Saturday, July 01, 2006
Barraca do Destino
Pedro J. Bondaczuk
Comprei uma saudade
na barraca do Destino.
Saudade verde,
amarela ou azul?
Saudade sem cor.
Comprei uma saudade
numa loja de penhor.
E, por um suave sonho,
vendi o meu bem-querer.
Sorri para o anjinho
que tinha asas de flor.
E o ouro dos pirilampos,
amalgamado com a prata,
formou-me uma coroa de rosas:
rosas brancas e amarelas.
No casulo fugaz
da minha alegria
afinal renasci.
Mas na tumba cruel
da minha dor,
tornei, de novo, a morrer.
Empenhei todo o meu sonho,
deixei de ser poesia
e, na barraca do Destino,
eu comprei nova saudade.
Saudade colorida
ou incolor?
Saudade-Ilusão!
No crepúsculo alegre
do meu cantar,
afoguei-me em frias ondas,
rolei, de novo, pro mar.
E entre algas coloridas
e musgos de estranha cor,
na barraca do Destino
recordei o primeiro amor
comprando nova saudade!
(Poema composto em São Caetano do Sul, em 10 de fevereiro de 1964).
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