vezes nenhuma) técnica. Só espero que os treinadores brasileiros, que costumam copiar tudo o que vem de fora, não copiem em nossos clubes essa maneira horrorosa de jogar. Sem copiar, alguns jogos do Campeonato Brasileiro deste ano, antes da interrupção, em meados de junho, já eram autênticos “circos dos horrores”. Já imaginaram se tivermos, daqui para frente, uma enxurrada de 0 a 0 e se o 1 a 0 passar a ser considerado goleada?! A média de público nos estádios, que já é pífia, cairá ainda mais. Não temos que copiar o estilo de ninguém. Queiram ou não, o Brasil ainda detém a hegemonia do futebol mundial. É o único pentacampeão e, com um pouquinho só de organização (e de vontade, claro), conquistará, com um pé nas costas, o hexa na África do Sul, em 2010. O que os “pernas-de-pau” que se exibiram na Alemanha têm a nos ensinar, além do comprometimento com a equipe? Nada! Absolutamente nada! E estamos conversados!
CAMPEÃ EM TODOS OS CONTINENTES
A Seleção Brasileira continua sendo a única a conquistar títulos em todos os continentes em que a Copa do Mundo foi disputada. Em 1958, por exemplo, venceu na Europa. Em 1962, ganhou a taça na América do Sul (e não foi na própria casa, como ocorreu com a Argentina e com o Uruguai). Em 1970 e 1994, consagrou-se na América do Norte, ou seja, no México e nos Estados Unidos, respectivamente. E, em 2002, papou o penta na Ásia. E os demais campeões? Os quatro títulos da Itália foram conquistados no continente europeu (em 1934, em casa; em 1938, na França; em 1982, na Espanha e em 2006, na Alemanha). O mesmo aconteceu com as três conquistas alemãs (em 1954, na Suíça; em 1974, em casa e em 1990, na Itália). Os dois campeonatos conquistados pelos argentinos foram nas Américas (em 1978, em casa e em 1986, no México), o mesmo ocorrendo com os uruguaios (em 1930, em casa e em 1950, no Brasil). Inglaterra e França foram campeões uma única vez cada um e em seus domínios, em 1966 e 1998, respectivamente. Há, pois, algum motivo para que nós, brasileiros, voltemos a nutrir nosso velho e conhecido “complexo de vira-latas”?!! Ora, ora, ora, claro que não! E anotem minha previsão: a primeira Copa a ser disputada na África será nossa! E ponto final!
SÓ RAÇA NÃO BASTA, É PRECISO FUTEBOL
E, para encerrar, de vez, o assunto Copa do Mundo (prometo não escrever mais nada a respeito até o início das Eliminatórias, em 2008), não posso deixar de tecer considerações sobre a seleção de Portugal. Houve torcedor brasileiro que apostou que a equipe de Felipão chegaria às finais. Outros, mais delirantes, viajaram na maionese e chegaram a prever que seria campeã do mundo. Brincadeira tem hora! Cá pra nós, foi um selecionado apenas batalhador, mas tecnicamente ruim, muito ruim. Como não se tratava de um torneio de artes marciais...Portugal, pela equipe que tem, foi longe demais, favorecido pela tabela. Tão logo teve que enfrentar uma seleção um pouquinho melhor (mas que não era, não é e nem será tudo isso que os babacas deslumbrados da crônica esportiva brasileira pintaram), que foi a França, foi derrotada, posto que com um pênalti mandrake, que em condições normais, árbitro algum teria assinalado. E o grande destaque português não esteve em campo, mas no banco. Claro que foi Luiz Felipe Scolari, que só não levou sua seleção à terceira colocação porque esse time é muito ruim. Isso ficou claríssimo no jogo em que os portugueses perderam por 3 a 1 para os apenas esforçados alemães. E agora, chega de Copa do Mundo, que esse assunto já encheu!!!
RESPINGOS...
· Tomara que os 5 a 1, aplicados, sábado, pela Ponte Preta, sobre o Bragantino, em seu último amistoso no período de intertemporada, não sejam enganadores. A Macaca está devendo boas atuações no Campeonato Brasileiro, para tranqüilizar sua torcida (entre a qual me incluo, claro).
· O Palmeiras repatriou o bom zagueiro Dininho, que estava jogando no Japão. Quem sabe, agora, o Verdão pára de levar gol bobo, como ocorreu no início do Brasileirão.
· O Corinthians, bastante desfalcado, e na zona do rebaixamento, enfrenta, logo de cara, uma pedreira no reinício do Campeonato Brasileiro. Vai a Belo Horizonte medir forças com o atual líder, o Cruzeiro.
· Ataliba, o garoto revelado pela Ponte Preta, mas que nunca teve chances reais no Majestoso, é a grande atração do Botafogo, no reinício do Campeonato Brasileiro.
· Por falar em Ponte Preta, não entendi muito a contratação do veterano e super-rodado meia Fábio Baiano. Tomara que ele repita, na Macaca, algumas das memoráveis atuações que teve no Flamengo, no Grêmio e no Corinthians. Mas tenho lá minhas dúvidas.
* E fim de papo por hoje. Entre em contato, para críticas e sugestões.
pedrojbk@hotmail.com
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment