Saturday, February 19, 2011




Redenção



Pedro J. Bondaczuk

Mordaça! Meu povo, sua voz se cala.
Densas trevas toldam os horizontes.
Águia, ferida, para inacessíveis escarpas
voa. A força bruta suprime a liberdade.

Sangue jovem a generosa terra rega,
ao solo da pátria amada confere húmus,
de onde haverá de brotar, ao raiar do dia,
a flor sagrada dos sublimes ideais.

Paciência, meu povo, a atroz noite
já está no meio. Breve há de raiar
a luz gloriosa da razão. Há de
escapar o altissonante brado de vitória.

Heróis anônimos, hoje, são imolados
em ímpios altares pagãos da intolerância,
mas seu sangue, generoso, há de redimir
todas as (pretéritas e futuras) gerações.

(Poema composto em São Caetano do Sul, em 1º de setembro de 1964, em memória das vítimas da ditadura militar).




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