Saturday, July 29, 2006

Despedida


Pedro J. Bondaczuk

Eu sinto um quê de despedida em minha vida,
algo de caro que vai deixando o meu ser
e se perdendo além do Tempo e do espaço,
sumindo, qual fumaça, rumo ao nada.

Tudo o que fui na vida me é saudoso.
Meus risos, prantos, ódios e amores.
Tudo passou! Perdeu-se no infinito,
num remoto passado, nos confins da eternidade.

O que eu quis ser nesta vida não fui.
Nos cantos, prantos e amores me esqueci
a contemplar o navio da minha ilusão
que se perdia, sereno, no horizonte.

Jamais sofri, apesar de alquebrado,
grandes fadigas, nem prejuízos corporais.
Mas minha mente, minha alma, os meus sonhos
foram só mundos cruéis de nostalgia.

“O que serei”, me pergunto, com aflição.
Qual meu futuro? Serei vassalo ou rei?
Quem me responde a esta pergunta eloqüente?
Quem me devolve a mais cara ilusão?

Cadê o meu céu, colorido de azul?
Meu sol brilhante, tão dourado, pra onde foi?
Há treva imensa na minha vida! Horror!
Meu mar de rosas em espinhos se tornou!

Sumindo triste, qual fumaça, rumo ao nada,
e se perdendo, além do Tempo e do espaço,
algo de caro vai deixando o meu ser,
pois sinto um quê de despedida em minha vida.

(Poema composto em 2 de março de 1964 em São Caetano do Sul).

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