Saturday, July 08, 2006

De novo o desalento


Pedro J. Bondaczuk

E outra vez o frio
desalento do só...
O espectro do desamor,
o jardim crestado,
o olhar parado,
o coração cansado
e outra vez o frio
desalento do só..
.
O mundo vazio,
vela sem pavio,
perfil esguio,
vítima do fastio
e outra vez o frio
desalento do só...

Fuga da verdade,
cabeça na areia
escondendo a feia
chaga da maldade,
os braços em cruz,
parede de alvaiade,
infame avestruz,
monstrengo saudade
e outra vez o frio
desalento do só...

Passos sem rumo,
nuvens de fumo,
de novo assumo
um ego falso
e outra vez o frio
desalento do só...

É meu desvario,
meu cadafalso
neste tão desolado
monte de pó pois,
sem sentimento
só resta este frio
desalento do só...

(Poema composto em Campinas, em 20 de setembro de 1979).

No comments: